Caio Pimenta apresenta as chances dos 19 candidatos à vaga do Brasil para à categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2021. 

POUCAS CHANCES 

Aparecem com poucas chances o policial “A Divisão”, do Vicente Amorim e Rodrigo Monte, a comédia adolescente “Alice Júnior”, dirigido por Gil Baroni, os dramas “Aos Olhos de Ernesto”, de Ana Luiza Azevedo, “Jovens Polacas”, de Alex Levy-Heller, “Pureza”, de Renato Barbieri e “Valentina”, de Cássio Pereira dos Santos, o suspense “M8 – Quando a Morte Socorre a Vida”, de Jeferson De, o terror “Macabro”, de Marcos Prado, o documentário “Narciso em Férias”, do Ricardo Calil e Renato Terra, e a comédia “Minha Mãe é uma Peça 3”, da Susana Garcia. 

Desta turma toda, temos ótimos filmes: os elogiados “Aos Olhos de Ernesto” e “Valentina”, por exemplo, são verdadeiros tesouros que merecem ser descobertos. Agora, eles praticamente não circularam em festivais grandes no exterior, aqueles que chamam a atenção na corrida para o Oscar e também não contam com uma grande estrutura para projetar as campanhas. Isso pode pesar na hora da escolha. 

Dos que ganharam mais projeção no exterior, apesar de ter sido selecionado para Veneza neste ano, “Narciso em Férias” não é nem o documentário mais celebrado entre os participantes, logo, não deve ter chances.  

“Alice Júnior” até teve uma boa participação em Berlim, San Sebástian, venceu quatro prêmios no Festival de Brasília e tem um nicho de fãs bem fiel.  

Porém, no meio de outros filmes mais sérios e premiados, pode ficar de fora. Por fim, “Minha Mãe é uma Peça 3” é a maior zebra desta disputa e será nenhum sofrimento ficar de fora pela grana toda que já ganhou. 

CHANCES MÉDIAS 

O documentário “Babenco”, da Bárbara Paz, e os dramas “Cidade Pássaro”, de Matias Mariani, “Sertânia”, do Geraldo Sarno, “Três Verões”, da Sandra Kogut, e “Todos os Mortos”, do Caetano Gotardo e Marco Dutra estão com chances médias. 

Apesar de nunca um documentário ter sido escolhido pelo Brasil, o filme da Bárbara Paz traz bons motivos para acreditar que pode romper esta barreira: venceu o prêmio de Melhor Documentário no Festival de Veneza 2019 e homenageia um diretor gigante do cinema nacional com passagens importantes por Hollywood. 

De todos os 19 filmes concorrentes, “Todos os Mortos” foi o que teve a maior projeção em festivais internacionais ao concorrer ao Urso de Ouro em Berlim deste ano. Porém, a recepção morna por onde passou atrapalha as pretensões do filme. Já “Três Verões” pode até ter a força da Globo Filmes por trás, mas, a carinha de ser um novo “Que Horas Ela Volta?” não ajuda muito. 

Desconhecido no Brasil, “Cidade Pássaro” teve ótima recepção na mostra Panorama em Berlim atraindo a Netflix que lançou o filme para 190 países. Pode ser a surpresa da disputa, especialmente, pensando em uma estratégia dentro de Hollywood. Por fim, não dá para descartar “Sertânia”, o mais elogiado filme brasileiro dos festivais realizados aqui no país em 2020. A nomeação poderia ainda ser uma homenagem ao genial Geraldo Sarno, o qual nunca teve essa honra antes.  

FORTES CANDIDATOS 

A Febre”, de Maya Da-Rin, “Marighella”, de Wagner Moura, e “Pacarrete”, de Allan Deberton, são fortes candidatos à vaga. 

Rodado aqui em Manaus, “A Febre” já acumulou mais de 30 prêmios em festivais ao redor do planeta, incluindo, o respeitado Festival de Locarno. Abordar a Amazônia e os povos indígenas em um momento em que o assunto está em alta pode ajudar a produção durante a campanha do Oscar. 

Já “Marighella”, além de ter estreado no Festival de Berlim com muito destaque na mídia, traz nomes conhecidos do mercado internacional como Wagner Moura e Seu Jorge, o que pode possibilitar uma boa visibilidade dentro de Hollywood ainda mais com o investimento de uma produtora pesada como a O2 Filmes.  

A questão é saber se a Academia Brasileira de Cinema vai apostar em uma obra tão polêmica e divisiva neste Brasil cada vez mais polarizado. Uma opção mais amena, entretanto, pode vir lá do Ceará. 

Pacarrete” é aquele filme capaz de agradar todos os tipos de público transitando de maneira fluída entre o drama e humor e ainda aborda a questão artística, algo sempre bem-visto na Academia.  

Apesar de ter dominado Gramado em 2019, a falta de festivais internacionais de peso no currículo pode atrapalhar as chances de “Pacarrete”. 

FAVORITO 

O favorito à vaga brasileira no Oscar 2021 é “Casa de Antiguidades”, do João Paulo Miranda Maria. 

Se não fosse a pandemia da COVID-19, “Casa de Antiguidades” seria o único filme do Brasil no Festival de Cannes deste ano. Ainda assim, a produção estrelada pelo Antônio Pitanga ganhou o selo do evento e venceu o prêmio Roger Ebert do Festival de Chicago para diretores novatos, além de ter sido exibido em Toronto e San Sebástian. Ao longo do ano, o filme sempre foi apontado por sites americanos especializados no Oscar como um candidato forte à Melhor Filme Internacional. 

Esse destaque mundo afora justo em um ano de tão poucos eventos pode ser decisivo para “Casa de Antiguidades”. Por outro lado, o caráter mais sensorial, alegórico, de poucos diálogos que o filme possui pode afastar aqueles votantes da Academia mais conservadores e levar a comissão brasileira por uma opção mais convencional. 

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