Caio Pimenta aponta quais os favoritos e o impacto da premiação do Bafta e o DGA para o Oscar 2023.

CONSOLIDAÇÃO DAS ÁREAS TÉCNICAS 

O Bafta caminha para consolidar grande parte das categorias técnicas. A maioria delas deve ter vencedores previsíveis. 

Avatar: O Caminho da Água” será o vencedor mais certo de todos em Efeitos Visuais. O James Friend deve dar uma das estatuetas de “Nada de Novo no Front” em Melhor Direção de Fotografia. O drama alemão irá vencer também Filme Internacional assim como “Pinóquio” não terá desafio algum para ficar com Animação. 

Elvis terá facilidade para conquistar Figurino, enquanto enfrentará um desafio maior em Design de Produção em um duelo com “Babilônia”. Falando do drama do Damien Chazelle, o longa chega como favorito para Trilha Sonora, mas, precisa ficar atento a “Os Banshees de Inisherin” jogando em casa. 

Das categorias técnicas, vejo um duelo mais pesado em Montagem com “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” e “Top Gun: Maverick” na briga pelo prêmio. Vejo uma ligeira vantagem para os Daniels em uma corrida realmente apertada.  

Embolado mesmo está Documentário: “Navalny” é tentador para os europeus por conta da Guerra da Ucrânia e as forças de “Tudo que Respira” e “All the Beauty and the Bloodshed”. Ainda assim, creio que os britânicos vão prestigiar o David Bowie com “Moonage Daydream” até mesmo para compensar a esnobada no Oscar. 

PROVÁVEIS VENCEDORES

Melhores Efeitos Visuais – “Avatar: O Caminho da Água”
Melhor Montagem – “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”
Melhor Trilha Sonora: “Babilônia”
Melhor Direção de Fotografia: “Nada de Novo no Front”
Melhor Design de Produção: “Elvis”
Melhor Figurino: “Elvis”
Melhor Documentário: “Moonage Daydream”
Melhor Animação: “Pinóquio”
Melhor Filme Internacional: “Nada de Novo no Front”

VIRADA EM ROTEIRO ADAPTADO 

O domingo de carnaval pode transformar a categoria de Roteiro Adaptado. No prêmio britânico, quatro dos cinco indicados possuem chances de vitória. 

 Correndo por fora, Ela Dissetenta o prêmio de consolação após ficar fora do Oscar em uma dolorida esnobada apostando na importância da história que conta. Joga contra a queda do filme ao longo da temporada. “A Baleia” também não foi tão longe como esperado, mas, está melhor posicionado pela força do Brendan Fraser, capaz de impulsionar a produção. 

O duelo maior, entretanto, deve ser entreLiving” e “Nada de Novo no Front”. O britânico possui o prestígio do vencedor do Nobel, Kazuo Ishiguro, e ser a produção da casa nunca pode dar para ignorar. Já o alemão é o mais forte na corrida, sendo o único dos nomeados em Filme e Direção. Também ser a adaptação do clássico livro do Erich Maria Remarque em um período delicado com a guerra assombrando o continente europeu. 

Para mim, “Nada de Novo no Front” será o vencedor, o que o colocaria na dianteira da corrida rumo ao Oscar. Claro que a Sarah Polley não pode ser subestimada, mas, “Entre Mulheres” realmente não empolgou na temporada. Com isso, o épico da Netflix assumiria a liderança, mas, sem esquecer de “Top Gun: Maverick”, esquecido no Bafta, mas, fortíssimo em Hollywood. 

PROVÁVEL VENCEDOR

Melhor Roteiro Adaptado – “Nada de Novo no Front”

FRASER CONSOLIDADO E BLANCHETT NA FRENTE 

Três dos prêmios de atuação caminham para resultados esperados no Bafta. 

Apesar do Colin Farrell jogar em casa e ser muito querido no Reino Unido, vejo o Brendan Fraser em um momento de franco crescimento na temporada de premiações.

Exceto pelo Globo de Ouro do Austin Butler que parece ter sido mais um ponto fora da curva por conta do histórico turbulento do astro de “A Baleia”, o ator caminha a passos largos para vencer a categoria.

