O cinema da Região Norte do Brasil está em alta neste primeiro semestre de 2023: depois do lançamento do acreano “Noites Alienígenas”, de Sérgio Carvalho, marcado para o dia 30 de março, o amazonense “A Terra Negra dos Kawá” chegará às telonas de todo o país no próximo dia 20 de abril. A produção é o terceiro longa do diretor local Sérgio Andrade a ser lançada nas salas de todo o país – “A Floresta de Jonathas” e “Antes o Tempo Não Acabava” foram os dois primeiros.

Gravado em 2017, “A Terra Negra dos Kawá” se passa na região rural do Amazonas, próxima a Manaus, onde os anciãos Uçana e Turyná são os principais responsáveis pelo comando das principais terras locais. Pertencentes à etnia Kawa, eles tornam-se motivo de interesse para cientistas escavadores que descobrem grandes poderes energéticos e sensoriais naquelas que são chamadas de “terras pretas”. O elenco conta com Mariana Lima, Felipe Rocha e Marat Descartes, além de atores indígenas da mesma família – o saudoso Severiano KedassareEmerlinda Yepario, e os filhos Kay Sara e Anderson Kary-Bayá  da etnia dos Tarianos.

“A gente viu muito a questão da ancestralidade e da demarcação de terras nos últimos anos tornar-se cada vez mais importante. No filme estes temas fazem um jogo interessante com o elemento terra mesmo, que acaba se tornando uma metáfora para a ancestralidade, para a questão demarcação de terra, e de como os indígenas não só são os donos da terra, como a beneficiam”, explica o diretor Sérgio Andrade. “Incrível que depois de seis anos o filme se valorizou ainda mais pela questão da terra indígena”, complementa.

As filmagens de  “A Terra Negra dos Kawa” aconteceram em locações da cidade de Manaus e nos arredores do município de Iranduba, a 39 km da capital, onde foi alugado um sítio que se tornou o “Sítio dos Kawa”. “Em Iranduba até a região do município de Manacapuru, ambos localizados na calha do Rio Solimões, encontramos extensas áreas de terra preta legítima, resquícios de povos originários ancestrais que habitavam ali”, revela Andrade.

Locações na pista do aeroporto internacional Eduardo Gomes, de Manaus, possibilitaram a inclusão de imagens de aviões abandonados, que adicionaram um componente ao clima do filme. “A ficção científica me encanta, mas, apesar de lidar com proposições científicas, a narrativa foca no conflito central: a questão da terra e da valorização sociocultural do indígena”, declara Andrade.

O longa-metragem participou do tradicional Festival de Salermo, na Itália, concorreu em nove categorias do 15º Encontro Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões. “A Terra Negra dos Kawa” estreou na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2018 e foi exibido no Olhar do Norte 2019. Ainda ganhou a categoria de Melhor Roteiro da Mostra Humanidades no Santos Film Festival 2021

com apoio de informações de assessoria