O curta The Long Goodbye, estrelado pelo ator Riz Ahmed e dirigido por Aneil Karia, começa como um retrato naturalista de um dia comum na casa de uma família de origem árabe na Inglaterra, e termina como um soco no estômago. No filme, somos arremessados em um daqueles dias confusos em que todos os membros de uma família estão dando nos nervos uns dos outros. Então algo estranho acontece que leva a uma conclusão poderosa e impactante.

É um filme que já constrói sua atmosfera inquietante desde o começo com a câmera na mão irrequieta acompanhando os membros da família e percorrendo o interior dos cômodos da casa. Essa intensidade só se fortalece quando Karia transforma o filme praticamente em pesadelo distópico quando o lar da família sendo invadida. Os cortes na montagem se tornam ainda mais rápidos e a cacofonia de vozes e gritos adiciona à confusão.

E então, quando o curta parece se acalmar perto do final – da maneira mais sombria possível, aliás – é quando fica clara a razão para a presença de Ahmed no filme. O ator entrega um monólogo em frente à câmera, praticamente um rap, sobre a experiência de ser imigrante e os conflitos raciais que só se exacerbaram em tempos recentes. Podia acabar sendo um momento didático e até mesmo bobo, mas com Ahmed funciona – existe algo que ele não consegue fazer?

O resultado é um golpe potente nas emoções do espectador, e um infeliz lembrete de que uma situação como essa atualmente não se encontra tão distante da realidade quanto se imagina. The Long Goodbye é tão movido por um senso de urgência que acaba flertando com a confusão, mas isso acaba funcionando a seu favor, curiosamente. Afinal, é difícil sacudi-lo da mente depois de vê-lo.

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