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“Aruanas” / “A Febre”

O Amazonas recebeu duas grandes e importantes produções neste ano: a nova série da Globo, “Aruanas”, e o primeiro longa da carreira de Maya Da-Rin, “A Febre”. A primeira será exibida na Globoplay e conta com Taís Araújo, Leandra Leal, Débora Falabella e Camila Pitanga no elenco. Já a segunda é um projeto da Enquadramento Produções com lançamento previsto para 2019.

Em ambas, profissionais do Estado tanto na frente quanto atrás das câmeras participaram dos projetos, ganhando e trocando experiências em diversas áreas. Tal intercâmbio permite ainda mais conhecimento do audiovisual e possibilidade de novos mercados, além de visibilidade para os artistas locais em âmbito nacional e internacional.


Casarão de Ideias

O Casarão de Ideias se consolidou com o espaço cultural para os amantes de cinema de arte na cidade. Sediou estreias com as presenças dos diretores para bate-papos abertos ao público como foram os casos ocorridos em “Sob a Pata do Boi” e “Ex-Pajé“, deu espaço para exibição de curtas-metragens locais no primeiro semestre, promoveu o Festival Remaster em parceria com o Cine Set, além, claro, de trazer filmes fora do circuito comercial tradicional.

A criação do café deixou o local ainda mais aconchegante e, por fim, abrigou o importante curso gratuito de formação de cineastas ministrado por Walter Fernandes, projeto vencedor do edital Conexões Culturais de 2017.

Conheça mais sobre a iniciativa no videocast abaixo:

Fernanda Diniz

Manaus terá representante em uma das produções mais aguardadas da Disney: Fernanda Diniz estará ao lado de Angelina Jolie e Elle Fanning no elenco de “Malévola 2”. A atriz gravou as cenas para o blockbuster no primeiro semestre deste ano.

A oportunidade pode abrir portas para uma carreira traçada na Europa e que já rendeu participações em projetos como a comédia “Red Devil” e o remake de “Papillon” com Charlie Hunnam e Rami Malek. Quem sabe 2019 não reserva ainda mais grandes papéis?

Flávia Abtibol

Diretora de curtas-metragens como “Strip Solidão” e “Dom Kimura“, Flávia Abtibol conseguiu ter o projeto de desenvolvimento de longa-metragem aprovado no Itaú Cultural. “Niima” pretende tratar de indígenas travestis moradores da aldeia de Umariaçu, na cidade de Tabatinga, no interior do Amazonas e localizada na região da tríplice fronteira entre Brasil-Colômbia-Peru.

Com o apoio do Itaú Cultural, ela poderá fazer todo o trabalho de pesquisa, indo até a região fazer entrevistas prévias com os personagem do documentário, além de finalizar o roteiro do filme. Que 2019 traga ainda mais frutos para este projeto.

Matapi – Mercado Audiovisual do Norte

O mais importante evento de cinema da região realizado desde o Amazonas Film Festival não exibiu um único filme, mas, o legado para quem soube aproveitá-lo foi imenso. O Matapi permitiu a realizadores da Região Norte apresentar projetos para players de emissoras nacionais em rodadas de negócios, tirar dúvidas sobre assuntos importantes relacionados ao mercado do audiovisual e preparar pitchings da melhor maneira possível.

Acima de tudo, o entendimento de que cinema/audiovisual envolve uma ampla cadeia produtiva capaz de gerar receita se bem compreendida pode abrir portas para um profissionalismo maior das produtoras e artistas locais.

Mormaço Sonoro

Colocar a música amazonense em evidência através do audiovisual. A partir desta proposta simples, “Mormaço Sonoro” apresentou em sete episódios artistas dos mais variados estilos e gêneros: Casa de Caba, Punga Baré, Os Platinados, Holodomor, Elisa Maia, Eliberto Barroncas, Jander Manauara e Deejay Carapanã.

Com direito a uma sessão de estreia no Teatro Amazonas, o projeto disponível no YouTube e na TV Ufam marca mais uma produção importante de Keila Serruya, uma das artistas mais criativas, plurais e inquietas do Amazonas.

