Não é difícil imaginar Cate Blanchett em filmes da era de Ouro do cinema americano. Seja pela elegância ou a forma como predomina dentro de uma cena, dando uma aura de encanto em torno das personagens, a atriz poderia ser colega de Ingrid Bergman, Bette Davis, Lauren Bacall e, claro, Katherine Hepburn.

Por outro lado, é difícil imaginar Cate Blanchett fora do cinema atual com a capacidade de se transformar para cada personagem, criando figuras das mais diversas (basta lembrar que ela já viveu a Rainha Elizabeth, Bob Dylan e a elfa Galadriel). A capacidade de transitar por diversos gêneros e produções sem uma grande ligação entre si a tornam uma das melhores intérpretes da atualidade, ao lado da colega inglesa Kate Winslet no cinema americano.

Não à toa que Cate Blanchett conseguiu já no terceiro filme da carreira uma indicação ao Oscar pelo excelente desempenho em “Elizabeth”. Não à toa que gente como Woody Allen, Peter Jackson, George Clooney, Anthony Minghella, Sam Raimi, Wes Anderson, Martin Scorsese, Steven Spielberg, Todd Haynes, Alejandro González Iñarritu e David Fincher já fizeram questão de trabalhar com ela.

E nada mais justo que relembrar uma carreira tão brilhante com uma lista especial aqui no Cine Set!

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5 – Elizabeth

No Oscar do chororô brasileiro pela vitória de Gwyneth Paltrow sobre Fernanda Montenegro, Cate Blanchett era indicada pela primeira vez à premiação. Encarar, logo no início da carreira, uma personagem complexa como a rainha inglesa Elizabeth I com nuances antagônicas como a jovialidade e energia trazida pela idade contra o peso de carregar um país em um conturbado momento político, mostram a força de um tesouro a ser lapidado. Capaz de elevar a qualidade de um filme correto, Blanchett mostrava sinais de um futuro promissor ao revelar um talento a ser lapidado.

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4 – Notas Sobre um Escândalo

De todas as grandes atuações de Cate Blanchett, essa, sem dúvida, é a mais desconhecida do grande público. E que pena poucos saberem da existência de “Notas Sobre um Escândalo”! Trata-se de um jogo de interpretações entre Judi Dench e Blanchett. Aliada à uma história sufocante de uma professora sendo chantageada por uma colega de trabalho por ter um envolvimento com um estudante, o filme permite às duas atrizes explorar personagens tão dúbias em ótimas sequências de confrontos. Quem ganha é o público com um suspense muito acima da média.

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3 – Blue Jasmine

Somente uma atriz como Cate Blanchett para reviver uma personagem clássica e conseguir impor seu próprio estilo sem soar inferior ao original. Se alcançar o que Vivien Leigh fez em “Uma Rua Chamada Pecado” era quase impossível, a australiana não se intimida e constrói uma Jasmine elegante para o mundo exterior, enquanto o psicológico se deteriora pelo peso dos erros do passado. Esse contraste atinge força maior pelo roteiro escrito por Woody Allen com diálogos cínicos e cruéis, ajudando ainda mais a atriz nessa composição decadente. O segundo Oscar da carreira corou uma performance marcante.

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2 – O Aviador

Martin Scorsese fez “O Aviador” de olho no Oscar que, naquela época, ainda era um sonho não realizado. Percebe-se todo esse intuito no cuidado da direção de arte, figurino, trilha sonora, design de produção e na escolha do elenco de estrelas. Mesmo com tudo isso, o cineasta trouxe um projeto irregular com momentos de brilhantismo (a parte inicial com a vida luxuosa do magnata) e outros sonolentos (em especial, o julgamento do protagonista se arrasta). Se Leonardo DiCaprio entrega um dos melhores personagens da carreira, Cate Blanchett é um furacão como Katherine Hepburn: desde o sotaque carregado passando pela forma apressada de falar e andar, a atriz encarna com perfeição um dos maiores ícones da história do cinema. Não há como tirar o olhar dela nos breves momentos em que está em cena e deixa a sensação e vontade de querer vê-la em um filme solo tamanha a força com que surge. Primeiro Oscar da carreira de Blanchett.

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1 – Não Estou Lá

Christian Bale, Heath Ledger, Ben Whishaw e Richard Gere tentam, cada a um a sua maneira, incorporar as diversas facetas de Bob Dylan em “Não Estou Lá”. Todos conseguem fazer com êxito, mas, perto de Cate Blanchett, não passam de trabalhos esforçados. A atriz faz a mais conhecida persona do astro da música pop e utiliza a androginia do personagem para sintetizar a alma inquieta e com definições transitórias sobre quem é aquele sujeito. E no final do filme dirigido por Todd Haynes, o fato de uma mulher interpretar um homem se torna mero detalhe.

O pior 

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Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

“O Segredo de Berlim”, “Robin Hood” e “Caçadores de Obras-Primas” estariam muito confortáveis nessa posição, mas o desempenho dela nesse retorno de Indiana Jones constrange pelo desperdício de talento em uma obra tão promissora. Ao fazer uma oficial soviética, Cate Blanchett faz uma personagem caricata e com um sotaque digno de vilão de filme B na tentativa de assustar o público. O roteiro complica tudo ao não explorar bem a personagem e Steven Spielberg está mais preocupado com cenas de ação e em tentar mostrar como Harrison Ford ainda consegue aliar carisma e boa forma física. Resta ver como a atriz ficou linda com o corte chanel e só.