A parceria Adam Sandler/Netflix permanece intacta. Desde que o ator e comediante assinou contrato com a plataforma, a produtora Happy Madison concebeu uma considerável safra de comédias com boa audiência no streaming. “Arremessando Alto” é a aposta da vez. 

No papel de Stan, Sandler vive um veterano e olheiro do basquete em decadência. Ao descobrir uma nova promessa do esporte, o jovem espanhol Bo Cruz (Juancho Hernangómez, jogador do Utah Jazz), ele encontra uma nova chance. 

Em uma era pós-hype de “Jóias Brutas” (2020), o drama dos irmãos Safdie que colocava o ator dentro do submundo das negociações de jóias em Nova York, nunca ficou tão distante a memória sobre as comédias famosas da produtora. Ainda assim, “Arremessando Alto” consegue ser uma carta de amor para o esporte fornecida por Adam Sandler e, surpreendentemente, bem articulada.

SANDLER EM NOVO TOM

Não é exatamente a escolha por um drama esportivo – essa imensa prateleira de produções – que choca. A safra de filmes que o ator se escorou dentro da própria produtora passava longe de abordar temas que estivessem mais próximos de um drama puro. Mas, enquanto atores como Ben Affleck encontravam nesse vislumbre de si mesmos no cenário do basquete uma forma de terapia, Sandler faz por capricho.

Com Shaquille O’Neal liderando o time, a lista de jogadores da NBA que estão presentes no longa fomenta essa ideia de Entourage, lembrando o que Dwayne ”The Rock” Johnson fizera em “Ballers” ao atrair astros da NFL para a série da HBO. Em “Arremessando Alto”, as participações especiais, porém, não se diluem apenas na alegria de ver aqueles rostos conhecidos, mas, estão bem inseridas no roteiro de Will Fetters (“Lembranças”,Nasce Uma Estrela). Aliás, o grande achado do longa é conseguir se distanciar do humor pela maior parte do tempo para construir um pequeno drama.

Nisso, chama a atenção um revisionismo do próprio astro. Saem as piadas próximas da baixaria e o tom automático das velhas comédias para entrar em cena um Sandler mais contido e até sério. Desta forma, “Arremessando Alto” pode fazer parte de uma nova era dramática para a carreira de Adam Sandler, que se vê como um Rocky Balboa do basquete por mero capricho e isso não é demérito, pois funciona.

MAIS CRÍTICAS NO CINE SET: