Filmado em Panavision, nostálgico e exagerado, “Please Baby Please” é a fantasia com tintas (sur)realistas de uma juventude norte-americana entorpecida no pós-guerra. Dirigido por Amanda Kramer, que fez barulho no circuito indie com “Ladyworld” em 2018, uma versão feminista de “O Senhor das Moscas”, esse filme tem a indicada ao Oscar Andrea Riseborough (“To Leslie”) como destaque e estreou direto na Mubi.  

A juventude rebelde dos anos 1950 inspirou a diretora e co-roteirista, Noel David Taylor a homenagear os Greasers, tendo a Young Gents como sua gangue de transviados cheios de brilhantina no cabelo que deixam Suze (Riseborough) obcecada. “Please Baby Please” começa com o encontro dela e do marido Arthur (Harry Melling) com a gangue. Eles cometem atos de violência e ameaçam o casal. Só que o medo se transforma em excitação com os dois passando a desejar um reencontro com os outsiders. Arthur ainda percebe que talvez deseje mais Teddy (Karl Glusman) do que o perigo.  

O espírito da rebeldia ganha ares camp em “Please Baby Please”. Seja pela escolha das cores neon, em especial pelos tons de azul e rosa, Kramer evoca referencialmente o cinema de Kenneth Anger, “Pink Flamingos”, “Veludo Azul” e “Coração Selvagem”. Mas também há espaço para “Amor, Sublime Amor” e “Warriors” neste filme alegórico, meio musical e caricato sobre o casal beatnik que habitam uma fantasia com casacos de couro.   

A fantasia navega pelos desejos de ebulição de Suze – que se entende mais e mais uma espécie de tomboy – e de Arthur – que talvez seja gay ou bi. Riseborough tem presença e os figurinos, maquiagem e cabelos são bem-feitos, mas tudo parece meio que um arremedo. Um filme bem amador na sua feitura. Não underground, mas sim, universitário.   

Fazendo às vezes de comédia bizarra, oddball e de musical, “Please Baby Please” satura o público da mesma forma que suas cores são supersaturadas – mesmo comprando a ideia lisérgica, um tanto quanto conectada a ruptura com as binariedades, não decola por conta do roteiro fraco.