Depois de um piloto sem muitos riscos, o segundo episódio de “The Last of Us”, intitulado “Infected”, dá um salto considerável ao conciliar informações necessárias sobre aquele universo e desenvolver os protagonistas. Tudo isso trazendo paralelos com o nosso mundo graças aos traumas da pandemia da Covid-19 e sequências de ação de tirar o fôlego. 

PARALELOS COM A COVID 

Como primeira grande produção feita durante a pandemia a abordar um mundo apocalíptico, “The Last of Us” utiliza este trauma recente para criar uma atmosfera terrivelmente próxima ao que vivemos em tempos recentes. Igual acontecera no domingo passado quando um cientista fala claramente sobre o risco para a humanidade de uma infecção através de um fungo, neste capítulo, a ciência volta ao foco com o início do surto na Indonésia, em 2003.  

A dimensão da tragédia a vir por diante está nos olhos e no tremor das mãos da infectologista vivida de forma curta, mas, brilhante por Christine Hakim. Inevitável recordar de profissionais que lutaram de todas as formas para alertar e salvar a humanidade da Covid-19 mesmo sabendo da previsão do cenário sombrio. 

SEQUÊNCIA ARRASADORA 

Nos dias atuais, “Infected” acompanha a jornada de Joel (Pedro Pascal) e Tess (Anna Torv) para levar Ellie (Bella Ramsey) rumo a um grupo de cientistas na esperança de encontrar a cura para a doença. Durante esta trajetória, “The Last of Us” apresenta de forma calma pequenas peças do quebra-cabeça que levaram ao apocalipse como as cidades bombardeadas para conter a propagação do surto e a conexão entre os infectados na angustiante cena da unha.  

O panorama fica completo com os arranha-céus destroçados (CGI exagerado, diga-se) e o mato tomando os prédios em um cenário, ao mesmo tempo, bonito e desolador. No meio disso, segue sendo bonito acompanhar as descobertas de Ellie sobre um mundo que não conheceu e também em relação àquilo que deixou de aprender.   

O ponto alto do episódio, sem dúvida, fica na sequência arrasadora do museu capaz de tirar o fôlego do público desde o início. O diretor Neil Druckmann (co-presidente da Naughty Dog) joga a expertise dos games para o live-action ao trabalhar o suspense em todos os detalhes. Do som assustador emitido pelos zumbis até a maquiagem deles, acompanhamos um momento que remete a um jogo de esconde-esconde semelhante ao feito por Steven Spielberg em “Jurassic Park” na cena da cozinha.  

O desfecho trágico encerra “Infected” deixando a sensação de que “The Last of Us” encontra um bem-vindo caminho próprio definitivo. A tendência é crescer cada vez mais.