De “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Belos Lábios” a “A Separação”, Caio Pimenta destaca os principais filmes exibidos no Amazonas Film Festival, além dos curtas nacionais de destaque e as estrelas que passaram pelo tapete vermelho do evento.
Projeto foi contemplado com o Prêmio Manaus Conexões Culturais 2020 – Lei Aldir Blanc – AUDIOVISUAL.
A mostra competitiva de longas de ficção teve início na primeira edição, em 2004 e durou todo o festival. Havia também os filmes de abertura e de encerramento do evento. Vamos, então, começar o TOP 10, mas, antes um aviso importante: essa lista aqui vai levar em consideração filmes contemporâneos ao festival.
10. EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DE SEUS BELOS LÁBIOS
Dirigido pelo Beto Brant, “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Belos Lábios” participou do festival em 2011 e levou os prêmios de Melhor Atriz com a Camila Pitanga e Ator com o Zé Carlos Machado.
Com um dos títulos mais bonitos do cinema brasileiro recente, o filme é uma jornada intensa em meio a um triângulo amoroso em que pecado, paixão, religião, angústias e loucura se confundem em um ambiente sempre inóspito, seja no Rio de Janeiro ou na Amazônia.
9. INVERNO DA ALMA
Em 2010, o Amazonas Film Festival antecipou um dos concorrentes ao Oscar do ano seguinte.
Em “Inverno da Alma”, as relações entre os personagens são sempre as piores possíveis em um mundo implacável, refletindo o pouco acolhedor cenário gélido da trama. A diretora Debra Granik se mostra muito habilidosa para costurar essa teia contando com o talento luxuoso da então novata Jennifer Lawrence.
8. OBEDIÊNCIA
Antes de ser alvo de uma série de uma série de polêmicas com “A Caçada”, o Craig Zobel comandou o excelente “Obediência”.
Selecionado para o festival de 2012, o filme sobre uma garota acusada de um crime que não cometeu chega a ser inacreditável tamanho os absurdos vistos durante os 90 minutos de duração. Narrativa envolvente e desconfortável com uma atuação excelente da Ann Dowd, uma das estrelas de “The Handmaid´s Tale”, em um filme assustador, principalmente, por ser baseado em um caso real.
7. O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS
“O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” participou do Amazonas Film Festival de 2006 e consegue aliar a ternura infantil com o duro momento político, repleto de tensão, permeando todo o universo da história.
A direção de arte e figurino ainda roubam a cena em uma daquelas obras singelas e inesquecíveis.
6. O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD
O Brad Pitt quase veio para Manaus em 2007, mas, já que isso não aconteceu, o astro, pelo menos, nos brindou com um dos melhores filmes da carreira dele.
“O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford” foge da tradição dos westerns ao adotar um ritmo mais lento, contemplativo com personagens cansados e carregando seus próprios fantasmas internos
A fotografia do Roger Deakins e a atuação do Casey Affleck são os maiores destaques deste faroeste subestimado.
5. PELO MALO
“Pelo Malo” foi um ótimo cartão de visitas para quem não conhecia o cinema venezuelano.
Dirigido por Mariana Rondón, o filme traz a história de um garoto que deseja alisar o cabelo por considerá-lo ruim, o que leva a mãe a criticá-lo por temer que ele seja gay. Preconceito, medo, ignorância, aceitação social e de si próprio compõem este ótimo drama que precisa ser redescoberto.
4. SANSÃO E DALILA
Com tom próximo do etnográfico e de ritmo cadenciado, o australiano “Sansão e Dalila” mostra dois jovens aborígenes conhecendo a crueldade do mundo enquanto lutam para sobreviver.
O domínio narrativo e as belas imagens capturadas pelo diretor, diretor de fotografia e roteirista Warnick Thornton fazem da obra um grande filme.
3. TATUAGEM
Chegamos ao pódio e a medalha de bronze vai para “Tatuagem”.
Debochado, transgressor, irônico e, acima de tudo, corajoso. “Tatuagem” ri da falsa moralidade e das hipocrisias brasileiras da melhor maneira possível, ou seja, com humor, música e resistência.
Como se não bastasse, o filme do Hilton Lacerda traz um dos melhores desempenhos da carreira do Irandhir Santos e revelou de uma vez por todas o talento do Jesuita Barbosa.
2. CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS
Eis o cinema pernambucano, mais uma vez, na lista, agora, “Cinema, Aspirinas e Urubus”.
Primeiro longa da carreira do diretor Marcelo Gomes, o road-movie é uma obra que passa por tantos caminhos quanto seus personagens.
É uma homenagem ao cinema, uma obra sobre as agruras do sertão com a resistência e simplicidade de seu povo, um filme sobre novas chances e amizades.
Tudo envolto em uma fotografia belíssima e um elenco acolhedor e carismático.
1. A SEPARAÇÃO
O melhor filme de ficção exibido nas 10 edições do Amazonas Film Festival não tinha como ser outro.
Não foi à toa que o iraniano “A Separação” conquistou o prêmio máximo não apenas do Amazonas Film Festival como também do Festival de Berlim e levou o Oscar de Melhor Filme em Língua Não-Inglesa. Não apenas o roteiro é fabuloso como o diretor Ashgar Farhadi consegue transpor isso para a tela de modo que a simplicidade aparente esconda uma complexidade absurda daquelas relações entre os protagonistas.
Falando dos curtas-metragens, o Amazonas Film Festival trouxe obras que ganhariam sucesso anos depois em versões maiores como foram os casos de “Eu Não Quero Voltar Sozinho”, do Daniel Ribeiro, e “Cine Holliúdy”, do Halder Gomes. Dos grandes diretores do cinema brasileiro na atualidade, Manaus pode conferir “Recife Frio”, do Kleber Mendonça Filho ,de “Bacurau”, “Fantasmas”, do André Novais de Oliveira, de “Temporada”, e “A Mão que Afaga”, da Gabriela Almeida Amaral, de “O Animal Cordial”.
AS ESTRELAS DO FESTIVAL
Quanto às estrelas, o Amazonas Film Festival teve como convidados de honra: Claudia Cardinale, Matt Dillon, Lima Duarte, Glória Pires, Jean Jacques Annaud, Carla Camurati, Claude Leleuch, Milton Gonçalves, Nelson Xavier, Tonico Pereira e Ana Lúcia Torres.
Já os presidentes de honra foram Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues, Gustavo Dahl, Carlos Manga, Soledad Villamil, Fernando Meirelles, Zelito Viana e Roberto Farias.
Ainda tivemos Roman Polanski, Alan Parker, Neve Campbell, Malu Mader, Maria Fernanda Cândido e até o Felipe Dylon, mas, isso é melhor deixar para lá.