Caio Pimenta faz previsões para indicados ao Oscar 2023 nas categorias técnicas, documentários, musicais, atuações femininas e Melhor Filme.
CATEGORIAS TÉCNICAS E MUSICAIS
Melhor Trilha Sonora
Com Grandes Chances: “Wakanda Forever”, “Nada de Novo no Front”
Azarões: “A Mulher Rei”, “Avatar: O Caminho da Água”
A categoria de Melhor Trilha Sonora traz candidatos bem consolidados durante toda a temporada.
O Justin Hurwitz chega credenciado pelo Globo de Ouro por “Babilônia”. Vale lembrar que ele já venceu a categoria por “La La Land”.
O mestre John Williams, claro, não vai perder o Oscar e será nomeado por “Os Fabelmans”. Caso ganhe a sexta estatueta, ele se torna o vencedor mais velho da história, superando o James Ivory.
Alexandre Desplat também deve estar na lista por “Pinóquio” ao lado do Carter Burwell, de “Os Banshees de Inisherin”, e Hildur Guðnadóttir, por “Entre Mulheres”.
“Wakanda Forever” e “Nada de Novo no Front” podem surpreender, tirando a vaga de “Entre Mulheres”, por exemplo. Já “A Mulher Rei” e “Avatar” são azarões.
Melhor Canção Original
- RRR com “Naatu Naatu”
- Wakanda Forever com “Lift Me Up”
- Pinóquio com “Ciao Papa”
- Top Gun: Maverick com “Hold My Hand”
- Tell It Like a Woman com “Applause”
Em Canção Original, “RRR” chega com amplo favoritismo para vencer com “Naatu Naatu”. A campanha para esta conquista foi perfeita, incluindo, uma sessão arrebatadora nos EUA com o público dançando dentro do cinema quando a música toca no filme.
Claro que a Academia não vai deixar de fora Lady Gaga, por “Top Gun: Maverick”, e a Rihanna, de “Wakanda Forever”. Audiência acima de tudo. “Ciao Papa”, de “Pinóquio”, também será nomeada. E o Oscar não é Oscar sem Diane Warren: ela será nomeada por “Tell It Like a Woman”.
Por “Um Lugar Longe Daqui”, a Taylor Swift está esperando algum dos cinco bobear para beliscar a vaga. A Rita Wilson com a canção de “O Pior Vizinho do Mundo” pode ser a surpresa. Vejo o LCD Soundsystem com “Ruído Branco” e o David Byrne em “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” como azarões.
Vamos para as duas categorias técnicas mais importantes entre todas.
Melhor Direção de Fotografia
- “Top Gun: Maverick”
- “Os Fabelmans”
- “Nada de Novo no Front”
- “Bardo”
- “Império da Luz”
Com Grandes Chances: “Avatar: O Caminho da Água”, “Batman”, “Babilônia”, “TÁR”
Azarões: “Elvis”, “Os Banshees de Inisherin”
Ganhador do Oscar por “As Aventuras de Pi”, o Claudio Miranda será nomeado por “Top Gun: Maverick”. Ele já venceu o Critics Choice na temporada.
Por “Os Fabelmans”, o Janusz Kaminski novamente estará no Oscar. Também acredito na indicação do James Friend pelo trabalho em “Nada de Novo no Front”.
Completam a lista duas produções presentes no evento do sindicato: “Bardo” com o Darius Khondji e “Império da Luz” do genial Roger Deakins.
Greig Fraser, de “Batman”, é outro nome indicado no ASC e acredito que seja o sexto nome. “Avatar: O Caminho da Água”, “Babilônia” e “TÁR” também estão com grandes chances de aparecer. Por fim, vejo “Elvis” e “Os Banshees de Inisherin” como azarões.
Melhor Montagem
- Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
- Top Gun: Maverick
- Elvis
- Os Fabelmans
- Avatar: O Caminho da Água
Com Grandes Chances: “Babilônia”, “TÁR”
Azarões:“Os Banshees de Inisherin”, “RRR”
Melhor Montagem manterá a tradição de priorizar os mais fortes da temporada e candidatos ao Oscar de Melhor Filme.
