Seguindo uma tendência atual de produzir filmes da linha biográficos não apenas sobre pessoas, mas também sobre marcas e produtos, “BlackBerry” narra a história desde a criação da linha de smartphones até o seu colapso. Desta forma, o longa se junta a obras como “Tetris” e “Air – A História por Trás do Logo”. No entanto, o filme dirigido por Matthew Johnson aposta em uma narrativa mais simplificada e com toques de humor.

 O foco da trama é mostrar a criação, ascensão e queda do BlackBerry, um dos primeiros smartphones criados, que chegou a dominar o mercado mundial de celulares. Jay Baruchel interpreta Mike Lazaridis, que, junto com o melhor amigo e sócio Doug Fregin, interpretado por Matthew Johnson (sim, ele também atua!), se une ao empresário e investidor Jim Balsillie (Glenn Howerton) para criar o celular. 

Diferentemente de ‘A Rede Social‘, que marcou o subgênero ao transformar toda a história da criação do Facebook em uma narrativa mais dramática e complexa, ‘BlackBerry’ mantém uma abordagem mais simples. Ele não aprofunda nos aspectos técnicos da criação do celular nem nas complexidades do mundo corporativo, preferindo se concentrar no passar do tempo e nos eventos que deram origem e crescimento à marca. Tudo é feito com elementos nostálgicos que conseguem transmitir uma visão mais abrangente da passagem do tempo. 

 ALÍVIO EM SUBGÊNERO CANSATIVO

O grande diferencial de “Blackberry” é não se levar tão à sério. Da caracterização caricata de Lazaridis e Fregin passando pela inserção de momentos desconfortáveis que proporcionam humor de forma natural, tudo se torna uma verdadeira sátira sobre aqueles homens teoricamente poderosos. Vale ressaltar ainda a escolha da abordagem próxima a um mockumentary com a câmera sendo segurada na mão e como se estivesse escondida, captando a euforia e tragédia de forma secreta. 

Conhecido pela sitcom “It’s Always Sunny in Philadelphia”, Glenn Howerton brilha como o executivo Jim Balsillie. O ator convence ao adotar um tom sério, impulsionado pela raiva e ambições, embora não deixe de proporcionar momentos de humor. Baruchel, por sua vez, tenta, mas não se destaca tanto quanto esses dois, atrapalhado por simplesmente ser jovem demais para o papel. 

“BlackBerry” consegue inovar e trazer algo novo para o subgênero, que parece cada vez mais cansativo e repetitivo. Aqui, temos algo que consegue cativar tanto as pessoas que viveram a época da ascensão do celular quanto aquelas que não sabem nada sobre o assunto, seja pelos elementos nostálgicos ou pelo humor presente. No entanto, ao simplificar demais a história e dar pouco espaço para o desenvolvimento dos personagens, a obra perde a oportunidade de se aprofundar junto aos espectadores, o que pode torná-la menos memorável com o tempo.