A última vez que o ganhador do Bafta não coincidiu com Melhor Ator do Oscar foi o Chiwetel Ejiofor, em 2014, por “12 Anos de Escravidão”. 

Em Atriz, a Cate Blanchett deve render a única vitória de “TÁR” no evento britânico. Agora que a temporada se afunila, a australiana também ganhou força em relação à Michelle Yeoh, cada vez mais dependente da força de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, o que deve acontecer com menos intensidade no Bafta.  

A Blanchett pode chegar ao quarto prêmio no evento britânico, lembrando que dois deles culminaram em Oscar com “O Aviador” e “Blue Jasmine”.

Historicamente, exceção feita a Joanna Scalan no ano passado, uma vitória completamente fora da curva, o Oscar e o Bafta coincidem nas vitoriosas de Melhor Atriz desde 2014 com, olha só, a Cate Blanchett. 

Em Ator Coadjuvante, não há menor possibilidade de ser outro resultado diferente do que o Ke Huy Quan, mesmo com “Inisherin” bombando. 

PROVÁVEIS VENCEDORES

Melhores Ator – Brendan Fraser, por “A Baleia”
Melhor Atriz – Cate Blanchett, por “TÁR”
Melhor Ator Coadjuvante: Ke Huy Quan, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”

VITÓRIA PARA ENGANAR EM ATRIZ COADJUVANTE

Para quem é afobado e quer cravar os resultados do Oscar com qualquer prêmio divulgado, considero que Atriz Coadjuvante pode pregar uma peça em muita gente. 

 A Kerry Condon deve fazer as honras da casa e levar com “Os Banshees de Inisherin”, sendo a única do elenco a vencer o prêmio. Este fator pode ser fundamental aqui no Bafta, especialmente, levando em consideração que as exceções dos resultados das duas premiações que não convergiram em Atriz Coadjuvante foram com estrelas do país – as britânicas Kate Winslet, por “Steve Jobs”, e a Rachel Weisz em “A Favorita”. 

Claro que a Angela Bassett também pode vencer pelo status conquistado até aqui na temporada, mas, a vejo muito mais forte no SAG do que no Bafta. Uma possibilidade é a Jamie Lee Curtis por toda a longa trajetória nos cinemas, porém, me questiono se a premiação correrá o risco de dar até três categorias para “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”. Vale lembrar que ela já venceu o Bafta com “Trocando as Bolas” em 1984. 

PROVÁVEL VENCEDORA

Melhor Atriz Coadjuvante – Kerry Condon, por “Os Banshees de Inisherin”

FORÇA DE “BANSHEES”

A ideia de que o Bafta sempre dará preferência para os britânicos pode ser enganosa: que o digam “Belfast”, “Meu Pai”, “A Favorita” e “O Destino de uma Nação”. Por outro lado, “Desejo e Reparação”, “O Discurso do Rei” e “1917” servem para comprovar a tese. 

Para o prêmio deste ano, a expectativa é que os britânicos sejam até generosos em Direção, mas, Filme, tende mesmo a ficar em casa. 

Com o Martin McDonagh levando Roteiro Original, a expectativa é que a premiação consagre os Daniels em Direção. Aqui, é bom destacar que o Steven Spielberg foi esnobado. De qualquer maneira, o candidato de “Os Fabelmans” tem força suficiente em Hollywood para recuperar o terreno perdido. 

Já na categoria destinada aos longas britânicos e o prêmio máximo, “Os Banshees de Inisherin” será o grande vencedor. “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” está no páreo, enquanto “Nada de Novo no Front” e “TÁR” correm por fora e podem surpreender. 

No cômputo geral, o Bafta será bem dividido com os filmes do Martin McDonagh e Daniels com quatro vitórias cada – “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” também ganha casting – e o candidato da Netflix com três estatuetas. 

Para o Oscar 2023, “Inisherin” se fortalece, mas, o Bafta ser o primeiro grande evento pós-indicações e com SAG, DGA e PGA vindo por aí pode diluir o que acontecer no domingo de carnaval. É o preço de uma corrida que termina lá em março. 

PROVÁVEIS VENCEDORES

Melhores Direção – Daniel Kwan e Daniel Scheinert, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”
Melhor Filme – “Os Banhees de Inisherin”