Caio Pimenta traz uma lista com 10 filmes brasileiros que mereciam indicações ao Oscar entre 2010 a 2022.
DE “TROPA 2” A “BACURAU”
Sucessos de crítica e público são os primeiros desta lista.
Se o primeiro filme era, no mínimo, problemático, “Tropa de Elite 2” corrige os rumos ao ampliar o escopo das análises sociais, mostrando o crescimento das milícias no Rio de Janeiro e como a corrupção atingia vários níveis para além da violência das ruas.
“Que Horas Ela Volta?” é um filme universal sobre as diferenças de classes incorporadas ao cotidiano, mas, sempre causadoras de tensões inevitáveis.
Isso colocado dentro de um Brasil até então em transformação e conduzido de forma certeira por Anna Muylaert faz do longa uma obra fundamental.
“Bacurau” chegou aos cinemas brasileiros como um grito de resistência e alcançou um público impressionante graças ao boca-a-boca positivo e o impacto nas redes sociais.
Um filme pop, jogando com o western e o terror em uma trama tão brasileira, mas, capaz de dialogar com o planeta inteiro.
DE “SERTÂNIA” A “BOI NEON”
Aproveitando “Bacurau”, o Nordeste brasileiro rendeu alguns dos melhores filmes nacionais recentes.
Foi o caso de “Sertânia”: a despedida de Geraldo Sarno é um épico no sertão seco, de sol queimando tudo que toca e das explorações a um povo sofrido e repleto de fome.
Uma despedida em alto nível de um mestre.
Já “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro, mostra as ambivalências de uma região rica em diversidade, mas, ainda convivendo com o machismo e retrocessos.
O filme conta com atuações excelentes de Maeve Jinkings e Juliano Cazarré.
E, claro, tem “O Som ao Redor”.
O primeiro longa-metragem do Kleber Mendonça Filho retrata como Brasil urbano e moderno foi construído a partir de um passado escravagista e com muito sangue.
Tudo isso a partir de um mosaico de personagens tão próximos a todos nós. Obra-prima.
DE “O LOBO ATRÁS DA PORTA” A “MARTÍRIO”
Quase sempre colocado em segundo plano, “O Lobo Atrás da Porta”, a princípio, é um daqueles suspenses que você pensa ter visto mil vezes.
Porém, à medida em que a história se desenvolve, o diretor Fernando Coimbra ao lado do elenco excelente liderado pela Leandra Leal constrói um universo tão angustiante que o espectador se vê completamente sem norte com os rumos da trama.
Um suspense que Hollywood esqueceu de fazer não é de hoje.
Já “Martírio” é um documentário épico de três horas do Vincent Carelli sobre a luta do povo Guarani Kaiowá para seguir vivo e com suas terras em meio à expansão do agronegócio no Centro-Oeste.
Um filme para ser exibido em horário nobre e que, se chegasse ao Oscar, certamente o tema ganharia ainda mais projeção internacional.
“arábia” e “a vida invisível”
Com sua narrativa melancólica e quebrando as expectativas do público após os primeiros 30 minutos, “Arábia” apresenta um dos filmes mais tristes sobre a solidão e sobrevivência silenciosa e desesperada do trabalhador no Brasil.
Já “A Vida Invisível” é uma jornada pelo machismo estrutural brasileiro e a forma como ele destrói a vida de mulheres a partir de duas irmãs separadas.
Um melodrama marcante do Karim Ainouz.