Aviso de SPOILERS: Recomenda-se ler apenas após ver o episódio.

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“Foram todos enganados”, diz Galadriel no prólogo de O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001), quando ela relembra um pouco da história da Terra-média para nós, espectadores, e da forja dos anéis de poder. O aspecto mais interessante deste final de temporada da série Os Anéis de Poder, é presenciarmos essas poucas palavras dela transformadas em imagens. É um belo final de temporada, apesar de apressado em alguns momentos, e que fornece algumas respostas para os mistérios que acompanhamos por oito episódios.

O episódio começa com aquelas três figuras misteriosas encontrando o Estranho e chamando-o de Lorde Sauron. Particularmente, nunca fui fã desse mistério em torno de quem é o Sauron dentre os personagens da série, em parte porque seriados centrados em mistérios raramente conseguiram fazer as resoluções desses enigmas funcionarem; em parte porque sempre me pareceu algo criado mais pelo marketing da série do que propriamente pelo que é visto em tela.

Apesar desse momento, essa associação entre o Estranho e Sauron não me enganou. Porque, ora, depois de toda a construção da relação entre o Estranho e Nori, faz muito mais sentido ela e seus amigos aparecerem para salvá-lo. E é o que acontece, com direito a um “cajado” prontamente usado para vencer o mal, e uma proclamação do Estranho: “Eu sou bom”. De fato, é. Temos depois algumas despedidas, e depois Nori e seu companheiro – que não é o Gandalf, ainda – partem para ter mais aventuras. Por mais que as relações entre os personagens dos Pés-peludos não pareçam ser tão fortes quanto os roteiristas pensem que sejam, eles demonstram carinho por essas figuras ao mostrar momentos entre eles nas suas despedidas. E parte desse carinho se transfere para o lado de cá da tela.

MOMENTO DECISIVO

Mas é no núcleo élfico que este episódio realmente brilha. Galadriel e Halbrand chegam a Eregion, para curar o futuro rei das terras do sul. Só que Halbrand fica bom muito rápido, e sugere combinar uma liga metálica com o mithril para tornar possível usá-lo para ajudar os elfos. “Talvez fazer uma coroa”, diz Celebrimbor. Já dá para ter uma ideia de onde isso vai, certo?

Ainda assim, temos a surpresa: um momento poderoso entre Galadriel e Halbrand deixa clara toda a movimentação de tabuleiro da temporada. Tudo se destinou a este momento, tudo aconteceu entre eles para que Halbrand chegasse ali e propusesse a forja desses objetos de poder. Ao longo do episódio dá para adivinhar para onde estamos indo, mas isso não diminui a força da revelação de Sauron, em boa parte pelas belas imagens que vêm com ela, encenadas pelo diretor Wayne Che Yip e sua equipe de efeitos visuais.

Temos até rimas visuais com momentos anteriores da temporada: a viagem no meio do oceano, um encontro com o irmão de Galadriel que remete à cena inicial do primeiro episódio. É essa revelação que conduz aos belos minutos finais do episódio, sem diálogos, nos quais vemos personagens brincando com fogo: apesar das boas intenções, sabemos o quanto esse plano vai dar errado. E quando Halbrand chega à sua recém-criada Mordor, temos a pontuação final desse grande erro.

Vivemos numa época interessante na indústria do entretenimento: um momento em que um serviço de streaming gasta um dinheiro nunca antes visto numa série, capitaneada por dois roteiristas que não tem créditos importantes para chamar de seus. É algo que poderia ter dado muito errado, e pode-se até dizer que em Os Anéis de Poder essa falta de experiência pesou em alguns momentos. Isso ocorre neste último episódio: as cenas envolvendo o pessoal de Númenor parecem jogadas nele, uma preparação sem muito cuidado para o futuro.

Mas os acertos dessa temporada são maiores do que os erros, e com a história ficando mais dramática, J. D. Payne e Patrick McKaye têm tudo para fazer uma próxima temporada ainda melhor.

É isso, pessoal, chegamos ao fim da nossa cobertura semanal de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder. Espero que tenham gostado, nos vemos na próxima temporada.