Filmes com Natalie Portman, Julianne Moore, Juliette Binoche, Jude Law, Sean Penn e Alicia Vikander são destaques no novo vídeo do Cine Set sobre os candidatos à Palma de Ouro do Festival de Cannes 2023.

A QUIMERA

O Brasil estará representado na Palma de Ouro: a primeira é Carol Duarte, atriz conhecida por “A Vida Invisível”. Ela integra o elenco de “A Quimera”, drama dirigido pela Alice Rorhwacher, de filmes como “Feliz como Lázaro” e do recém-indicado ao Oscar “Le Pupille”. 

Na história ambientada na zona rural da Toscana nos anos 1980, acompanhamos um inglês integrante de uma gangue especializada na venda ilícita de artefatos históricos. Além da Carol, o elenco conta com a Isabella Rossellini e o Josh O’Connor. 

Demonstrando confiança no sucesso do filme, a Neon já adquiriu “A Quimera”. A Alice Rorhwacher é velha conhecida de Cannes: a primeira vez que participou foi com “Corpo Celeste” em 2011 e ela venceu o Prêmio do Júri com “As Maravilhas” três anos depois. 

FIREBRAND

O segundo brasileiro na briga pela Palma de Ouro é o Karim Ainouz: o diretor de sucessos como “Praia do Futuro” lança “Firebrand”, o primeiro longa dele falado em inglês.

O drama histórico resgata a trajetória de Catherine Parr, a sexta e última esposa do rei Henrique VIII. A produção mostra a luta dela pela causa protestante entrando em confronto com a Igreja Católica e o casamento turbulento com um homem cruel a partir de um terror psicológico. 

O elenco de “Firebrand” traz dois atores para lá de prestigiados: a Alicia Vikander e o Jude Law. O filme, aliás, tem distribuição no Brasil pela Paris Filmes. 

Em Cannes, o Karim Ainouz chegou pela primeira vez na corrida pela Palma de Ouro. Todo mundo lembra que ele venceu a Mostra Um Certo Olhar com o excelente “A Vida Invisível” e ainda lançou “Madame Satã” e “O Abismo Prateado”.  

Vamos torcer! Quem sabe o Karim não leva, pelo menos, o prêmio de Melhor Direção? 

La passion de Dodin Bouffant

Com “La passion de Dodin Bouffant”, o vietnamita Anh Hung Tran também concorre pela primeira vez à Palma de Ouro. E ele estava afastado de Cannes há 23 anos, onde, diga-se, ele havia vencido a Câmera de Ouro com “O Cheiro do Papaia Verde” em 1993. 

Neste novo filme, ele traz a história real da parceria de 20 anos de uma conceituada cozinheira e o seu ajudante. O romance dos dois dá origem a pratos deliciosos que impressionam até mesmo importantes chefs da época. Porém, ela reluta em assumi-lo para todos. O rapaz, então, decide cozinhar para ela e tentar mudar o panorama do relacionamento. 

A Juliette Binoche e o Benoît Magimel são os protagonistas de um filme que chega como azarão pelo prêmio. 

The Old Oak

Será que veremos história acontecer em Cannes? 

O Ken Loach concorreu 14 vezes à Palma de Ouro, levou prêmio da crítica e menção honrosa e, como se não bastasse, venceu duas vezes o cobiçado troféu com “Ventos da Liberdade” e “Eu, Daniel Blake”. Caso consiga a terceira conquista, o britânico se torna o maior ganhador de todos os tempos. 

 “The Old Oak” é o novo longa dele e se passa no nordeste da Inglaterra, onde as pessoas estão deixando o local porque as minas estão fechadas. Com as casas baratas, a região se torna ideal para os refugiados sírios, gerando tensões com quem fica. 

Cinema político tradicional do Ken Loach que sempre comove o Festival de Cannes.

RAPITO

Agora, vamos falar de outro gigante do cinema europeu, porém, sem a mesma sorte do britânico. 

É o caso do italiano Marco Bellocchio: já teve oito filmes na disputa pela Palma de Ouro, mas, nunca venceu; no máximo, conquistou uma menção honrosa em 2002 com “A Hora da Religião”. O Festival de Cannes ficou com dó do bichinho e concedeu a ele uma Palma de Ouro honorária há dois anos. 

O italiano tentará novamente com “Rapito”: baseado em um caso real, a história acompanha uma família judia tentando recuperar a guarda de menino roubado pela Igreja Católica a mando do papa em 1858.

