De “Quero Ser Grande” a “Um Lindo Dia na Vizinhança”, Caio Pimenta analisa quais as melhores e piores indicações de Tom Hanks no Oscar.
6. O RESGATE DO SOLDADO RYAN
Para você ver o nível do Tom Hanks, a indicação vinda da atuação que considero mais fraca dentre as seis é de “O Resgate do Soldado Ryan”, em 1999.
No épico de guerra do Steven Spielberg, o astro lidera o grupo de soldados na missão de encontrar o tal soldado Ryan. Hanks personifica a honra do militar norte-americano de cumprir seu objetivo ao liderar seus comandados mesmo que não concorde com os riscos de expor todos aqueles homens.
No Oscar mais equivocado da história, o Hanks perdeu Melhor Ator para o Roberto Benigni, de “A Vida é Bela”. Se a competição fosse apenas contra o italiano, o astro deveria ter levado a terceira estatueta. Porém, tinha naquela corrida o Edward Norton, de “A Outra História Americana”, o vencedor moral.
5. QUERO SER GRANDE
A primeira indicação do Tom Hanks ao Oscar veio por um clássico da Sessão da Tarde.
Em 1989, ele foi nomeado a Melhor Ator por “Quero Ser Grande”. Neste filme delicioso da Penny Marshall, o ator brilha ao incorporar a ingenuidade da adolescência com uma energia comovente de alguém descobrindo as delícias e os problemas da vida adulta.
Em meio a tantos trabalhos dramáticos indicados anualmente, ser reconhecido por uma comédia logo no início da carreira apontava um talento brilhante surgindo em Hollywood.
A vitória naquele ano acabou sendo do Dustin Hoffman, por “Rain Man”.
4. UM LINDO DIA NA VIZINHANÇA
Participar do dia a dia da Academia e ser amado por seus pares não significa necessariamente que você sempre será nomeado para o Oscar. Que o diga o Tom Hanks: ele passou 19 anos sem ser indicado e somente voltou em 2020 por “Um Lindo Dia na Vizinhança” em Melhor Ator Coadjuvante.
Neste subestimado drama dirigido pela Marielle Heller, o Hanks encarna o lendário Fred Rogers, apresentador infantil mais conhecido da televisão dos EUA. Com uma delicadeza ímpar, o ator incorpora a leveza e cuidado do protagonista para com todos ao seu redor. É um filme e desempenho necessários para tempos tão cínicos e raivosos como os atuais.
O Tom Hanks acabou perdendo a estatueta para o Brad Pitt, de “Era uma vez em Hollywood”.
3. NÁUFRAGO
Chegamos ao pódio com a indicação dele ao Oscar 2001 de Melhor Ator.
“Náufrago” foi o mais desafiador filme da carreira do Tom Hanks, afinal, ele teria o desafio de segurar sozinho a atenção do público por mais de 2h em uma produção com orçamento de US$ 90 milhões. E o astro se saiu muito bem seja na entrega física como em nos envolver na jornada de sobrevivência do protagonista. Não é sempre que um ator consegue emocionar o público por sua relação com uma bola de vôlei.
O Tom Hanks até chegou com chances de vitória no Oscar após vencer o Globo de Ouro, porém, não conseguiu segurar o Russell Crowe, de “Gladiador”.
2. FORREST GUMP
“Forrest Gump” pode dividir muita gente, mas, não dá para negar que o Tom Hanks esteja brilhante no longa do Robert Zemeckis.
O risco de ser caricatural era enorme, mas, o ator dosa bem o humor com o drama dentro de uma linha sensível para criar uma figura fascinante. Forrest Gump se tornou um daqueles ícones imortalizados de Hollywood graças ao talento de Hanks.
Foi o segundo Oscar consecutivo do Tom Hanks em Melhor Ator, igualando o recorde do Spencer Tracy.
1. FILADÉLFIA
A primeira colocação deste ranking vem da primeira vitória do ator no Oscar.
Em “Filadélfia”, o astro não apenas traz uma atuação excelente; viver um personagem com o vírus da AIDS em uma época em que havia preconceito e desconhecimento enorme sobre o assunto é de coragem e grandeza absurdas.
O discurso de agradecimento na cerimônia do Oscar de 1994 é a cereja do bolo de um trabalho digno de aplauso de pé.
MAIOR ESNOBADA – “CAPITÃO PHILLIPS”
Ainda que seja um ator brilhante e tenha uma carreira marcada por grandes sucessos, não dá para dizer que o Tom Hanks teve tantas atuações esnobadas no Oscar.
Gosto dos trabalhos dele em “Apollo 13”, “À Espera de um Milagre”, “Estrada Para a Perdição” e “O Terminal”, mas, não consigo dizer que foram injustamente esquecidos pela Academia levando em consideração quem foram os indicados nos seus respectivos anos.
Porém, teve sim uma esnobada que foi absurda.
O Tom Hanks está excelente em “Capitão Phillips”. Novamente, ele exerce a função de liderança em uma situação tensa, porém, aqui, o temor de um desfecho trágico está estampado em cada ação e gesto dele. Toda tensão inserida pelo diretor Paul Greengrass na montagem encontra vazão na face do ator e a cena final é brilhante ao descarregar toda emoção à flor da pele.
Apesar da lista de indicados a Melhor Ator em 2014 ter sido excelente, para mim, o Christian Bale, de “Trapaça”, tinha que ter sido sacado para a entrada do Tom Hanks.