Para tirar o Oscar 2020 do marasmo, uma grande surpresa: Bong Joon-Ho superou o Sam Mendes e levou o Oscar de Melhor Direção por “Parasita”. Essa conquista mantém a categoria sobre o domínio estrangeiro: nos últimos 10 anos, apenas um americano venceu, foi o Damien Chazelle, de “La La Land”. Nas outras vezes, tivemos cinco Oscars para o México, um para França, Tailândia, Reino Unido e, agora, é a vez da Coreia do Sul.
Evidente que se a gente for só pegar pela questão técnica do negócio, o Sam Mendes pela magnitude de “1917” mereceria vencer. Porém, o Bong Joon-reúne o mesmo nível de excelência aliado a um olhar interessante sobre o capitalismo e as diferenças sociais no mundo moderno.
Em “Parasita”, Bong Joon-Ho transita do humor ao drama até o suspense com uma precisão cirúrgica raras vezes vista. São tantos pequenos detalhes, códigos construídos através de uma coesão narrativa e visual impressionante e contundente. Fora a crítica social devastadora para a diferença de classes que assola o mundo cada dia mais a partir da unidade familiar, algo tão próximo a todos nós.
Apesar de estar torcendo para o Quentin Tarantino até pela trajetória fantástica dele, considero que é uma vitória tão significativa que não há como ficar triste ou considerá-la injusta. Um Oscar merecido!