Caio Pimenta traz uma lista com 10 diretores brasileiros que mereciam indicações ao Oscar entre 2010 a 2022.

KLEBER MENDONÇA FILHO

Kleber Mendonça Filho no Festival de Cannes

Inevitável não começar com o diretor dos filmes brasileiros de maior repercussão nos últimos anos.  

Em “O Som ao Redor”, o Kleber Mendonça Filho estreia na direção de longas de ficção de modo brilhante pela maneira como conduz uma teia de personagens dentro de uma obra densa sobre a formação das nossas grandes cidades ligada ao passado escravocrata.

Tudo feito de forma orgânica, inteligente sem fazer com que a crítica social se torne panfletária ou se perca no tamanho das pretensões.  

Já em “Bacurau”, ao lado do Juliano Dornelles, o Kleber bebe na fonte de John Carperter e cria sua obra mais pop e acessível ao grande público.

A universalidade com que trabalha o filme faz com que assuntos tão brasileiros chegam ao planeta inteiro facilmente. 

ANNA MUYLAERT E LAÍS BODANZKY

Entrevista com Anna Muylaert

Na década em que a Academia despertou, ainda que longe do ideal, para a presença de mais mulheres na direção de cinema, aqui no Brasil, tivemos duas obras-primas lançadas por elas. 

Anna Muylaert faz algo raro em “Que Horas Ela Volta?” ao tornar o sofisticado em popular, ser política sem ser panfletária.

Tudo isso com uma história capaz de emocionar qualquer pessoa das mais diversas classes sociais, incluindo, as que critica.  

A Laís Bodanzky leva as mudanças feministas e a crise enfrentada diante disso por mulheres acima dos 40 anos em “Como Nossos Pais”.

A obra marca a consolidação e maturidade de uma filmografia acima da média. 

DE MURITIBA A MASCARO

As políticas públicas de regionalização do cinema brasileiro levaram à possibilidade dos primeiros longas-metragens de grandes diretores espalhados pelo país.

Foi assim que vimos o baiano Aly Muritiba se destacar com ótimos filmes rodados no Paraná, sendo o auge deles “Deserto Particular”, e os mineiros Affonso Uchoa e João Dumans na obra-prima “Arábia”.  

Também tivemos o Adirley Queirós brilhando no Centro-Oeste com o fundamental “Branco Sai, Preto Fica” e o pernambucano Gabriel Mascaro do premiado “Boi Neon”.

Repito: tudo isso frutos de políticas públicas existentes em vários locais do planeta, onde o cinema é visto como uma indústria, como geradora de empregos e receitas. 

DE AINOUZ A SARNO

A lista de diretores brasileiros que poderiam ter sido lembrados pelo Oscar tranquilamente sem dever em nada aos indicados fica completa com o polêmico Cláudio Assis pelo excelente “A Febre do Rato”, o mestre Geraldo Sarno e seu impactante “Sertânia”, e, claro, a sensibilidade do Karim Ainouz no doloroso “A Vida Invisível”.