Marrocos. Isaam e o pai Hassan trafegam pelo mundo dos pequenos criminosos de Casablanca. Pinta um serviço: sequestrar um sujeito envolvido na morte do cão de briga de Dib, gângster local. Coisa simples, pura rotina.

Ou era o que eles pensavam, porque tudo vai de mal a pior depois que a vítima morre acidentalmente durante o sequestro. Tem início uma noite infernal, tornada ainda mais angustiante pela fotografia digital que este “Cães de Caça” emprega.

Filmado em baixa luminosidade – e sem emprego da típica iluminação de cinema –, o granulado da imagem compõe o breu que afoga nossos dois criminosos desafortunados.

Ajuda também que o diretor Kamal Lazraq mantenha a câmera vertiginosamente próxima de seus atores, acompanhando cada uma de suas decisões equivocadas. É essa vertigem digital que dá o tom de uma noite em que os djins parecem caminhar à solta pelo Marrocos.

E, no entanto, “Cães de Caça” nunca parece chegar ao patamar frenético que parece almejar. Não que nossos desastrados heróis não encontrem complicações cabeludas em seu caminho. Mas é que algumas dessas situações, que oferecem solo fértil para todo tipo de set piece eficaz de suspense, resultam subaproveitadas. O momento da blitz policial é um exemplo.

Moral da história: a vida de crime é ainda mais pesada sob o jugo de Alá.