INTERNACIONAIS A ANIMAÇÃO
Melhor Animação
- Pinóquio
- Red
- Marcel the Shell With the Shoes On
- Gato de Botas 2
- Wendell and Wild
Com Grandes Chances: “O Dragão do Meu Pai”, “Inu-Oh”
Azarão:“Apollo 10 ½“
A categoria de Melhor Animação é, sem dúvida, uma das mais previsíveis deste Oscar. Todo mundo sabe quem será o ganhador e há poucas possibilidades de surpresas entre os indicados.
“Pinóquio” abriu vantagem desde as primeiras impressões divulgadas na imprensa norte-americana. Guillermo Del Toro deve dar a primeira estatueta da categoria para a Netflix sem maiores dificuldades. “Red será o representante da Pixar/Disney em uma péssima temporada para os estúdios mais vencedores do prêmio.
Os simpáticos “Marcel the Shell With the Shoes On” e “Gato de Botas 2” também estão garantidos. Aposto em “Wendell and Wild”, do Henry Sellick, para fechar a lista.
“O Dragão do Meu Pai”, da Netflix, e o japonês “Inu-Oh”, estão de olho nesta última vaga. “Apollo 10 ½”, do Richard Linklater, seria um azarão para lá de bem-vindo.
Melhor Documentário
- All the Beauty and the Bloodshed
- All That Breathes
- Vulcões
- O Território
- Navalny
Com Grandes Chances: “Moonage Daydream”, “Descendant”, “BadAxe”
Entre os documentários, acredito que o Brasil será lembrado.
Apesar da queda na bolsa de apostas recente, “O Território” deve emplacar entre os finalistas. Ter a Amazônia como tema, alvo sempre de muito interesse mundial, e os perigos do que representou e ainda representa Jair Bolsonaro, podem alavancar a produção da National Geographic.
“Navalny”, da HBO, é outro que corre risco, mas, acho que chega no Oscar. O documentário esteve em todos os prêmios até aqui da temporada, incluindo, PGA, IDA e Critics Choice. Falar sobre a perseguição feita por Vladimir Putin aos opositores também é um assunto tentador para a Academia.
Já “Vulcões”, disponível no Disney+, “All That Breathes”, e “All the Beauty and the Bloodshed”, ganhador do Leão de Ouro em Veneza, estão, até segunda ordem, garantidos no Oscar.
“Moonage Daydream”, “Descendant” e “Bad Axe” são outras possibilidades.
Melhor Filme Internacional
- Nada de Novo no Front (Alemanha)
- Decisão de Partir (Coreia do Sul)
- EO (Polônia)
- Argentina, 1985 (Argentina)
- Bardo (México)
Com Grandes Chances: “Close”
Azarões: “The Quiet Girl”, “Saint Omer”
Por fim, vamos a Melhor Filme Internacional. Pode ser torcida, mas, eu acho que há boas chances da América Latina estar representada em dose dupla.
“Argentina, 1985” ganhou impulso ao receber o Globo de Ouro da categoria. O prestígio do cinema dos hermanos aliado à força do tema, uma condução precisa do Santiago Mitre e ao prestígio do Ricardo Darín serão suficientes para o longa chegar ao Oscar.
Mesmo com uma temporada decepcionante, “Bardo” ainda carrega a força do Alejandro González Iñarritu, dono de dois Oscars de Melhor Direção, e a campanha milionária da Netflix. Corre risco de ficar fora, mas, acho que fica com a quinta vaga.
“Nada de Novo no Front” ficar de fora aqui seria um contrassenso caso apareça nas categorias previstas até agora. Chega com status de favorito. Com a força da Coreia do Sul, “Decisão de Partir” será indicado, mas, sem deixar a sensação de que poderia avançar mais seja em Roteiro Original, Direção com o Park Chan-Wook e Melhor Filme.
Por fim, aposto em “EO”, da Polônia. O país vive a melhor fase no Oscar desde o fim dos anos 1970 e viu a produção que traz um burro como protagonista ganhar bastante força na reta final da temporada.
