Cansado do terror metafísico, filosófico, do “”””pós-terror”””” (termo horroroso, eu sei)? Saudade daquele slasher raiz com sangue e tripas para todos os lados? Daquele assassino indestrutível que não morre por nada? E das garotas gostosas com seus peitos e coxas à mostra correndo de forma inútil para escapar da morte inevitável?  

Seus problemas acabaram! “Terrifier 2”, continuação de um underground de baixo orçamento lançado em 2017, traz a essência do slasher em um filme vendido como o responsável por levar o público a sair vomitando e passando mal dos cinemas. Se antes de assisti-lo achava se tratar de uma peça publicitária sensacionalista, agora, entretanto, não duvido que seja realidade. Afinal, o diretor e roteirista Damien Leone capricha no sadismo e na nojeira como um longa do subgênero pede. 

ENTRE O RISO E VÔMITO 

“Terrifier 2”, diferente do primeiro filme, tenta ter uma história – não que ela importe muito: estamos em uma cidadezinha norte-americana em um tradicional High School no Halloween (uau). Lá, vive Sienna (Lauren LaVera, uma mistura de Mila Kunis com Emma Stone) ao lado da família formada pela mãe e o irmão mais novo. O pai morreu de forma misteriosa. Claro que não demora para aparecer Art, O Palhaço, e tocar o terror. 

O grande achado da série (sim, série; ou você acha que “Terrifier” vai parar por aqui?) continua sendo como David Howard Thornton encarna o assassino mesmo nas maiores atrocidades: distante da dureza de Jason ou Michael Myers, Art, o Palhaço traz um humor circense, quase bobo diante das circunstâncias mais cruéis. Damien Leone sabe tanto disso que explora o humor até exageradamente na série de caretas em uma loja de brinquedos, mas, a graça acontece mesmo nas sequências de matança se aliando ao grafismo absurdo. 

Impossível não rir do sangue pastoso bem fake do pobre atendente morto com um machadinho ou da horripilante sequência da amiga de Sienna desfigurada no quarto – a cena que provavelmente fez todo mundo sair ‘vomitado’ do cinema. Para cada facada, uma careta de quem está fazendo uma travessura.  

TURMA DA PODREIRA 

Em certos momentos, “Terrifier 2” até insinua uma certa sofisticação ao homenagear Wes Craven e o clássico “A Hora do Pesadelo” em uma gravação de comercial e com homenagens a Ed Wood e outros filmes de terror das antigas, mas, Leone quer mesmo é ser da turma do fundão, da podreira. 

Pode até durar um pouco mais do que necessário (2h18) e a reta final ser mais do mesmo (parque de diversões? Sério?), mas, “Terrifier 2” traz uma aura tão alegre e até inocente perto de seus pares atuais que o único temor é ver seu vigor diluído ao cair nas mãos de um estúdio mais convencional.