MELHOR SÉRIE DE 2022 
“Better Call Saul” – Última Temporada
– 2 VOTOS 

 Caio Pimenta – Better Call Saul 

Parecia impossível “Better Call Saul” sonhar em chegar aos pés de “Breaking Bad”. Afinal de contas, a saga de Walter White foi uma das séries mais premiadas, elogiadas e sucesso de público em todos os tempos. Vince Gilligan, entretanto, se superou com uma produção refinada, sem pressa de desenvolver seus dramas e fugiu de ser um simples fanservice para trazer a jornada de um anti-herói e sua sina de destruir tudo e todos ao seu redor a partir de pequenos golpes. Bob Odenkirk em estado de graça e uma fantástica Rhea Seehorn tornaram tudo ainda mais especial. Saudades de Saul Goodman. 

Camila Henriques – White Lotus: Sicília 

Se você me segue em alguma rede social, provavelmente já imaginava que essa seria a minha escolha. Mike White voltou ainda mais afiado e entregou uma segunda temporada que conseguiu ser melhor que uma já excelente. Referências a Michelangelo Antonioni e “O Poderoso Chefão”, looks duvidosos, frases de efeito e um elenco entrosadíssimo sob o sol siciliano formaram a receita do sucesso. E que venha a terceira temporada (com Meghann Fahy, por favor!)!  

Menções honrosas: “The Last Movie Stars” (HBO) emocionou ao contar a história de amor da vida real entre Paul Newman e Joanne Woodward e o impacto dela no cinema norte-americano, “Only Murders in The Building” (Hulu/Star+) teve um Martin Short ligado no 220v, e “Pam & Tommy” (Hulu/Star+) colocou o foco na cultura de celebridades que estava em ebulição na segunda metade dos anos 1990.  

Danilo Areosa – Ozark 

A última temporada de “Ozark” se revelou muito mais dinâmica em relação as anteriores. Deu para notar um privilegiamento por episódios em um formato mais ágil para dimensionar a tensão e os dilemas dos personagens através da ação. Logo, esta quarta temporada de “Ozark” se beneficiou de uma primeira metade muito eletrizante pautada em apresentar o casal Marty e Wendy em situações complicadas para trabalhar sua sátira sobre o modo de vida americano. Isso ficou evidente na sua narrativa plenamente cínica na sua amoralidade o que fez os atos de violência das temporadas passadas se tornarem mais incisivos aqui. Ficou muito nítido na reta final, o quanto a série é uma alegoria sobre as relações de poder construídas a partir do perverso sistema americano que absorvem os laços familiares para definir um tipo de amor perturbado que estimula a toxicidade afetiva, principalmente em aniquilar aqueles que ameaçam este campo. Semelhante ao que aconteceu na última temporada, Julia Garner com sua Ruth é o grande destaque, inclusive ganhando um arco bem denso psicologicamente em relação ao luto, perdão e vingança. No conjunto da obra de “Ozark” em suas quatro temporadas foi uma alegoria satisfatória sobre o capitalismo selvagem e suas relações de poder. 

Ivanildo Pereira – Better Call Saul 

Agora que a pandemia de Covid arrefece, a recuperação da indústria do entretenimento, pelo menos no tocante às séries, é assombrosa: levantamento do canal a cabo FX estimou que foram ao ar 559 séries, somando TV aberta, canais a cabo e streaming em 2021. Claro que muito disso não chega a nós, brasileiros, mas mesmo assim… Quem consegue dar conta de tanta série? 

Ainda assim, uma era da TV se encerrou neste ano que passou, e ao menos na minha opinião, não teve para ninguém: a temporada final de “Better Call Saul” é algo para entrar para a história, um perfeito (sim, PERFEITO) encerramento para a saga dos personagens que acompanhamos ao longo de alguns anos, e para o universo criminoso criado em outro marco da TV, Breaking Bad. Aplausos não são o suficiente para a façanha do elenco fenomenal, equipe e criadores Vince Gilligan e Peter Gould. Em meio a esse mar de porcarias, e algumas coisas muito boas, “Better Call Saul” é um país em si mesmo. É algo realmente muito à parte, e que só deve ser ainda mais valorizado no futuro. 

Lorenna Montenegro – O Urso 

Marcos Faria – Ruptura 

“Ruptura” foi, ao mesmo tempo, sal na ferida e catarse. Espécie de “The Office” do inferno, a série leva às últimas consequências a selvageria corporativista numa ficção científica que nunca deixa de ser, acima de tudo, deliciosa e viciante. Destaque para a Patricia Arquette com o olhar mais gélido de todos os tempos.