Atenção aos Jons Snows que não sabem de nada: este texto contém spoilers para quem ainda não assistiu ao Episódio 1!

Na temporada passada, as reviravoltas de “Game of Thrones” prometeram colocar a série na rota do encerramento, previsto para o ano que vem. Terminamos o sexto ano vendo Daenerys (Emilia Clarke) indo para Westeros com seus dragões enormes e seu Mão da Rainha, Tyrion (Peter Dinklage) numa embarcação cedida por Theon (Alfie Allen) e Yara (Gemma Whelan). O encontro com Cersei (Lena Headey) parecia questão de (pouco) tempo, já que esta assumiu o Trono de Ferro após, literalmente, explodir seus inimigos e perder seu último filho com Jaime (Nikolaj Coster-Waldau), Tommen (Dean-Charles Chapman).

O Rei do Norte e descendente dos Targaryen, Jon Snow (Kit Harington), finalizou a temporada com um problema ainda mais complicado: os White Walkers. Sansa (Sophie Turner), segura com Jon, teve o prazer de curtir a morte de Ramsay Bolton (Iwan Rheon), mas continuou com um encosto para 2017, o Mindinho (Aidan Gillen), que proveu ajuda para a Batalha dos Bastardos. Outra Stark que sentiu o gosto da vingança foi Arya (Maisie Williams), contra Walder Frey.

Com tantas pontas soltas prestes a se amarrarem, a expectativa para o primeiro episódio da sétima temporada era mais do que alta para os fãs. Esse senso de retorno é um dos temas de “Dragonstone”, com Arya fazendo sua versão do Casamento Vermelho ao envenenar os aliados de Frey. Já Cersei retorna ao trono, ainda que numa posição de maior prestígio que antes. Headey se destaca na cena em que admira o mapa dos Sete Reinos, criando camadas que permitem que vejamos a personagem como alguém cega pelo poder ou como alguém que só encontrou essa forma de lidar com todas as perdas.

Outros dois momentos inspirados em “Dragonstone” foi a jogada inteligente de direção de som na sequência que mostra a rotina de Samwell (John Bradley-West) na Cidadela. Acompanhamos quase uma melodia cômica nas batidas de vasilhames de comida e fezes que ele tem que manipular dentre as suas atividades ali. É também com Sam que levamos um susto: Jorah Mormont (Iain Glen) é um dos doentes tratados na Cidadela, e ele parece pressentir que Daenerys está chegando com tudo.

Com direção de Jeremy Podeswa, “Dragonstone” parece também girar em torno do mar: Clegane tem uma visão na qual os White Walkers atravessariam a muralha numa região próxima da água; Daenerys chega à sua terra natal Dragonstone pelo mar – justamente o lugar que Samwell identifica como fonte de reserva do Dragon Glass capaz de matar os White Walkers; e Cersei tem uma proposta de casamento de Euron Greyjoy (Johan Philip Asbæk), que lhe oferece uma armada para aumentar as chances num ataque marítimo contra Daenerys.

Nesse meio tempo, Jon Snow mostra pulso firme nas decisões sobre as famílias que lutaram pelos Bolton, gerando certo atrito com Sansa. Depois dele, apenas a pequena Lyanna Mormont (Bella Ramsey) mostra tanta assertividade para lutar contra o White Walkers! Será essa a oportunidade que o Mindinho espera para tentar ter poder de influência sobre a moça? É um subplot que parece estar sutilmente se delineando desde o final da temporada passada, e que vem enriquecendo as possibilidades para a atuação de Turner, que continua aproveitando a oportunidade de tornar Sansa muito mais que uma donzela em perigo. Ela vai da altivez à ambição e fragilidade de forma ágil nesse episódio.

Como a maioria dos episódios de abertura de “Game of Thrones”, “Dragonstone” se mostra mais morno, basicamente relembrando o ponto de onde paramos e arrumando as peças no tabuleiro dos Sete Reinos. Ainda assim, consegue ser mais que um filler, deixando a expectativa de grandes confrontos para os demais 6 episódios restantes para a sétima temporada.