De Olivia de Havilland a Susan Hayward, Caio Pimenta apresenta o TOP 10 dos vencedores do Oscar de Melhor Atriz nos anos 1950. 

10. JUDY HOLLIDAY, por “NASCIDA ONTEM”

A interpretação mais fraca a vencer o Oscar de Melhor Atriz nos anos 1950 vem da cerimônia de 1951. 

 Em “Nascida Ontem”, a Judy Holliday faz o famoso estereótipo da loira burra desvalorizada pelo seu parceiro encontrando em um jornalista e nos livros a emancipação.

A estrela tem um bom desempenho no equilíbrio entre o cômico e o dramático com pequenas nuances capazes de mostrar a transformação da protagonista.

Até mesmo a voz enjoada que ela empresta à personagem funciona, porém, não consegue tornar o filme, que envelheceu mal, tão interessante assim.  

A Judy Holliday fazia o papel na Broadway, mas, a Columbia Pictures não acreditava muito nela e cogitou Jean Arthur, Rita Hayworth e até a Marilyn Monroe para “Nascida Ontem”.

A vitória no Oscar, entretanto, é extremamente contestada e falarei sobre isso em um vídeo daqui a algumas semanas no canal. 

 9. GRACE KELLY, por “AMAR É SOFRER”

Os anos 1950 trouxeram vitórias de estrelas imortais de Hollywood em Melhor Atriz. A primeira que aparece na lista é a Grace Kelly, de “Amar é Sofrer”. 

No longa do George Seaton, ela interpreta a esposa de um artista lidando com problemas de alcoolismo durante o lançamento de uma peça.

Para quem conhece a Grace Kelly glamourosa, vê-la em “Amar é Sofrer” pode ser um baque, afinal, a estrela somente em um momento lembra a personalidade pública.

No restante da história, acompanhamos uma figura abatida, traumatizada, cansada e até ameaçadora em certo momento. Não chega a ser um desempenho brilhante, mas, bastante competente e certeiro.  

A Grace Kelly só concorreu duas vezes ao Oscar; a primeira vez foi por “Mogambo” em Melhor Atriz Coadjuvante.

O curioso é que esta vitória foi uma das mais apertadas da categoria: seis votos a separaram da Judy Garland, considerada favorita por “Nasce uma Estrela”. 

8. OLIVIA DE HAVILLAND, por “TARDE DEMAIS”

O segundo Oscar da carreira da Olivia de Havilland aconteceu em 1950 com “Tarde Demais”.  

A atriz pisa fundo na figura da mocinha sofredora diante de um pai pouco acolhedor e vivendo um amor impossível com o personagem do Montgomery Clift.

Se a primeira parte da história temos uma atuação cheia de caras e bocas, a Olivia dá a volta por cima e capricha na forma como encara a virada da protagonista na reta final. 

Os atores que trabalhavam com o William Wyler não podiam reclamar, afinal, os filmes dele renderam diversos prêmios a astros de Hollywood: além da Olivia de Havilland, foi assim também com o Charlton Heston, Barbra Streisand, Audrey Hepburn, Fredric March, entre outros. 

7. INGRID BERGMAN, por “ANASTASIA”


A lenda Ingrid Bergman chegou à segunda estatueta dourada graças a “Anastasia – A Princesa Esquecida”. 

 No filme, ela segura o mistério sobre a identidade dela, se é ou não a princesa fugida da Revolução Russa, até o fim.

Apesar da tentativa forçada de um romance com o personagem do Yul Bryner não decolar, Bergman brilha no jogo que permeia a história, criando dúvidas no público sem que deixemos de nos comover com ela.  

“Anastasia” foi o retorno da Ingrid Bergman a Hollywood após sete anos.

Ela chegou a ser banida do cinema americano por ter se envolvido, fora do casamento, com o diretor Roberto Rosselini e ter um filho com ele.

A vitória na cerimônia de 1957 mostrou que a Academia estava disposta a perdoar sua estrela. 

 6. ANNA MAGNANI, POR “A ROSA TATUADA”

Falando em lendas, nada melhor do que trazer Anna Magnani na sexta colocação. 

Musa do neorrealismo italiano em filmes como “Roma, Cidade Aberta”, Magnani ganhou o Oscar logo na primeira produção de língua inglesa.

Em “A Rosa Tatuada”, ela encarna uma dona de casa de origem italiana muito religiosa e devota totalmente ao marido. Ele, porém, morre em um acidente e ela fica em luto até os surgimentos de um boato sobre uma possível traição e do Burt Lancaster em cena.  

