Este é o verão da janela quadrada – depois da estreia de “A Baleia”, surge este “Valentes”, com uma proporção de tela de 1,33. Afetação artística ou escolha efetiva? Antes que você fique encucado com isso, o filme consegue te envolver na dinâmica familiar que apresenta. 

Darious é filho de Malcolm e Monique, família negra de classe média. A casa no bosque que eles mantêm é confortável e Darious estuda em um colégio interno, com direito a uniforme, gravata e tudo o mais. 

Mas dinheiro não dá em árvore, e o filho se tornou mal-acostumado de tanto andar com os amigos ricos: ele ressente o pai por se recusar a comprar uma bicicleta nova, quando a bicicleta antiga ainda serve perfeitamente. 

O fato de Darious estar naquela fase da “aborrecência” em que você ressente seus pais por tudo também não ajuda. Para complicar ainda mais, o menino acaba conhecendo um grandalhão misterioso, Porter, que mora em um barco e o ensina sobre defesa pessoal. Acontece que Porter é o verdadeiro pai do garoto. 

Magnetismo

Do primeiro momento em que entra no frame, Trevante Rhodes, famoso por “Moonlight”, é absolutamente magnético como Porter, com sua fisicalidade assustadora e seu jeito bonachão. Um antigo valentão perdido na vida, ele está determinado a provar que mudou sua forma de ser. Logo fica claro, no entanto, que Porter está longe de estar pronto para ser pai. 

Mas a essa altura, Darious já caiu no feitiço do pai biológico. Com um andamento cuidadoso, temos tempo o suficiente para testemunhar essa atração sendo construída em “Valentes”. O problema (não do filme, mas nosso) é que, na era do multitasking, um filme como esse já sai em desvantagem. 

É uma pena porque, claramente, “Valentes” foi feito com bastante carinho: cada quadro é cuidadosamente composto, as cores saltam aos olhos, tudo parece muito bem pensado. Um longa como esse merecia uma distribuição igualmente cuidadosa, em vez de ser despejado despretensiosamente no streaming.