De Paul Dano a Martin Sheen, Caio Pimenta traz mais uma lista de atores nunca indicados ao Oscar até hoje.

DE SHEEN A CUSACK

Com uma carreira iniciada há mais de 50 anos, o Martin Sheen já fez de tudo na indústria e, mesmo assim, até hoje, a Academia nunca o reconheceu. E olha que grandes atuações não faltam. 

Logo na estreia nos cinemas, o Martin Sheen foi indicado a Melhor Ator Coadjuvante no Globo de Ouro de 1968 por “A História de Três Estranhos”. A Academia, entretanto, não deu vez para ele.

Nos anos 1970, vieram dois clássicos: “Terra de Ninguém” e “Apocalypse Now”. E novamente esquecido, algo menos traumático do que o ataque cardíaco enfrentado no set do épico de guerra do Francis Ford Coppola. 

Depois, passou um tempo sem grandes obras até retomar em “The West Wing”. A última oportunidade mais clara rumo ao Oscar veio com “Os Infiltrados”, mas, adivinha…  

Chega a ser inacreditável como dois dos maiores coadjuvantes do cinema americano nunca foram lembrados pelo Oscar. 

Não foram por falta de bons filmes que o Steve Buscemi nunca chegou a ser indicado.

Na filmografia do ator estão ótimos trabalhos como “Cães de Aluguel”, “Fargo” e “O Grande Lebowski”.

Também com o Joel e Ethan Coen, o John Turturro brilhou em “Barton Fink”, ganhador da Palma de Ouro em 1991.

Mesmo assim, a Academia optou pelos tradicionais Robin Williams, de “O Pescador de Ilusões”, e o Nick Nolte, por “O Príncipe dos Mares”.

Antes disso, não teria sido absurdo vê-lo no Oscar com “Faça a Coisa Certa” e, posteriormente, com “Quiz Show”, “E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?” e, claro, o fabuloso Jesus Quintana, de “O Grande Lebowski”. 

 
Ainda na turma cult, não dá para esquecer do John Cusack: nos anos 1990 e início dos 2000, o ator virou um xodó da cinefilia.

Fazia de tudo e muita coisa de qualidade como “Tiros na Broadway”, “Matador em Conflito” e “Quero ser John Malkovich”.

Foi somente com “Alta Fidelidade”, comédia roqueira de 2000, que ele mais chegou perto da indicação: no Globo de Ouro, o Cusack foi indicado em Melhor Ator Comédia/Musical, mas, perdeu para o George Clooney, de “E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?”. 

DANO A ELBA

Da nova geração, nenhum, talvez, seja mais injustiçado do que o Paul Dano.

Se ter ficado fora do Oscar de coadjuvante por “Pequena Miss Sunshine” não chocou tanto pela concorrência interna, a esnobada em “Sangue Negro” foi inexplicável até pelo duelo impressionante ao lado do Daniel Day-Lewis.

Depois, viu filmes como “The Beach Boys”, “Um Cadáver Para Sobreviver” e a estreia na direção “Vida Selvagem” não irem longe.

A esperança era “Os Fabelmans”, mas, a Academia repetiu o que aconteceu com “Sunshine”, optando pelo colega de elenco Judd Hirsch. 

O Oscar tenta ser cada vez mais global ao longo dos últimos anos com a entrada de novos integrantes. Quem sabe evite erros históricos cometidos em relação a grandes atores de filmes falados em outros idiomas que não o inglês.  

O galã Mads Mikkelsen já era conhecido de Hollywood por ter sido o vilão de “007 – Cassino Royale” ao estrelar o grandioso “A Caça”.

Interpretando um professor acusado injustamente de atos de pedofilia, o dinamarquês personifica os males de uma difamação terrível.

Oito anos depois, a Academia teve uma nova chance de indicá-lo com “Druk”.

Mikkelsen fez de tudo, inclusive, dançar, porém, novamente, foi gongado. 

“O Filho da Noiva”, “Nove Rainhas”, “O Segredo dos Seus Olhos”, “Abutres”, “Um Conto Chinês”, “Elefante Branco”, “Relatos Selvagens”, “Argentina 1985”

Apesar de ser a cara do grande cinema argentino nas últimas décadas, o Ricardo Darín nunca chegou sequer perto de ser cogitado ao Oscar.

Como ele já disse que não tem o menor interesse de trabalhar em Hollywood, considero bem difícil ter esperanças de vê-lo na premiação. 

Beasts of No Nation, com Idris Elba - Netflix

O Idris Elba se destacou no sucesso “The Wire”, premiada série da HBO, mas, demorou um tempo para ganhar grandes trabalhos no cinema.

A primeira atuação de destaque visando as premiações foi em “Mandela” ao interpretar o líder sul-africano. O Globo de Ouro até o indicou a Melhor Ator de Drama, mas, o Oscar o esnobou.

Pior mesmo foi “Beasts of no Nation”: interpretando o sanguinário comandante, o Idris Elba arrancou elogios no primeiro filme da Netflix a postular maiores ambições na awards season.

Foi nomeado em Ator Coadjuvante no Globo de Ouro e venceu o SAG. Tinha tudo para ir ao Oscar, mas, sofreu uma esnobada que ninguém entende até hoje.  

 GRANT E MCGREGOR

Completo a lista com dois astros britânicos com anos de serviço prestados ao cinema e protagonistas de filmes para lá de queridos do grande público. 

Há quem diga que o Hugh Grant sempre faz o mesmo personagem, o que não deixa de ser verdade, porém, também é fato que ele atua muito bem dentro deste estilo marcado pelo bom humor, carisma e ironia.

Desta forma, venceu o Globo de Ouro em Ator Coméda/Musical por “Quatro Casamentos e um Funeral”, além de ter conquistado o público em “Razão e Sensibilidade”, “Um Lugar Chamado Notting Hill”, “O Diário de Bridget Jones”, “Um Grande Garoto” e “Simplesmente Amor”.

Poderia ter sido indicado nem que fosse pelo conjunto da obra. 

Já o Ewan McGregor é mais versátil e poderia ter chegado ao Oscar logo cedo em “Cova Rasa” e “Trainspotting”, ambas parcerias com o Danny Boyle.

Em “Moulin Rouge”, viu os colegas Nicole Kidman e Jim Broadbent nomeados, enquanto ele ficou de fora.

“O Sonho de Cassandra” não rendeu nem para ele nem para o Colin Farrell, enquanto “O Escritor Fantasma” e “Raymond e Ray” ficaram pelo meio do caminho.