Caio Pimenta retorna com os vídeos do Cine Set analisando o melhor e pior da cerimônia do Oscar 2023.

PONTOS NEGATIVOS

Diferente das últimas edições, o Oscar 2023 concentrou o número de vencedores em poucos filmes, especialmente, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” com sete estatuetas e o alemão “Nada de Novo no Front” com quatro vitórias. Isso fez com que muita gente boa saísse da festa de mãos vazias.  

Foi triste ver o excelente “Os Fabelmans” não ganhar nada no Oscar: o mais pessoal dos longas de Steven Spielberg merecia, pelo menos, um reconhecimento. Foi um fracasso com ecos de “A Cor Púrpura” – ainda que o drama dos anos 1980 tenha perdido em mais categorias.   

Com nove indicações, “Os Banshees de Inisherin” bem que poderia ter vencido ou Roteiro Original ou Atriz Coadjuvante com a Kerry Condon. “TÁR” estava em situação mais difícil depois que a Michelle Yeoh tomou a dianteira em Melhor Atriz, deixando a Cate Blanchett para trás. Nada, entretanto, supera “Elvis”: simplesmente inacreditável ver a cinebiografia do Rei do Rock não ganhar nada, incluindo, categorias em que era favorito como Design de Produção e Figurino.  

Sobre a cerimônia em si, não há tantos momentos para se contestar. É verdade que continua sendo longa – inevitável cansar com 3h30 de festa -, mas, tudo fluiu bem. Destaco apenas como momentos delicados, até constrangedores a interação entre o Jimmy Kimmel e a Malala.   

Ele tenta interagir sobre a polêmica entre o Harry Styles e o Chris Pine, mas, ela está visivelmente sem graça e não conseguindo responder. O Kimmel até tenta mais uma vez, mas, a situação fica ainda pior. Foi torta de climão total.  

Quanto ao In Memoriam, se foi mais sóbrio desta vez com a apresentação do Lenny Kravitz tocando “Calling All Angels”, algumas ausências causaram estranheza como ocorreu com a Anne Heche e Charlbi Dean, destaque de “O Triângulo da Tristeza”, produção nomeada em Melhor Filme do Oscar 2023.  

Por fim, seguem sendo desnecessários certos comentários metidos a engraçadinhos que atacam os indicados.

Ao anunciar as categorias de curtas-metragens, o Jimmy Kimmel falou que eram estes os prêmios que atrasavam a premiação. Se este é o sentimento da Academia para ser a introdução delas, na boa, melhor extinguir as categorias e evitar o constrangimento para quem, segundo eles, está atrapalhando a festa.

 PONTOS POSITIVOS 

Como eu já adiantei, de modo geral, a cerimônia foi ótima em termos de dinamismo. A Academia não quis inventar, foi bem tradicional e entregou um Oscar 2023 como o previsto. Claro que ainda faltam as homenagens aos grandes nomes do cinema, mas, isso somente será possível no dia em que a festa for para o streaming. Apesar de ser sem sal, o Jimmy Kimmel não comprometeu como o trio do ano passado. Foi seguro como esperado.  

 O Oscar 2023 prometia apresentações musicais grandiosas e as cumpriu com louvor.  

“Naatu Naatu” trouxe a energia vista em RRR com as empolgantes danças no palco do Dolby Theather. Já a Lady Gaga quase não foi, mas, surpreendeu com um show sóbrio, sem maquiagem e o vozeirão de sempre com “Hold my Hand” em versão acústica. Falando em voz incrível, o que dizer da Rihanna interpretando “Lift me Up”, de “Wakanda Forever”? Para completar, o discurso dos vencedores ainda foi lindo, coroando a categoria.  

O ‘Parabéns a Você” para o James Martin, protagonista de “An Irish Goodbye”, no discurso da categoria de Melhor Curta de Ficção Live-Action foi um momento simpático e mostrou que o Oscar é uma grande farofa para não ser levada a sério. E tá tudo bem.  

Apesar do choque da derrota de “Elvis”, não nego a minha felicidade em ver a Ruth E. Carter ganhar o Oscar pela segunda vez, feito inédito para uma mulher negra. E por um trabalho belíssimo como fez em “Wakanda Forever”, novamente pela série “Pantera Negra”.

Mesma satisfação vale para a Sarah Polley, ganhadora de Melhor Roteiro Adaptado por Entre Mulheres”.  

Nenhum momento, entretanto, claro, foi maior do que os discursos das categorias de atuação.  

Primeiro com o Ke Huy Quan: era simplesmente impossível torcer contra o astro de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”.

Sempre que podia, ele expressava toda a alegria possível de estar vivendo a temporada de premiações e não poderia ser diferente na festa a Academia.

O momento mais emocionante, sem dúvida, foi mirar a câmera e dizer para a mãe que era um vencedor do Oscar.  

Também foram apoteóticas as vitórias do Brendan Fraser e Michelle Yeoh: duas estrelas queridas do público conquistaram as primeiras estatuetas douradas com o apoio claro da narrativa de comeback. Para completar o discurso sobre empoderamento feminino e contra o etarismo marcaram ainda mais a vitória da malasiana.  

Só não cito a vitória da Jamie Lee Curtis porque roubou mesmo a cena a reação de chateação da Angela Bassett que, mais uma vez, ficou sem o Oscar dela.