Deu o esperado no Oscar 2024 de Melhor Documentário: “20 Dias em Mariupol” é o grande vencedor. Agora, eu apresento os quatro principais que levaram a esta conquista e porque eu acho um absurdo este resultado. 

1. QUALIDADE DO FILME – 50%

Ao longo desta série de vídeos, eu atribuo 50% das vitórias à qualidade do trabalho em si. Aqui, eu vou tentar induzir o que os votantes enxergam de virtudes em “20 Dias em Mariupol”. 

O documentário do jornalista ucraniano Mstyslav Chernov, da Associated Press, durante os primeiros 20 dias de cerco russo a Mariupol, cidade situada no sul da Ucrânia, próxima ao país vizinho, não poupa o espectador de absolutamente nada. Acompanhamos a deterioração do local à medida em que as tropas de Putin avançam.

“20 Dias em Mariupol” traz a crueza do conflito de forma direta, chocando a todos que o assistem, um objetivo claro do cineasta, dito por ele, aliás, durante a obra.

Acredito ainda que os votantes da Academia também considerem a coragem de Chernov como um ato importante de alerta mundial para o conflito. 

2. Apoio à Ucrânia – 35%


Já 35% do resultado se deve a ser uma forma da Academia demonstrar apoio à Ucrânia no conflito contra a Rússia.

Quando a guerra estourou em 2022, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky participou da maior parte dos shows da temporada de premiação, exceto do Oscar.

Com a escalada da guerra e a importância das eleições nos EUA para o destino do confronto, os artistas de Hollywood podem mostrar que estão contra Putin. 

3. CASO NAVALNY – 10%

 Falando no líder russo, a morte recente de Alexei Navalny em uma prisão remota também conta neste resultado com 10% de influência.

Vale lembrar que o documentário sobre a vida do opositor de Putin ganhou o Oscar da categoria no ano passado.

“20 Dias em Mariupol” reforça este discurso contra o atual comandante da Rússia e, indiretamente, serve como mensagem de apoio a todos que resistem contra ele. 

4. CONCORRÊNCIA FRACA – 5%

Em menor escala – 5% -, vejo uma categoria sem candidatos pesos-pesados capazes de fazer frente a “20 Dias em Mariupol”.

“American Symphony” poderia ter sido quem tivesse dado mais trabalho por toda a força da Netflix, porém, foi esnobado.

Já os demais, apesar das importantes histórias, não tinham este peso político do conflito na Ucrânia de tema. 

Para mim, “20 Dias em Mariupol” é um filme terrível. Entendo a necessidade de mostrar a gravidade do conflito, mas, não daquela forma, expondo as últimas imagens públicas de pessoas com suas vísceras para fora, completamente ensanguentadas. E estas vítimas são de todas as idades: de bebê de 3 meses a uma mulher grávida. Há um limite ético gravíssimo que o filme passa para fazer a denúncia necessária que deseja. Não sou de dizer o que você deve ou não assistir, mas, neste caso, recomendo apenas se você tiver estômago e muita coragem. Caso contrário, evite.