O que é ser pai? Dar um pouco de si todo o dia, dar uma brincada vez ou outra, buscar na casa da mãe a cada 15 dias? Dá tempo para aprender a ser um pai de verdade se o homem em questão estiver interessado, mas não dá pra aprender a ser mãe; somente se aprende sendo. Em uma sociedade patriarcal, a paternidade sempre é endeusada ou vista de maneira enviesada. Afinal, basta prover para ser um “bom pai”, certo? 

O bom é que “Papai é Pop”, dirigido por Cairo Ortiz e produzido por Beto Gauss, se permite errar na estruturação, mas nunca deixa de lado a vontade genuína de educar novas (e antigas) gerações de pais sobre o assunto. Nas palavras de quem empresta seu talento para viver o pai do título da obra de ficção, Lázaro Ramos: “buscamos trazer com afeto a discussão importante sobre os papéis que um pai deve desempenhar.” 

RESPONSABILIDADE DA CRIAÇÃO 

Pai de João Vicente e Maria Antônia, ele é o alter ego do catarinense Marcos Piangers em “Papai é Pop” – que ao que tudo indica deverá ter uma continuação. O autor, pai de três meninas, já lançou os best-sellers “Papai é Pop”, “Papai é Pop 2” e “O Poder do Eu Te amo,” que já venderam mais de 350 mil cópias no Brasil, em Portugal, na Espanha, na Inglaterra e nos Estados Unidos.  

Piangers, uma das vozes mais importantes sobre paternidade responsável, com mais de 800 milhões de visualizações no seu canal de YouTube acompanhou o processo de feitura do filme de perto e de quebra realizou um sonho de Lázaro, que sempre quis realizar um filme que tocasse na questão paterna. 

O escritor diz ter muita esperança de que o filme possibilite uma amplificação do debate sobre a responsabilidade da criação, uma paternidade mais atenta, afetuosa, além de outros debates que podem ser aprofundados sobre adoção, maternidade solo.   

TROPEÇOS E APRENDIZADOS DA PATERNIDADE 

“Meu pai foi um pai possível. Quando fui convidado, não conhecia o livro, mas me identifiquei com Tom na relação dele com a mãe e a lacuna que a ausência paterna deixou além do medo de repetir os mesmos erros”, contou Lázaro na coletiva do filme. Ele vive um casal interracial com Paolla Oliveira (Elisa), algo também pouco explorado no cinema nacional mesmo sendo o Brasil um país tão miscigenado. Completa o núcleo familiar a sempre ótima Elisa Lucinda como a mãe de Tom. 

Segundo o produtor Beto Gauss, a ideia foi trazer a adaptação de uma forma que desenhasse um caminho não da paternidade forçada, mas sim daquela construída de forma afetuosa após tropeços e aprendizados.  

E isso “Papai é Pop” faz com destreza ao aproveitar o talento cômico e dramático de Lázaro assim como as nuances da composição que Paolla faz de Elisa, uma mãe que cumpre jornada dupla e que, por mais que ame o companheiro, acha que já passou da hora dele crescer. O filme acompanha algumas passagens de tempo e o crescimento da filha deles, Laura, que vai em paralelo ao amadurecimento de Tom como pai. 

ESTREITANDO LAÇOS 

Para Elisa Lucinda, são muitas as camadas de abandono que crianças sofrem e ela acredita que “Papai é Pop”, além de emocionar, vai provocar algumas reflexões e mudanças. “Acredito que vários pais vão refletir e constatar depois do filme que podem estar precisando rever a paternidade”. 

Seja no Dia dos Pais ou em um outro dia, vale conferir “Papai é Pop” nas salas de cinema. Para pais e filhos conversarem, estreitarem laços e exporem sentimentos afinal, como diria o grande José Saramago: “a vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver”.