Sabe quando você faz tudo errado, mas, no final, consegue aquela nota suficiente para passar de ano? Este sentimento de alívio deve estar passando pela cabeça dos executivos da Sony Pictures com o Oscar de “Entre Mulheres” em Melhor Roteiro Adaptado.  

A produção chegou com pompa na temporada sendo cotada para ser um peso-pesado nas principais categorias, porém, passou maus bocados, se apagou, ficou fora do PGA e DGA, quase fazendo o mesmo no Oscar. Roteiro Adaptado era a salvação da lavoura, mas, o desempenho abaixo deixou em risco a estatueta. 

A sorte de “Entre Mulheres” é ter Sarah Polley. A diretora/roteirista é daqueles nomes discretos, mas, adorados pelos seus pares na indústria. Basta notar o elenco gigantesco que reuniu para o drama: Claire Foy, Jessie Buckley, Rooney Mara e, claro, Frances McDormand.  

“Entre Mulheres” ainda traz a importância e o simbolismo da temática do feminismo para o Oscar. O roteiro aborda de forma bem-sucedida a gradativa compreensão da anomalia de um relacionamento abusivo para quem conviveu com aquela realidade desde cedo assim como a importância da sororidade e das redes de apoio para evitar casos do tipo. 

Pena a direção da própria Sarah Polley e, principalmente, a equivocada direção de fotografia Luc Montpellier tirarem muito do peso do roteiro. Para a vitória de “Entre Mulheres”, não dá também para deixar de lado como foi uma temporada fraca na categoria.  

As primeiras especulações apontavam “A Baleia” e “Ela Disse” como potenciais nomes fortes ao prêmio. Os dois dramas, entretanto, sequer foram nomeados. “Living” era muito discreto para ser o vencedor, enquanto “Glass Onion” seria uma improvável escolha popular. Foi neste cenário que surgiram dois indicados improváveis: “Top Gun: Maverick” e “Nada de Novo no Front”. Se o primeiro podia celebrar só estar na categoria, o drama alemão até cogitou ir além após vencer o Bafta, mas, a Sarah Polley conseguiu evitar uma surpresa de última hora. 

Na comparação com vencedores da categoria de edições passadas, “Entre Mulheres” tem a mesma sorte de encontrar pares nada empolgantes. Supera “Coda” e “Jojo Rabbit” e perde de “Meu Pai”, “Infiltrado na Klan”, “Me Chame Pelo Seu Nome” e “Moonlight”.