“A Rosa Tatuada” é um suco dos clichês da visão estereotipada do norte-americano em relação às mulheres italianas. Ainda assim, a Anna Magnani brilha com muita garra e fúria em um inglês misturado com a língua natal. Sem ela, o filme nada seria. 

5. AUDREY HEPBURN, POR “A PRINCESA E O PLEBEU”

Após uma série de papeis inexpressivos, a Audrey Hepburn brilhou em “A Princesa e o Plebeu”.  

Como o título deixa claro, ela faz uma princesa cansada da vida cheia de regras que, certo dia, decide fugir e viver um dia em Roma.

Nesta história, ela conhece o jornalista interpretado pelo Gregory Peck, aproveitando as 24 horas mais diferentes da vida dela. “A Princesa e o Plebeu” é o nascimento de uma estrela no imaginário popular: Audrey entrega leveza, carisma, estilo e beleza que se eternizaram a partir dali.  

Foi um Oscar tão óbvio que o Gregory Peck cantou a pedra da vitória após as filmagens. E a Hepburn superou nomes como Ava Gardner, Deborah Kerr e Leslie Caron. 

4. JOANNE WOODARD, POR “AS TRÊS FACES DE EVA”

O Oscar 1958 de Melhor Atriz ficou com a Joanne Woodard, de “As Três Faces de Eva”.  

A partir do Distúrbio de Personalidade Múltipla, assunto pouco conhecido para a época, a Joanne interpreta três personas a partir uma dona de casa e com uma filha pequena.

Ainda que as nuances sejam deixadas de lado e tudo seja entregue de maneira explícita, a atriz segura a atenção do público e convence com as personalidades diferentes, especialmente, com a mais festiva e alegre contrastando com a mais triste e dramática.

3. SUSAY HAYWARD, por “QUERO VIVER”

O pódio é aberto com a Susan Hayward, premiada em 1959 por “Quero Viver”.  

Neste drama de tribunal, ela faz uma mulher envolvida em pequenos crimes que acaba acusada da morte de uma senhora injustamente e, com isso, condenada à pena de morte.

A Susan Hayward poderia ter caprichado no dramalhão e nas cenas de desespero típicas de Oscar, porém, ainda que estejam lá em alguns momentos, o que predomina é a personalidade forte, desbocada e com ótimas tiradas. Em vez de afastar, este comportamento só cria ainda mais torcida por ela neste bom filme do Robert Wise.  

Vale lembrar que, em 1959, “Gigi” foi o grande vencedor do Oscar, porém, a Leslie Caron foi solenemente esnobada em Melhor Atriz, sequer sendo indicada.

Aqui, pesou o fato dela não ter cantado no musical, sendo as performances dubladas por uma cantora profissional.

2. SHIRLEY BOOTH, por “A CRUZ DA MINHA ALMA”

O Oscar de Melhor Atriz em 1953 ficou com a Shirley Booth, de “A Cruz da Minha Alma”.  

O maior destaque da atuação da Shirley Booth é como ela consegue ser várias uma só, ou seja, a dona de casa dedicada ao marido para tentando fazê-lo evitar o álcool a qualquer custo e também uma simpática anfitriã a uma jovem estudante que aluga um cômodo do local.

Isso carregando uma solidão sutil, que o falatório destrambelhado tenta esconder, mas, não o consegue tanto assim. É um papel sofrido e comovente.  

Este foi o primeiro longa da carreira da Shirley Booth que, infelizmente, acabou não conseguindo uma carreira de maior destaque nos cinemas.

1. VIVIEN LEIGH, por “UMA RUA CHAMADA PECADO” 

Somente se eu estivesse maluco teríamos um primeiro lugar diferente deste. A melhor atuação vencedora do Oscar de Melhor Atriz nos anos 1950 é de Vivien Leigh, no clássico “Uma Rua Chamada Pecado”.  

Para quem imaginava ser impossível superar Scarlett O´Hara, de “E o Vento Levou”, a Vivien Leigh dobrou a aposta e mostrou a gigante que ela era nesta adaptação de Tennessee Williams dirigida pelo Elia Kazan.

Beirando A loucura a partir de uma obsessão incontrolada, a Blanche DuBois de Leigh domina a cena com seu gestual e até certa teatralidade ao lado da incrível performance de Brando.

Através do contraste dos dois e daquele universo amoral, temos um duelo inesquecível de atores com técnicas diferentes, mas, atingindo o brilhantismo em cena.  

Quando acabar todas as listas das décadas, irei fazer a lista maior das ganhadoras de todos os tempos.

E posso adiantar: estará entre a Vivien Leigh e a Meryl Streep, de “A Escolha de Sofia”, a disputa pelo primeiro lugar de Melhor Atriz.