Caio Pimenta apresenta os caminhos do cinema amazonense após o término do Amazonas Film Festival e a importância do evento.
NOVOS EVENTOS
Ainda que faça muita falta e o fim do Amazonas Film Festival seja sentido até hoje, não dá para dizer que o cinema local ficou parado sem grandes eventos. Muito pelo contrário: vimos surgir de uma série de iniciativas que buscaram preencher esse espaço.
O primeiro deles foi a Mostra do Cinema Amazonense realizada pelo Fórum do Audiovisual do Amazonas entre 2015 e 2017.
Em 2018, foi a vez do surgimento do Olhar do Norte, festival que teve os debates da edição deste ano abrigados aqui no canal do Cine Set no YouTube.
Se o Pirarucurta estimula o audiovisual universitário, o Cine Bodó faz este papel na periferia de Manaus.
Já o Matapi trouxe um formato inédito para o Estado, sendo um evento voltado para o mercado de audiovisual com pitchings e rodadas de negócios. Tudo visando fomentar a cadeia produtiva do setor de forma profissional.
DESCONTINUIDADES E LEGADOS
A descontinuidade do audiovisual no Amazonas é algo persistente desde Silvino Santos e o fim do festival foi apenas mais uma destas tristes marcas deste processo.
Mas, neste caso, não foi algo inesperado: afinal, sustentar uma tentativa de Festival de Cannes dos trópicos, com passagens internacionais, hospedagens luxuosas, translado e todo o glamour do evento era impraticável na primeira crise econômica e fora da realidade de uma cidade cercada de uma pobreza e desigualdade absurda. Ao mesmo tempo, dá sim para pensar que era possível reconfigurar o festival buscando novos caminhos, olhando mais para o cinema brasileiro e latino.
Muito dessa incapacidade se deve à falta de visão dos líderes políticos do Amazonas em não observar o audiovisual como uma cadeia produtiva e rentável, contribuindo para o fim do evento.
De qualquer modo, não dá para negar o quanto o Amazonas Film Festival estimulou o surgimento de muita gente boa no audiovisual. De Aldemar Matias a Sérgio Andrade passando por Anderson Mendes, Christiane Garcia, Rod Castro, Ricardo Manjaro e Rafael Ramos, uma nova geração viu no evento um impulso para realizar seus filmes e formar parcerias que permitiram o surgimento de novas produtoras na cidade.
Acima de tudo, o mais importante é que as lições boas e ruins do Amazonas Film Festival sejam aprendidas por todos que produzem audiovisual na região para impedir que o mesmo destino ocorra com o Matapi, Olhar do Norte, Pirarucurta e qualquer evento que surja em Manaus e no Amazonas nos próximos anos.