A maior lavada da temporada de premiações se confirmou: Ke Huy Quan é o grande vencedor do Oscar 2023 de Melhor Ator Coadjuvante. Exceto pelo Bafta onde foi surpreendido pelo Barry Keoghan, de “Os Banshees de Inisherin”, o destaque de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” ganhou tudo o que podia neste ano, incluindo, o Globo de Ouro, Critics Choice, SAG, Gotham e Spirit Awards. 

De todos os prêmios que a ficção científica dos Daniels deve levar no Oscar 2023, esta é, de longe, a vitória mais justa. 

Apesar da Michelle Yeoh estar ótima como protagonista, cabe ao Ke Huy Quan ser a alma de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”. No meio da turbulenta dinâmica mãe e filha, o personagem dele luta para que tudo se ajuste e todos fiquem bem – mesmo que isso, inicialmente, venha por um caminho questionável.  

Fascina como o ator muda a chave rapidamente do sujeito medroso e inseguro do nosso plano para um às das artes marciais até chegar no romântico apaixonado pela esposa nos mais diferentes multiversos. O falatório excessivo, característico do próprio Ke Huy Quan, aqui, funciona bem, pois, ilustra a maluquice da trama. 

Não que precisasse disso, mas, os discursos ao longo de toda a temporada do ator também ajudaram a fortalecer a posição de favorito em ator coadjuvante. Sempre muito emocionado, o Ke Huy Quan realçava a própria trajetória de superação com “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” após anos esquecido e nunca esqueceu de citar companheiros de trabalho do início da carreira como Steven Spielberg e Brendan Fraser. Parece bobagem, mas, este tipo de coisa sempre cai muito bem na Academia. 

A vitória do Ke Huy Quan ainda entra no hall típico da categoria de ator coadjuvante voltada para alavancar carreiras de bons intérpretes que passaram muito tempo sumidos ou sem grandes chances. Foi assim, por exemplo, com Mark Rylance e Troy Kotsur.