Aproveitando a onda hollywoodiana em produzir remakes e reboots, além do já conhecido vício dos estúdios em comédias besteirol, era realmente aceitável que o cinema trouxesse uma nova roupagem de um dos ótimos filmes do gênero: ‘Os Safados’ (1988), estrelado por Steven Martin e Michael Caine.

 Com uma boa proposta e nomes de peso, em ‘As Trapaceiras’, o protagonismo e os golpes ficam a cargo das atrizes Anne Hathaway e Rebel Wilson interpretando as vigaristas Josephine e Penny, respectivamente. Mas, o que era para ser uma comédia leve, despretensiosa, com personagens femininas bem desenvolvidas, acaba sendo mais um filme ruim na lista de péssimas escolhas que a experiente e ganhadora do Oscar Anne Hathaway vem fazendo nos últimos anos.

A produção do estreante diretor em longas-metragens Chris Addison, utiliza exatamente a mesma narrativa e cenários de ‘Os Safados’. No filme, as vigaristas Josephine e Penny se encontram em um trem a caminho da Riviera Francesa, a procura de novas vítimas para os seus golpes. Com o interesse de cometer novas trapaças, Josephine ensina Penny a arte em aplicar golpes mais sofisticados e acaba utilizando a aprendiz para enganar os ricaços da cidade.

TRAÍDO NA PRÓPRIA PROPOSTA

A base crítica na qual ‘As Trapaceiras’ é fincada está na frase “homens são alvos fáceis porque não conseguem admitir a possibilidade de uma mulher ser mais esperta que eles”. Por si só, é um argumento clichê, mas aceitável para um filme que deve pregar o empoderamento feminino na comédia.

Com um discurso todo embasado para criticar os homens por julgarem as mulheres de forma artificial, o preconceito com Penny por ela não se encaixar nos padrões femininos de beleza e na afirmação que a classe masculina é alvo simples. ‘As Trapaceiras’ segue o manual de piadas fáceis e atuações medianas no intuito de apenas arrancar algumas gargalhadas do público, sem nunca acrescentar uma cena plenamente original e engraçada. A impressão que fica que a obra se resume a retalhos de outros filmes do gênero. A julgar pelas pessoas que estavam comigo durante a sessão, o longa consegue alcançar, ao menos, o objetivo de fazer rir.

Com um roteiro mal feito e uma montagem que deixa algumas cenas com vários cortes desnecessários, o remake sobrevive graças a simpatia de Rebel e a presença de Anne Hathaway, que, na maioria das vezes, parece bem desconfortável com o papel, apesar de tentar desempenhá-lo da maneira mais digna possível. É claro que para os fãs da atriz, ver Anne belíssima em roupas de alta costuma, de cores fortes, dá aquela leve nostalgia e naturalmente nos faz lembrar de sua Andy, personagem em “O Diabo Veste Prada”. Fica claro aqui que a produção faz isso propositalmente.

Mas nem a reverência pela atriz premiada consegue salvar um filme que se perde completamente no segundo e terceiro ato, ao acrescentar um personagem masculino como objeto de disputa entre as vigaristas. Ao final, a direção e o roteiro se perdem de vez em sua proposta feminista, ao elevar o homem ao protagonismo da história. Por fim, ‘As Trapaceiras’ acaba deixando um gosto amargo nos fãs de boas comédias.

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