Caio Pimenta traz uma lista com 10 atores brasileiros que mereciam indicações ao Oscar entre 2010 a 2022.
MARCO NANINI E PAULO JOSÉ
Lendas sempre têm prioridade aqui no canal. Logo, começo este vídeo com dois gigantes.
Para quem conhece o Marco Nanini apenas por “A Grande Família”, “Greta” serve para mudar o olhar em relação ao ator.
No longa cearense de 2019, ele interpreta um enfermeiro cuidando de uma amiga transgênero e que acaba por refugiar um criminoso, se envolvendo com ele.
Se fosse norte-americano, o saudoso Paulo José já teria uns dois Oscars e, pelo menos, oito indicações.
A última delas seria por “O Palhaço” na memorável dupla com Selton Mello.
Não é muito comum, mas, o Oscar, vez ou outra, nomeia atores pouco conhecidos por filmes pequenos e longe dos populares.
Para mim, três atores se encaixam neste perfil.
ARISTIDES DE SOUZA, YURI YAMAMOTO E RÉGIS MYRUPU
O Aristides de Souza faz um trabalho brilhante em “Arábia”.
Introspectivo e calado, o ator dá o tom de desesperança de um Brasil que suga tudo da classe operária sem dar nada em troca com uma narração estupenda.
Já o Yuri Yamamoto, em “Inferninho”, faz o público abraçar e torcer por Deusimar, uma figura ora brava e durona, mas que, no fundo, se mostra romântica e sonhadora.
A personagem, dona de um bar em Fortaleza, sintetiza aquele universo decadente e fascinante marcado por esperanças em luta contra a ganância.
Premiado no Festival de Locarno, o Regis Myrupu, assim como o Aristides, traz uma atuação comedida, mas, não menos marcante em “A Febre”.
Longe de arroubos dramáticos típicos do Oscar, o ator demonstra com o mínimo as angústias de um personagem dividido entre continuar distante de suas origens para manter o emprego na cidade grande, enquanto vê a filha prestes a ir embora.
Uma atuação delicada e preciosa.
WAGNER MOURA, RODRIGO SANTORO E VLADIMIR BRICHTA
Como bem sabemos, o Oscar adora estrelas, logo, que tal colocar três dos nossos atores mais populares nesta lista?
Wagner Moura ampliou a complexidade do Capitão Nascimento em “Tropa de Elite 2”.
Os cabelos brancos e as olheiras desenvolvidas pela maquiagem dão o tom de um personagem cansado e que nota como o crime está presente nas mais diversas instâncias de poder, inclusive na própria polícia.
Sem dúvida, o papel que deu o salto definitivo na carreira do baiano.
Já o Rodrigo Santoro está perfeito como Heleno de Freitas na cinebiografia do craque do Botafogo.
O astro encarna muito bem todo o auge até à queda de uma das figuras mais ricas do nosso futebol.
Por muito menos, vimos atores americanos saírem ganhadores do Oscar por filmes do tipo.
Na mesma linha vai o Vladimir Brichta em “Bingo – O Rei das Manhãs”.
Aqui, o ator ainda adiciona humor no louco e ótimo filme comandado pelo Daniel Rezende.
Sem dúvida, a produção também mudou o status de Brichta nos cinemas.
IRANDHIR SANTOS E PEDRO FASANARO
ALERTA SPOILER
Para completar, vamos ao Nordeste onde tivemos duas atuações que se encaixariam como uma luva em ator coadjuvante.
Primeiro tem o Irandhir Santos, impecável como o provocador Clécio em “Tatuagem”.
Para além das tão faladas cenas de sexo com o parceiro de “Pantanal”, Jesuíta Barbosa”, o ator se destaca por criar uma figura disposta a afrontar os padrões sociais de uma época mesmo com a pesada repressão política da Ditadura Militar.
A energia, o carisma e a força de Irandhir move todos o que toca, dentro e fora das telas.
Já Pedro Fasanaro é o raio de sol que tudo transforma no excelente “Deserto Particular”.
A dobradinha com o também ótimo Antonio Saboia conduz a um dos melhores romances recentes não apenas do cinema brasileiro, mas, também mundial.