Potencial de polêmica grande, mas, conseguirá conquistar o júri comandado pelo Ruben Östlund? A conferir. 

PERFECT DAYS

Já que estamos falando de gigantes, hora do principal deles: Wim Wenders retorna com “Perfect Days”. Desta vez, o cineasta alemão vai ao Japão contar a história de um sujeito plenamente satisfeito com a vida de limpador de banheiros. Fora do trabalho, ama música, livros e tirar fotos de árvores. Encontros inesperados, porém, acabam revelando o seu passado aos poucos.

Conhecido por “Babel” e “O Terceiro Assassinato”, o Kôji Yakusho é o protagonista. 

O Wim Wenders e o Festival de Cannes tiveram um relacionamento sério nos anos 1980: em 1984, levou a Palma de Ouro com “Paris, Texas”.

Três anos depois, foi a vez de levar Melhor Direção com o clássico “Asas do Desejo”.

Em 2014, na Mostra Um Certo Olhar, o alemão ganhou o prêmio do júri, o prêmio ecumênico e uma menção honrosa com o documentário “O Sal da Terra” sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. 

BANEL E ADAMA

“Banel e Adama” foi a grande da lista para a disputa da Palma de Ouro.

Afinal, a diretora senegalesa Ramata-Toulaye Sy é estreante em longas-metragens e no próprio festival.

A produção mostra um casal apaixonado que vive em uma pequena aldeia remota. Mas, quando eles decidem sair de lá, acabam por enfrentar uma série de dificuldades por conta das convenções da sociedade. 

YOUTH

O filme mais longo da corrida pela Palma de Ouro será o chinês “Youth”.

Com 3h32, o documentário do diretor Wang Bing, um dos mais prestigiados do país oriental, mostra um grupo de adolescentes que saem de aldeias do interior para se mudarem rumo a Xangai para trabalhar no distrito operário.  

Todos eles em locais completamente insalubres, quartos pequenos, estúdios improvisados. Trabalham demais, dormem de menos e pouco aproveitam a vida.

Vale lembrar que o último documentário a vencer a Palma de Ouro foi “Fahrenheit 11 de Setembro”, lá em 2004. Minha aposta é que pode fazer bonito na França. 

“LE RETOUR”

Claro que tinha de ter filme francês na lista, por favor, né: a diretora Catherine Corsini estreia o polêmico “O Regresso”.

A história mostra uma empregada doméstica de uma família rica de Paris. Nas férias dos milionários, ela os acompanha, ao lado das próprias filhas, rumo a ilha de onde fugiu há 15 anos em circunstâncias trágicas. 

“O Regresso” quase ficou de fora de Cannes: a produção do filme foi acusada de filmar sem autorização uma cena de sexo envolvendo a atriz principal que, na época, só tinha 15 anos.

Além disso, a Catherine Corsini também foi acusada do crime de assédio nos bastidores.

Em carta à imprensa, a cineasta declarou que as informações divulgadas eram imprecisas e ainda contou com declarações de apoio de membros do elenco.  

Ganhar a Palma de Ouro, eu não sei se vence, mas, com certeza, o longa terá a melhor coletiva de imprensa do festival. 

BLACK FLIES

Para fechar, vamos de cinema americano.

Começo com “Black Flies”: dirigido pelo Jean-Stéphane Sauvaire, o longa mostra um jovem se preparando para entrar na faculdade de medicina acompanhando um veterano paramédico pelas ruas de Nova York. Agora, olha só o elenco do filme: 

Duas vezes ganhador do Oscar, o Sean Penn é o protagonista ao lado de um time que ainda conta com o Tye Sheridan, Katherine Waterston, Michael Pitt e, acredite se quiser, Mike Tyson. 

MAY DECEMBER

O último e não menos importante candidato à Palma de Ouro é o drama “May December” em que o casal interpretado pela Julianne Moore e o Charles Melton revive o duro momento em que o relacionamento deles virou alvo dos tablóides há 20 anos por ela ser a professora dele. A Natalie Portman interpreta uma atriz que se incorpora à família para contar esta história em um próximo filme.  

A direção é do Todd Haynes, velho conhecido de Cannes: “May December” é a quarta vez que ele concorre à Palma de Ouro. Já foi premiado com uma contribuição artística por “Velvet Goldmine” e uma Queer Palm com “Carol”. 

Ah, e tem um detalhe: o Brasil se faz presente em “May December” com o montador Affonso Gonçalves.