E aos 49 minutos do segundo tempo, uma grande notícia: o curta “ASSIM”, do Grupo Picolé da Massa e dirigido por Keila, será exibido no Festival de Roterdã 2019 dentro da Mostra Alma no Olho: o legado de Zózimo Bulbul e o Cinema Negro Brasileiro Contemporâneo.

“Obeso Mórbido”

Pode-se considerar “Obeso Mórbido” como o filme do ano do cinema amazonense. E não falo isso apenas pelas conquistas alcançadas em eventos nacionais como a vitória de Diego Bauer na categoria de Melhor Ator do Maranhão Na Tela 2018 ou a seleção para a Mostra Tiradentes 2019.

Por mais que os diretores relutem em assumir este hibridismo, a produção revela-se um exercício intrigante entre ficção e documentário, além de mostrar uma parceria consistente por Diego trazer a carga dramática, enquanto Ricardo Manjaro encaixa o enredo ao formato visual e técnico preciso.

Olhar do Norte

De todos os festivais/mostras de cinema realizados em Manaus desde o Amazonas Film Festival, o Olhar do Norte foi, de longe, o mais organizado e bem estruturado.

Mostras competitivas para produções do Estado e da Região Norte, exibições de importantes curtas-metragens nacionais, vinda de Jorge Bodanzky e João Dumans para apresentarem, respectivamente, “Iracema, uma Transa Amazônica” e “Arábia“, debates com os realizadores dos filmes exibidos e com membros do audiovisual amazonense, oficinas…

Uma programação extensa e ampla com potencial para se firmar ainda mais em 2019 e se tornar um dos grandes eventos de cinema da região.

Sérgio Andrade

Terceiro longa-metragem da carreira de Sérgio Andrade (“A Floresta de Jonathas” e “Antes o Tempo Não Acabava“), “A Terra Negra dos Kawá” começou a trajetória na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival do Rio deste ano. Com a presença de nomes nacionalmente conhecidos como Mariana Lima ao lado de atores indígenas como Kaya Sara e Anderson Kary-Bayá, a produção rodada na região metropolitana de Manaus será exibida na capital no Festival Olhar do Norte 2019.


Thiago Morais

Curta-metragem finalizado no curso de audiovisual da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), “A Estranha Velha que Enforcava Cachorros” levou Thiago Morais a diversos festivais de cinema no Brasil e exterior: São Paulo, Santa Catarina, Pará, Goiás, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Rio de Janeiro e até Nigéria.

Mas, não foi somente na produção que o realizador se destacou: Thiago também promoveu cursos gratuitos de formação audiovisual no Museu Amazônico, ensinando diversos estudantes técnicas de cinema e vídeo.

DECEPÇÃO


Mostra do Cinema Amazonense

Pesquisador histórico do cinema local, o professor Narciso Lobo apontava que a produção local vivia de ciclos e, em seguida, vinham períodos de estagnações preocupantes. Apesar da atual fase mostrar uma quebra disso através de uma produção consistente dos últimos 15 anos graças à era digital, regionalização dos investimentos e outros fatores, os solavancos continuam. O fim do Amazonas Film Festival e do curso da UEA, mais a estagnação dos investimentos da SEC são bons exemplos disso.

Em 2018, a Mostra do Cinema Amazonense foi pelo mesmo caminho.

Realizada pelo Fórum do Audiovisual do Amazonas, um grupo de Facebook que reúne membros da cadeia produtiva do setor, a Mostra aconteceu de 2015 e 2017 servindo como um panorama do que foi feito no Estado em cada ano.

A falta de estrutura, organização coesa e união da classe fazia, entretanto, o evento acontecer quase como um milagre devido ao esforço de meia dúzia de pessoas. Milagres, entretanto, não duram para sempre e a Mostra acabou sem sinais de que voltará tão cedo.

No ano do ‘ninguém solta a mão de ninguém’, a lição para o audiovisual talvez seja ‘pega a mão do outro’.

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