Caio Pimenta analisa o domínio de “Oppenheimer” e “Pobres Criaturas” no Bafta rumo ao Oscar 2024.

ANIMAÇÃO, ROTEIROS E DOCUMENTÁRIO

Maior evento do cinema britânico, o Bafta consagrou “Oppenheimer” com sete prêmios e “Pobres Criaturas” com cinco.

Muita coisa, entretanto, aconteceu para além deles. Movimentações importantes apontaram tendências fortes. 

A categoria de Melhor Animação está mais aberta do que nunca. No prêmio britânico, “O Menino e a Garça” se sagrou o grande vencedor, mostrando como o longa do Hayao Miyazaki tem o prestígio europeu e dos outros continentes. Já “Homem-Aranha Através do Aranhaverso”, apesar da derrota no Bafta, ganhou o Annie Awards com sete prêmios, deixando claro como está forte nos EUA. Tudo indica uma disputa apertada até o final. 

Jogando em casa, “Zona de Interesse” se fortaleceu para além de Filme Internacional: a conquista em Melhor Som deixa claro como ele pode sim ser um rival à altura para “Oppenheimer”. O favoritismo segue sendo do drama do Christopher Nolan, mas, há uma disputa pelo prêmio. 

Melhor Roteiro Original indo para “Anatomia de uma Queda” dá bons indícios de que isso deve se repetir no Oscar 2024. A produção francesa já havia vencido na categoria no Globo de Ouro. Acredito que seja visto dentro da Academia como a maior oportunidade do drama da Justine Triet, bastante admirado na indústria, saia com alguma vitória. E como “Os Rejeitados” já tem a vitória certa em Atriz Coadjuvante com a Da´Vine Joy Randolph, o arranjo fica perfeito. 

“Ficção Americana” também caminha para uma vitória solitária em Roteiro Adaptado. O Cord Jefferson venceu o mesmo prêmio no Critics Choice. Seria um resultado com sabor de pegadinha visto que o filme ironiza a indústria por coisas do tipo.  

Em Melhor Documentário, “20 Days in Mariupol” dispara como o favorito como resposta do mundo do cinema de apoio à Ucrânia e oposição a Vladimir Putin, algo que ganha maior simbolismo com a morte de Alexei Navalny, tema do filme vencedor da categoria no ano passado. 

AS DISPUTAS ABERTAS

Hora de falar dos favoritos: o grande número de conquistas de “Pobres Criaturas” não chega a ser uma surpresa. Era uma produção da casa com muita força nas categorias técnicas. Por isso, ganhar em Figurino, Maquiagem e Penteado, Efeitos Visuais e Direção de Arte não surpreende. Chamou minha atenção mesmo foi a derrota para “Zona de Interesse” em Melhor Filme Britânico do ano, mostrando como a comédia do Yorgos Lanthimos até tem seu público, mas, não é tão unânime como se imagina. 

Quanto à Emma Stone, ela se consolida como ampla favorita ao Oscar. Venceu o Globo de Ouro, Critics Choice e, agora, o Bafta. Se os últimos dois anos não corresponderam entre os eventos em Melhor Atriz, anteriormente foram oito resultados iguais consecutivos. Ao derrotar Sandra Huller e Carey Mulligan, a estrela de “Pobres Criaturas” tira ambas do páreo. Resta à Lily Gladstone conseguir uma reviravolta no SAG. Caso contrário, a estatueta dourada será de Emma Stone. 

Ganhador de sete prêmios, “Oppenheimer” consolidou o favoritismo total nesta temporada. Montagem, Fotografia, Trilha Sonora estão garantidas assim como o Christopher Nolan em Direção e Robert Downey Jr em Ator Coadjuvante. Melhor Filme também está mais do que encaminhado, sendo o PGA e SAG os responsáveis por sacramentar este cenário.

O mistério segue sendo Melhor Ator. Exceção ao esnobado Jeffrey Wright, o Cillian Murphy superou todos os rivais também indicados ao Oscar. A vitória no Bafta, entretanto, não surpreende pelo fato dele ser uma prata da casa e estar no filme do momento. A resposta decisiva tende a ser no SAG mesmo, onde o Paul Giamatti deve contar com o apoio dos votantes norte-americanos. Se a estrela de “Os Rejeitados” ganhar, a disputa fica embaralhada; agora se Murphy voltar a vencer, tudo indica mais uma estatueta para “Oppenheimer”.