De “O Delator” a “Depois do Vendaval”, Caio Pimenta analisa da pior à melhor indicação da carreira de John Ford.

5. DEPOIS DO VENDAVAL 

“Depois do Vendaval” foi a última indicação da carreira do Ford e rendeu a ele o recorde de vitórias da categoria. 

A quarta estatueta chegou por um filme simpático, capaz de situar o espectador muito bem nos costumes e tradições irlandeses com imagens belíssimas.

Por outro lado, “Depois do Vendaval” se estende além do necessário em uma história sem tanto a oferecer. 

Para mim, teria premiado o Fred Zinnemann, de “Matar ou Morrer”, no Oscar de 1953, porém, acho que o fato der ver o John Ford se aventurando por um romance com tons de comédia para um diretor tão marcado por filmes de ação, faroeste ou dramas pode ter seduzido a Academia. 

4. O DELATOR 

Em 1936, veio a primeira indicação e vitória da carreira do John Ford no Oscar. 

“O Delator” se passa durante a guerra da independência da Irlanda e acompanha a história de um sujeito recusado a entrar no exército revolucionário irlandês que vê a chance de dar a volta por cima ao delatar por uma boa recompensa seu melhor amigo. Porém, as consequências deste ato serão cobradas de forma cara. 

Naquele Oscar, o Ford com este suspense, antecipando o cinema noir que explodiria anos depois, superou o Frank Lloyd do ganhador de Melhor Filme, “O Grande Motim”. 

3. COMO ERA VERDE MEU VALE 

Em 1942, o John Ford levou a terceira e mais contestada estatueta da carreira. 

Afinal, o diretor de “Como Era Verde Meu Vale” ganhou de Orson Welles e do revolucionário “Cidadão Kane”.

Apesar de hoje o resultado ser considerado um absurdo, na época, não foi visto assim até porque o Ford tinha um grande prestígio na indústria e a adoração a “Kane” ter vindo anos depois com o status que possui hoje. 

É preciso dizer que “Como Era Verde Meu Vale” passa muito longe de ser um filme ruim; trata-se de uma das produções mais significativas sobre as dificuldades e sofrimentos da classe operária e uma história conduzida de forma linda ao longo de décadas pelo John Ford.  

2. NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS 

A única derrota do John Ford no Oscar veio na cerimônia gigantesca de 1940. 

Somente a entrada em cena de John Wayne, capaz de imortalizar um dos maiores astros da história de Hollywood e sintetizar o faroeste, já fazia o John Ford merecer, pelo menos, a indicação por “No Tempo das Diligências”.  O ritmo empregado no filme faz os 96 minutos passarem rapidamente com grandes cenas de ação e personagens cativantes para prender o público. 

Naquele ano, porém, o John Ford bateu de frente com o épico “E o Vento Levou” e perdeu a estatueta para o Victor Fleming. 

1. VINHAS DA IRA 

A maior indicação e vitória da carreira do John Ford veio por uma obra-prima inesquecível. 

Em “As Vinhas da Ira”, o diretor nos conduz para um lado raro de ser visto no cinema norte-americano da época ao mostrar o abandono da população mais pobre à própria sorte e a luta pela sobrevivência.

Mesmo o sentimentalismo de Ford, aqui, parece diluído pela dureza da história, fazendo o cineasta criar uma das cenas mais poderosas do cinema com o discurso do personagem do Henry Fonda. 

A MAIOR ESNOBADA – RASTROS DE ÓDIO

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Com 146 filmes creditados como diretor, escolher uma produção para representar a maior esnobada da carreira do John Ford poderia sem tarefa dificílima. Porém, há uma obra-prima indiscutível que não há como explicar ter ficado fora do Oscar. 

“Rastros de Ódio” reúne Ford com a agora lenda John Wayne para um faroeste revisionista sobre as bases de construção dos EUA e do próprio gênero. Das imagens épicas dos personagens em contraste à imensidão do Velho Oeste e o tom mais denso adotado pelo diretor tornam a produção um ponto fundamental para a evolução do western. A rima visual das portas se abrindo e fechando no início e final do filme são gigantes. 

Em 1957, a Academia, infelizmente, resolveu abraçar o cinemão espetáculo de “A Volta ao Mundo em 80 Dias” e “Os Dez Mandamentos”. Quem levou Melhor Direção foi o George Stevens, do épico “Assim Caminha Humanidade”, um trabalho que não faz nem cócegas ao que realiza Ford em “Rastros de Ódio”. 

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