Venhamos e convenhamos: o substrato do gênero comédia é entreter, refletir, divertir e também emocionar. Ao longo dos tempos, a comédia sempre foi tratada como um subgênero no cinema, ao como uma segunda classe, dispensável, etc. E de fato, para tantas comédias (ou comédias românticas) acima da média, há outros tanto de gosto duvidoso, ruins e sem quaisquer defesas. Exemplo disso é “A Bolha” (2022), apenas ruim.

E há aquelas produções, sem pretensão alguma, que sabe que é absurda e te convida a abraçá-la. Não é uma obra prima, mas também não é uma bomba. E é aí que “O Urso do Pó Branco” se encaixa.

Logo no início, o filme deixa claro que é baseado em fatos reais: o traficante Andrew Thornton soltou de um avião com mais de 40 kg de cocaína e morreu após o para quedas não abrir em 1985. Fora isso, há um aviso sobre como lidar com ursos, fonte: Wikipédia.

Ou seja, não leve o filme à sério!

ODE AOS FILMES B

A Elizabeth Banks, atriz conhecida por comédias como “Pagando Bem, Que Mal Tem?”, “O Virgem de 40 Anos” e pela franquia “Jogos Vorazes” está apostando nos últimos anos atrás das câmeras como em “A Escolha Perfeita 2 e 3” e o nada atrativo reboot de “As Panteras” (2019). Nesta sua nova empreitada é notório que ela busca contar essa história real do urso que encontra os pacotes de cocaína (que na real, morreu de overdose) e transformá-lo em uma espécie de predador das matas viciado no pó branco.

E aí meus caros, é uma ode aos filmes trash e B de terror dos anos 80, com muitas vísceras e sangue, mas sem perder o timing cômico. Por exemplo, toda a sequência que antecede o plot da ambulância até o fim da cena é absurdamente divertido.

Por mais que se tenham muitas pessoas em cena e que não haja profundidade nos personagens, senão como possíveis vítimas do urso, é divertido ver atores do nível de Margo Martindale (“Justified”, “The Americans”), Keri Russell (“The Americans”), Matthew Rhys (“The Americans”), Alden Ehrenreich (“Han Solo: Uma História Star Wars”) e Isiah Whitlock (Destacamento Blood”) se jogando na comédia escrachada, atores reconhecidos por suas cargas dramáticas. E Ray Liotta (falecido ano passado) em mais um tipo que marcou sua carreira, o do gangster, não acrescenta muita coisa.

É absorver o absurdo e se jogar na bizarrice divertida proposta. E fim.