Uma campanha aberta no Catarse permite ao público ajudar a realização de “Manaus Hot City”, novo curta-metragem do diretor amazonense Rafael Ramos. A ‘vaquinha virtual’ pretende arrecadar R$ 11.752 e oferece diversas recompensas para quem apoiar o futuro filme. 

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O dinheiro será usado para custear desde ensaios, transporte e alimentação da equipe até o aluguel de equipamentos de imagem e som e o trabalho de pós-produção. 

O Cine Set apresenta abaixo cinco motivos para você investir o seu dinheiro neste importante projeto: 

Novo filme de Rafael Ramos 

Co-fundador da Artrupe Produções Artísticas, Rafael Ramos é um dos principais nomes do audiovisual amazonense nesta década 2010. Após um início realizando documentários premiados na Mostra do Filme Etnográfico, a filmografia dele em curtas-metragens de ficção começou com “A Segunda Balada”, uma história de triângulo amoroso culminando em uma tragédia. De cara, ele recebeu o prêmio de Melhor Diretor no Amazonas Film Festival 2012. 

Em seguida, veio o trabalho de ficção mais bem-acabado de Rafael na direção, o sensível “A Menina do Guarda-Chuva”. A obra protagonizada por Adanilo Reis e Jéssica Amorim mostra a história de um rapaz com dificuldades em se relacionar com as pessoas após um trauma, encontrando um novo caminho ao encontrar uma garota na loja de fotografia. A produção está disponível no canal de YouTube da Artrupe e já foi vista mais de 3,5 mil vezes. 

O terceiro curta de Rafael Ramos, o lisérgico “Aquela Estrada”, também protagonizado por Adanilo Reis. O road-movie amazônico chamou a atenção de festivais ao redor, sendo exibido em eventos importantes como Mix Brasil, o Thessaloniki LGBT Film Festival, na Grécia, o Toronto Queer Film Festival, no Canadá, 28º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, Curta Taquary, em Pernambuco e ‘Goiânia Mostras Curtas’. 

último curta de Rafael Ramos foi um retorno aos documentários com “Formas de Voltar Para Casa”. Como o próprio título propõe, a obra traz um retrato intimista sobre a infância do diretor com o resgate de vídeos familiares em paralelos com imagens dos bastidores e da peça “Casa de Inverno”. O trabalho saiu premiado como Melhor Documentário em Curta-Metragem do Festival de Cinema de Nevada, nos EUA, além de ter participado do Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro, do Wasaga Film Festival, em Ontário, no Canadá, da Mostra do Cinema Amazonense de 2016 e do New York Indie Doc Fest. 

Elenco e Equipe Técnica 

Rafael Ramos não está sozinho para fazer “Manaus Hot City”. No elenco, por exemplo, ele conta com Maria do Rio. Ela brilhou no belo docudrama “Maria”. A produção dirigida por Elen Linth é um dos filmes mais populares do cinema amazonense nos últimos anos, lotando as exibições realizadas em Manaus. 

O artista plástico Francisco Ricardo também volta a trabalhar com o cinema: ele foi o diretor de arte de “O Tempo Passa”, de Diego Bauer, produtor da série “O Boto” e, agora, está no novo projeto de Rafael Ramos. A montagem fica a cargo de Maynard Stuart Farrell, inglês radicado no Brasil e diretor do curta “Peixe, Pizza e Picaretas – Fish Head”, selecionado para a Mostra de Cinema de Tiradentes. 

Com passagens pelos jornais A Crítica e Amazonas Em Tempo, a jornalista Karine Pantoja fica a cargo da produção. Recentemente, ela realizou a websérie “Contos de Vida e Norte”.  

Recompensas 

As ‘vaquinhas virtuais’ costumam oferecem recompensas aos apoiadores do projeto. Com “Manaus Hot City”, claro, não é diferente e investir no curta pode trazer uma série de gratificações MUITO boas. 

As recompensas incluem os tradicionais agradecimentos nos créditos do filme, links do curta e do making of, cartaz em alta resolução e convite para o lançamento. Para quem está disposto a investir um pouquinho mais, o projeto de “Manaus Hot City” oferece o roteiro da obra e um workshop de direção e roteiro com Rafael Ramos. 

O valor mínimo é de R$ 20 e a recompensa máxima oferecida pelo projeto está destinada a quem investe de R$ 300 para cima. O mais legal é que o Catarse oferece a possibilidade parcelamento em até seis vezes. 

Manaus na Tela 

A regionalização do cinema brasileiro nos últimos anos permitiu conhecermos mais a realidade, sotaques e identidade de pessoas fora do eixo Rio-São Paulo. Pernambuco (“O Som ao Redor”, “Amarelo Manga”), Ceará (“Cine Holliúdy”, “Pacarrete”), Goiás (“Vermelha”), Paraná (“Ferrugem”) são exemplos disso. O Amazonas não ficou de fora com os longas dirigidos por Sérgio Andrade – “A Floresta de Jonathas”, “Antes o Tempo Não Acabava” e “A Terra Negra dos Kawa” – e uma nova geração de diretorxs. 

Manaus, muitas vezes, está no centro desta produção. A relação floresta/cidade, a vida indígena no ambiente urbano, os dramas sobre a violência até obras de terror chegaram a ser retratados nos curtas, médias e longas-metragens produzidos nestas últimas décadas.  

Neste novo projeto, Rafael Ramos deixa claro na descrição e no próprio título do projeto que a capital amazonense terá papel central na trama:  

A cidade, para além dos elementos óbvios da paisagem urbana e seus contrastes sociais, é feita, sobretudo, das interações entre as pessoas. Infelizmente, isso passa muitas vezes despercebido, ou tem a importância subestimada. Nosso filme trata da vida do jovem caboclo urbano, do manauara que trabalha, sua, vivencia, descobre, experimenta, e que é invisibilizado diante dos estereótipos surgidos do alheamento do resto do país. Ao ter o jovem nortista retratado e com voz através de um projeto como “Manaus Hot City”, contribui-se para desmontar todos esses clichês. Queremos mostrar a diversidade de pensamentos, posturas e vivências que existem além do imaginário da floresta, do indígena, do exótico e outros símbolos desgastados pelo senso comum”. 

Resistência de fato 

Apoiar o cinema brasileiro deixou de ser apenas uma questão de âmbito cultural. Com o governo de Jair Bolsonaro, ajudar artistas a conseguir realizar suas produções tornou-se uma maneira de se opor ao autoritarismo do presidente em relação ao audiovisual e à cultura de modo geral. 

Produções como “Manaus Hot City” servem para mostrar que ainda há caminhos para artistas de regiões periféricas exporem suas visões sobre o mundo e levar ao público realidades diferentes das massificadas na televisão e nos blockbusters de Hollywood.  

Não há maior resistência real do que a arte contra o autoritarismo.