Claro que o belga “Close” também tem grandes chances de aparecer no lugar de “Bardo” e, talvez, “Argentina, 1985”. Correm por fora o irlandês “The Quiet Girl” e o francês “Saint Omer”.
ATUAÇÕES FEMININAS
Melhor Atriz Coadjuvante
- Angela Bassett, por “Wakanda Forever”
- Jamie Lee Curtis, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”
- Kerry Condon, por “Os Banshees de Inisherin”
- Michelle Williams, por “Os Fabelmans”
- Hong Chu, por “A Baleia”
Com Grandes Chances: Stephanie Hsu, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, Jessie Buckley, por “Entre Mulheres”
Azarães: Janelle Monáe, por “Glass Onion”, Carey Mulligan, por “Ela Disse”
Hora de colocar fogo no parquinho e essas são as minhas previsões para Melhor Atriz Coadjuvante.
O trio mais que consolidado Angela Bassett, por “Wakanda Forever”, Jamie Lee Curtis, de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” e Kerry Condon, de “Os Banshees de Inisherin”, certamente estarão na lista. A quarta vaga deve ficar com a Hong Chau, de “A Baleia”: considero que o crescimento do filme na reta final graças à visibilidade trazida pelo Brendan Fraser impulsione as chances dela.
A última vaga deve ficar com a Michelle Williams, de “Os Fabelmans”.
Sim, esta mudança pode acontecer. A Academia permite que um ator ou atriz receba votos para a categoria que for, independente do que o estúdio tenha orientado. Casos do tipo já aconteceram outras vezes como a Keisha Castle-Hughes, de “Encantadora de Baleias”, Kate Winslet, por “O Leitor”, e Lakeith Stanfield, por “Judas e o Messias Negro”.
A esnobada à Michelle Williams no SAG pode ter ligado o alerta de muita gente em relação à situação dela em Melhor Atriz. Afinal, é uma categoria muito pesada, cheia de concorrentes fortes para todos os lados e ela pode acabar dançando por não ter o protagonismo direto no filme como ocorre com as demais.
A força dela em “Os Fabelmans”, um dos filmes da temporada, porém, me parece incontestável demais para a Academia abandoná-la no meio do caminho. Logo, acredito sim na possibilidade de uma mudança feita pelos próprios membros da entidade de última hora para salvá-la.
Agora, se não vier a acontecer, prevejo uma nomeação dupla na categoria para “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” com a entrada da Stephanie Hsu. Correm por fora a Jessie Buckley, por “Entre Mulheres”, Janelle Monáe, por “Glass Onion” e Carey Mulligan, de “Ela Disse”.
Melhor Atriz
- Cate Blanchett, por “TÁR”
- Michelle Yeoh, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”
- Viola Davis, por “A Mulher Rei”
- Ana de Armas, por “Blonde”
- Danielle Deadwyler, por “Till”
Com Grandes Chances: Margot Robbie, por “Babilônia”, Michelle Williams, por “Os Fabelmans”
Azarã: Andrea Riseborough, por “To Leslie”
Melhor Atriz traz como nomes certos apenas Michelle Yeoh e Cate Blanchett. A Danielle Deadwyler alternou uma temporada de conquistas como a vitória no Gotham, indicação ao SAG e Critics, mas, também esnobadas como o Spirit e o Globo de Ouro. Ainda assim, acredito na presença dela entre as finalistas.
A Viola Davis conta com a força de ser a maior atriz negra do cinema americano em um raro filme de ação protagonizado por mulheres pretas. Também vejo indicada. Já a Ana de Armas completa o time tanto pela campanha muito bem orquestrada da Netflix crescendo na reta final como pelo perfil de personagem que já rendeu nomeações recentes a Nicole Kidman, Andra Day e Renée Zellwegger.
A Margot Robbie, por “Babilônia”, corre por fora dependendo muito da força do filme de chegar longe no Oscar. A Michelle Williams, claro, pode estar aqui, tomando o lugar da Deadwyler ou da Ana de Armas. Precisamos ver como a Academia irá entender a situação dela. Por fim, temos a Andrea Riseborough que arrancou de última hora por “To Leslie”. Seria uma zebra histórica e pode virar moda para as próximas edições.
