Depois de indicações por “12 Anos de Escravidão” e “A Chegada”, o Joe Walker chega à primeira vitória da carreira do Oscar de Melhor Montagem pelo trabalho desafiador em “Duna”.  

Durante a temporada de premiações, a categoria de montagem foi uma das mais imprevisíveis. O Bafta consagrou o “007 – Sem Tempo Para Morrer”, enquanto o Critics Choice ficou com “Amor, Sublime Amor”. Detalhe: nenhum dos dois sequer foram indicados ao Oscar. 

Já o prêmio do sindicato dividiu as opiniões ao ficar com “King Richard” em drama e “Tick, Tick… Boom” entre as comédias e musicais. Porém, a imprensa norte-americana sempre cita o trabalho de Joe Walker em “Duna” como forte candidato mesmo com todos estes resultados adversos. 

Denis Villeneuve e Joe Walker firmaram parceria a partir de “Sicario”, trabalhando juntos em “A Chegada” e “Blade Runner 2049” antes de “Duna”. O diretor canadense declarou a Indiewire que admira a atenção do parceiro de trabalho para além da imagem, mas, também no som. “O som é um DNA direto da maneira como ele corta um filme”, disse Villeneuve certa vez. 

Nesta busca sensorial, o grande desafio de Walker em “Duna” foi dar mais foco no caminho da famíla Atreides e no entendimento de Paul sobre tudo o que acontecia do que focar no jogo político ou no significado cultural dos Arrakis. Villeneuve considera que a montagem encontra um tom lírico, abstrato e profundo à medida em que torna a natureza e aquele universo um personagem central da trama ao lado do intimismo misterioso do personagem de Timothée Chalamet. 

A montagem da ficção científica consegue dar ritmo e situar bem o público ao longo de 2h30 de uma história densa, equilibrando muito bem os dramas com as cenas de ação, além de trazer este tom intimista proposto pelo Villeneuve.

Mesmo não sendo grande fã de “Duna”, não nego que o trabalho executado pelo Joe Walker seja realmente impressionante e torne a experiência mais interessante.