Seria a vida adulta uma coleção de catástrofes? É a pergunta que o curta de Karen Suzane e Lucas Tunes, “O Capitalismo Matou Meus Pais”, nos faz. É também o tipo de filme que só poderia ser fruto da mente de jovens adultos. 

Este filme, bem como o longa “A Vida São Dois Dias”, me fazem perguntar como eles são recebidos por aqueles já com uma certa idade – digamos, a galerinha dos 40+. Será que eles existem dentro de um circuito fechado (“A Vida São Dois Dias” certamente, embora por outros motivos)? 

Pergunto isso porque, naturalmente, só posso falar por mim – estando eu mais próximo da faixa etária da protagonista deste curta do que de meus colegas de crítica. Essa indagação não deixa de ser também, no fim das contas, uma pergunta sobre onde vou estar no futuro. Seria a vida só isso? 

Tomem Vanessa (Aguida Aguiar) como exemplo: a luz acaba enquanto toma banho. A bica estoura. Uma confusão rola com seus pais. Nessas horas, seria bom um colo. 

Então, o que temos aqui, além da tragédia adolescente de cada dia, é a constatação de que a baixa luminosidade deixa o digital muito mais interessante – e vice-versa, como também demonstrado por “Peixe Abissal”. No apartamento sem luz de Vanessa, o pixelado da imagem se comporta como milhares de moscas volantes na tela. 

Aqui, um brinde a dias melhores.