FILME E DIREÇÃO
Melhor Direção
- Steven Spielberg, por “Os Fabelmans”
- Daniel Kwan e Daniel Scheinert, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”
- Martin McDonagh, por “Os Banshees de Inisherin”
- Todd Field, por “TÁR”
- Edward Berger, por “Nada de Novo no Front”
Com Grandes Chances: James Cameron, por “Avatar: O Caminho da Água”, Joseph Kosinski, por “Top Gun: Maverick”, Baz Luhrmann, por “Elvis”
Azarã: Charlotte Wells, por “Aftersun“
Em Melhor Direção, só uma vaga está disponível.
Isso porque dificilmente Steven Spielberg, por “Os Fabelmans”, Daniel Kwan e Daniel Scheinert, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, Martin McDonagh, por “Os Banshees de Inisherin”, e o Todd Field, por “TÁR”, ficaram de fora.
Minha aposta para a última vaga é o Edward Berger, por “Nada de Novo no Front”. Além de ser o candidato internacional da turma, o alemão conta com o histórico dos últimos filmes de guerra abraçados pela Academia terem os diretores nomeados. Aconteceu com o Mel Gibson, Christopher Nolan e Sam Mendes. Todo o desafio e precisão técnica para executar um filme do gênero é sempre tentadora para o Oscar.
Claro que o James Cameron e o Joseph Kosinski não podem ser esquecidos, afinal, estamos na temporada dos blockbusters e ambos levaram milhões para as salas mundo afora. Mesmo com o estilo divisivo, o Baz Luhrmann comanda a cinebiografia do ano e pode sim surpreender.
Por fim, tem a Charlotte Wells, principal nome feminino após Sarah Polley e “Entre Mulheres” perderem força. O problema é saber se ela terá forças para se sobressair em meio a nomes tão pesados. Considero ela uma zebra possível.
Melhor Filme
- Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
- Os Fabelmans
- TÁR
- Os Banshees de Inisherin
- Top Gun: Maverick
- Avatar: O Caminho da Água
- Elvis
- A Baleia
- Nada de Novo no Front
- Babilônia
Pode surpreender: “Entre Mulheres”, “A Mulher-Rei”
Azarões: “Glass Onion”, “Wakanda Forever”
E finalmente, Melhor Filme.
Sete candidatos estão garantidos: “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, “Os Fabelmans”, “TÁR”, “Os Banshees de Inisherin”, “Elvis”, “Avatar: O Caminho da Água” e “Top Gun: Maverick”. Também vejo “Nada de Novo no Front” muito próximo de consolidar a vaga.
“A Baleia” e “Babilônia” devem fechar a lista ainda que corram risco. A presença no PGA mostra como “A Baleia” é um candidato em ascensão e o discurso do Brendan Fraser no Critics Choice ajuda ainda mais para a visibilidade do drama do Darren Aronofsky.
Já o épico do Damien Chazelle sofreu com as críticas nada positivas e a duração de três horas afastando muita gente. Ainda assim, é Hollywood exaltando a si mesma com preciosismo técnico absurdo e astros do primeiro time do cinema americano. Difícil a Academia não ser fisgada.
O drama da Sarah Polley passou longe de corresponder a expectativa, enfraquecendo a cada semana. Nem mesmo a temática, a força do elenco de peso e o fato de poder ser o único longa dirigido por uma mulher na lista serão suficientes para emplacar. “Wakanda Forever” também traz a nomeação ao PGA como ativo, além da força da Angela Bassett em atriz coadjuvante para impulsionar. Porém, irá a Academia prestigiar três continuações em Melhor Filme? Difícil.
Fator semelhante pode atrapalhar “Glass Onion”, cada vez mais correndo por fora. Pode ter uma chance, porém, se a Netflix não emplacar “Nada de Novo no Front” na categoria. Por fim, tem “A Mulher Rei”: há o prestígio da Viola Davis de um lado, mas, a concorrência direta com “Wakanda” do outro. Chega como azarão.