O formato de curta-metragem pode ser revelador. Escancaram-se os pontos fortes dos cineastas – mas também se encontram suas fraquezas. Porque a duração é apertada, o curta exige um tratamento econômico. Cabe a diretores, roteiristas e montadores dar conta do que quer que seja dentro de limites estreitos. 

Dirigido por Ricardo Manjaro, “Controle” começa dando pinta de que dará conta do recado. A primeira cena consegue concentrar anos de abuso físico em um único close sofrido. Percebe-se que a história de um jovem problemático teve início. Na cena seguinte, ele, o jovem, passa por uma avaliação psicológica. Parece pouco cooperativo. Logo depois, invade uma residência. 

O filme avança, então, através de blocos bem definidos, mais ou menos independentes. Entre esses blocos, as lacunas são confiadas ao espectador, que é guiado pela atmosfera opressiva da empreitada. Tudo muito bem-feito, chegando mesmo a evocar ares de thriller psicológico. 

O problema é que falta um centro a todas essas partes, uma tese unificadora, se quisermos falar em termos pseudo-metafísicos. Quando “Controle” descamba para um curso de vigia noturno, o personagem do instrutor surge, a princípio, como a típica figura de autoridade quase-fascista, com seu fetiche por disciplina e armas de fogo. Logo depois, no entanto, está alertando seus pupilos aos perigos do uso excessivo da força. A caracterização acaba parecendo ambígua – e não de um jeito produtivo ou até mesmo proposital. 

Em outras palavras: cria-se uma atmosfera de mal-estar social, mas o nó é muito frouxo e o filme não consegue amarrar muita coisa. Fica parecendo até mesmo que o curta não sabe em que direção seguir. Se soa incerto, ao menos “Controle” é uma empreitada intrigante.