MELHOR CENA DE 2022 

Under Pressure em “Aftersun” – 2 VOTOS 

Caio Pimenta – Invasão do Palácio em “RRR” 

São tantos grandes momentos de “Drive My Car” que admito ser injusto escolher apenas um para estar aqui. Logo, fiz uma outra opção e fiquei com a invasão deslumbrante do palácio em “RRR”. Ali, a megalomania se casa com a trama em uma execução de tirar o fôlego por parte de S. S. Rajamouli e equipe. Fantástico. 

Camila Henriques – Under Pressure em “Aftersun”

Música sempre rende momentos catárticos no cinema, e em “Aftersun” não foram um, mais dois, ambos envolvendo canções famosas e já um tanto quanto saturadas, mas que, aqui, foram ressignificadas. O karaokê rende minutos de muita angústia e melancolia, mas a minha escolha é o convite para dançar com Paul Mescal uma última vez ao som de “Under Pressure”.   

Menções honrosas: Ashley Judd liga para Jodi em “Ela Disse”; Maverick tem uma nova chance nos ares em “Top Gun: Maverick”; o mundo congelado de “A Pior Pessoa do Mundo”; “The Winner Takes it All” em “A Ilha de Bergman“, “Naatu Naatu” em “RRR”; Elvis conquista o mundo do cinema em “Elvis”; fim de “Marte Um”; cai a ficha de Janis sobre sua filha em “Mães Paralelas”; Mano Brown fala sobre “Diário de Um Detento” em “Racionais MC’s: Das Ruas de São Paulo Pro Mundo”. 

Danilo Areosa – Under Pressure em “Aftersun” 

2022 foi um ano de grandes cenas, por isso escolher apenas uma foi decisão difícil. Nas menções honrosas situo o procedimento abortivo do ótimo francês O Acontecimento e a cena do chimpanzé de Não, Não Olhe! como os dois momentos fílmicos mais aterrorizantes do ano. Já o mundo parando para a protagonista de A Pior Pessoa do Mundo ir em busca do seu “verdadeiro” amor, coloca a cena no campo poético do ano que terminou. Contudo, nada foi tão intenso quanto a última dança entre pai e filha ao som de “Under Plessure” do Queen em Aftersun que sintetiza a essência do filme de Charlotte Wells: as memórias afetivas de uma relação enigmática (pelo menos para nós público) caracterizada pelas arestas emocionais entre pai e filha. Como diz a letra da música “Por que não podemos dar mais uma chance ao amor? Esta é a nossa última dança”. Um momento que mostra que os filmes podem te oferecer um turbilhão de sentimentos e sensações sem precisar dizer nada, apenas deixar as imagens rolarem enquanto a música toca. 

Menções Honrosas: O Procedimento de “O Acontecimento“; Cena do Chimpanzé de “Não, Não Olhe” e O mundo para de “A Pior Pessoa do Mundo”. 

Gabriel Bravo de Lima – Monólogo em Língua de Sinais Sul-Coreana em “Drive My Car” 

Ivanildo Pereira – A Missão em “Top Gun: Maverick” 

Mais do que nunca, hoje o cinema precisa do espetáculo. E quando é um tão bem construído e com um senso de grandiosidade nem sempre alcançado na era da computação gráfica, acaba nos relembrando porque o cinema mexe tanto com a gente. É o que ocorre na missão no clímax de “Top Gun: Maverick“. Imagens incríveis – completadas só com o mínimo da ajuda dos computadores – e um excepcional trabalho sonoro criam emoção e suspense, do tipo que fazem a gente ficar na ponta da cadeira. E vocês hão de convir que esse tipo de sensação não é mais tão comum hoje em dia, por isso acredito que quando ela aparece, no nível que se observa aqui, deve ser valorizada. 

Lorenna Montenegro – Explicação do Convite para o Jantar em “O Menu”

Lucas Aflitos – Monólogo de Renata Carvalho em “Os Primeiros Soldados” 

Os Primeiros Soldados” é um filme importante para entender as artimanhas de defesa desses primeiros combatentes do Brasil em meio à AIDS/HIV, no início dos anos ‘80. O monólogo de Rose (Renata Carvalho, soberba!) é um soco no estômago. De uma ferocidade e uma urgência de viver: “vocês acham que eles conseguem matar isso aqui? (aponta para o seu rosto) mata não, mata nada!”; “se essa peste é gay, a mãe dela é travesti”; “a gente sobrevive sendo linda”. Frases e desempenho que ficam na cabeça ecoando por dias. Bravo! 

Marcos Faria – Gary e Alana no escritório da agente em “Licorice Pizza”

Os closes do PTA com essas lentes de longa distância dele são uma maravilha: aqueles rostos gigantescos e vermelhos bem na sua cara, desconfortavelmente próximos, mas ao mesmo tempo a uma distância tão íntima, em ritmos tão próprios. O close do ano talvez seja o que PTA faz do rosto de Harriet Sansom Harris, aqui interpretando a agente do ator mirim Gary. Cada tremor na face de Harris, cada exclamação nervosa, cada inflexão precisa e específica se torna aqui a base da cena mais engraçada do ano. Coisa de gênio. 

Pâmela Eurídice – A despedida do professor em “A felicidade das pequenas coisas” 

Destacaria facilmente três cenas que me comoveram em 2022, essa, no entanto, consegue enriquecer uma produção que em outros contextos seria um filme clichê do Lifetime (sem desmerecê-los). Temos ancestralidade, cultura oriental e o valor carregado pela educação – capaz de transpor qualquer tipo de impedimento; os três elementos sintetizam a singeleza do filme, a responsabilidade de transformação humana e o quanto há beleza na simplicidade: esteja ela presente no roteiro, no design de produção, no elenco, ou simplesmente no cotidiano.