De “Orfeu” a “Aquarius”, Caio Pimenta traz a primeira parte dos vencedores do prêmio de Melhor Filme de Ficção do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

22. ORFEU

O Cacá Diegues pode ser um gigante do nosso cinema, responsável por clássicos, saber tudo do ofício de fazer filmes, mas, infelizmente, não ter como fugir de “Orfeu” como o pior ganhador até hoje do Grande Prêmio. 

Nem mesmo a trilha de Caetano Veloso e a exaltação ao carnaval salvam esta adaptação da peça de Vinícius de Moraes. “Orfeu” nunca se encontra em uma trama que não traz o lirismo do material original, soando sempre forçado em todas as suas ações.

Por mais esforçado que seja, Toni Garrido passa longe de uma boa atuação, sendo um suplício acompanhá-lo ao longo de todo o filme. Melhor ficar mesmo com a coprodução Brasil, Itália e França, vencedora do Oscar em 1960. 

21. MARIGHELLA

A estreia de Wagner Moura na direção fez mais barulho pelos bastidores e tudo o que o cerca a figura história retratada no filme do que pelas próprias qualidades do projeto. 

A ideia de fazer da vida de Carlos Marighella um thriller político era das melhores. Unir a veia contestadora em um importante e difícil momento do Brasil, dentro e fora das telas, com uma pegada dinâmica, ágil, capaz de falar com um amplo público parecia a combinação perfeita.

Infelizmente, a direção e o roteiro exageram no maniqueísmo simplificador dos personagens principais e do universo. Salva-se apenas a excelente atuação do Seu Jorge. 

20. FAROESTE CABOCLO

A vigésima posição é da adaptação de um clássico da música brasileira. 

“Faroeste Caboclo” trouxe a história épica de João de Santo Cristo tão bem contada na composição de Renato Russo para a Legião Urbana.

Considero um bom filme que traz como maior virtude ter independência suficiente para não virar uma sucessão de cenas que remetam à música sem ter uma identidade própria. Ainda assim, passa longe de ser marcante. 

O grande problema da vitória de “Faroeste Caboclo” em 2015 foi que venceu “O Som ao Redor”, um filme maravilhoso do Kleber Mendonça Filho. Um resultado digno de “O Discurso do Rei” ganhando de “A Rede Social”. Não dá, é absurdo. 

19. EU, TU, ELES

“Eu, Tu, Eles” pode ser até mais lembrado pela bela canção “Esperando na Janela”, de Gilberto Gil, mas, é uma simpática produção dirigida pelo Andrucha Waddington.

A comédia trazia de volta Regina Casé aos cinemas após mais de uma década se dedicando à televisão.

O vitorioso, entretanto, deveria ter sido outro: “O Auto da Compadecida” até chegou a ganhar Direção, Roteiro e Ator com Matheus Nachtergaele, mas, ficou sem o prêmio máximo. 

18. O PALHAÇO

Em 2012, deu “O Palhaço”, dirigido pelo Selton Mello. 

Este era o segundo longa na direção do talentoso ator. “O Palhaço” traz como principal força a dobradinha entre Selton e Paulo José, uma dupla que poderia ter trabalhado mais e mais vezes junta.

A história do palhaço triste buscando sentido para vida enquanto está rodeado de uma trupe encantadora se não envelheceu mal também não ficou tão marcada em nossas memórias como parecia que aconteceria ao ser lançada. 

Vale destacar que “O Palhaço” venceu em 12 categorias naquele ano. Um leve exagero.

17. É PROIBIDO FUMAR

A posição 17 deste ranking vai para outro filme, no máximo, bom.  

“É Proibido Fumar” era o retorno à direção de Anna Muylaert após sete anos. Tinha o titã e ótimo ator Paulo Miklos ao lado de uma Glória Pires mais solta do que costumamos vê-la na Globo.

No fim das contas, um filme bem gostoso de assistir. 

15 e 16.“CAZUZA – O TEMPO NÃO PARA” E GONZAGA – DE PAI PARA FILHO”

Vou emendar logo duas cinebiografias vencedores do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. 

“Gonzaga – de Pai pra Filho” rendeu ao diretor Breno Silveira o que o superior “Dois Filhos de Francisco” não obteve. O padrão cinebiografia musical é seguido à risca de forma competente ainda que engessado por parecer uma série de TV encaixotada para filme.

Neste campo, “Cazuza – O Tempo Não Para” se sai melhor e ainda traz uma atuação preciosa de Daniel Oliveira. De brinde, temos um dos melhores trabalhos do diretor de fotografia Walter Carvalho. 

14. AQUARIUS

'Aquarius': equilíbrio perfeito entre simbolismos, política e memória afetiva

O próximo ganhador do GP do Cinema Brasileiro vai dividir muita gente. Tenho certeza que se esperava ele um pouco mais acima. 

Eu tô falando de “Aquarius”, premiado em 2017. Reconheço diversas qualidades no longa – a magistral atuação da Sonia Braga, a trilha sonora de Taiguara a Queen, o suspense de certas sequências.

Por outro lado, também sinto ser o filme do Kleber Mendonça Filho menos coeso de todos, forçando situações para a crítica social que deseja fazer, o que tira a força da produção em certos momentos. 

13. BINGO: O REI DAS MANHÃS

O décimo terceiro lugar fica com um filme que caiu no gosto das redes sociais alguns anos atrás. 

“Bingo: O Rei das Manhãs” é a menos convencional das cinebiografias vencedoras do prêmio.

Não é tão transgressora quanto gostaria e acaba caindo em certas convenções do gênero, mas, cresce mesmo ao trazer à tona a loucura dos bastidores da cultura pop brasileira dos anos 1980.

E ainda tem o Vladimir Brichta brilhante no melhor personagem da carreira. 

12. CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS

Marcelo Gomes, Karim Ainouz e Paulo Caldas. Três nomes fundamentais do cinema brasileiro das últimas décadas se uniram para uma produção ganhadora do GP em 2007. 

“Cinema, Aspirinas e Urubus” faz um casamento improvável de um alemão com o sertão nordestino.

Com uma grande atuação de João Miguel, a produção é daqueles tesouros subestimados que merece ser visto e revisto. 

11. BENZINHO

Para fechar a primeira parte desta lista, um show de Karine Telles. 

Benzinho” tem como um dos principais méritos enxergar uma mulher de 40, 50 poucos anos para além da figura materna acolhedora e amorosa, mas, também insegura e olhando mais para si.

Nisso, Karine brilha explorando cada detalhe do delicado e sensível roteiro feito por ela próprio ao lado do diretor e ex-marido Gustavo Pizzi.