O Festival de Cinema da Amazônia – Olhar do Norte 2023 trará uma nova safra de produções dos principais realizadores do cinema amazonense. Ao todo, serão sete curtas-metragens do Estado concorrem na Mostra Amazônia, a principal do evento a ser realizado entre os dias 22 e 25 de agosto, no Teatro Amazonas. Entre os nomes estão figuras tradicionais e outros novatos em fase inicial da carreira.

Confira abaixo os filmes amazonenses na Mostra Amazônia:

“ALEXANDRINA, UM RELÂMPAGO”, DE KEILA SANKOFA

Artista visual, gestora do Grupo Picolé da Massa e realizadora audiovisual, Keila Sankofa se tornou uma das principais exponentes da cultura amazônica e negra do Brasil. Nos cinemas, já realizou filmes como “Sardinhas em Lata” e “ASSIM”, o qual foi selecionado para o Festival de Roterdã em 2019. No Olhar do Norte deste ano, Keila chega com “Alexandrina – Um Relâmpago”, projeto que faz parte do Direito à Memória – Outras Narrativas.

O filme faz do cinema de invenção um campo fértil de contestação, que ousa rasgar os registros do perverso e mentiroso passado, onde Alexandrina, mulher preta da Amazônia, que antes fora reduzida a objeto de estudo, esvaziada do seu vasto repertório de conhecimento e logo jogada ao limbo do suposto esquecimento; agora é o presente. O documentário de 11 minutos já rodou o país e o mundo em festivais, incluindo, o prestigiado Cine Ceará.

Cem Pillum – A História do Dilúvio, de Thiago Morais

Responsável pelas bem-sucedidades oficinas de cinema gratutitas no Museu Amazônico, Thiago Morais está na cena do audiovisual amazonense desde os anos 2000. Nos últimos anos, dois de seus curtas explodiram no cenário de festivais: “A Estranha Velha que Enforcava Cachorros” e “Cem Pillum – A História do Dilúvio”, o qual foi selecionado para Olhar do Norte deste ano.

A obra resgata uma das histórias contadas por Feliciano Lana, líder do povo Dessana, morto durante a pandemia da Covid-19. A animação já esteve na 21ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis e no Santos Film Festival, além de uma exibição em Paris em um evento promovido pela Unesco.

CONTROLE, DE RICARDO MANJARO

Desde os anos 2000, Ricardo Manjaro já passou pelas mais diversas experiências de cinema de gênero no cinema amazonense: policial (“A Última no Tambor“), suspense com toques sobrenaturais (“O Necromante“, vencedor da Mostra Amazonas no primeiro Olhar do Norte) até o drama em jogo com o documentário (“Obeso Mórbido“).

Agora, ele chega ao Olhar do Norte 2023 com “Controle” em que acompanhamos um aspirante a vigilante noturno cujo traumas do passado distorcem o senso de justiça, levando os domínios do controle a atingirem seus limites mais desconfortáveis. O roteiro fica por conta do próprio Manjaro em parceria com Henrique Amud e Álex Jansen, enquanto o elenco conta com Rafael César, Leonel Worton e Aline Cassiano.

O DESENTUPIDOR, DE JIMMY CHRISTIAN

Jimmy Christian é, sem dúvida, um dos diretores do atual cinema amazonense mais prolífico, sempre contando com novos lançamentos. Não à toa costuma ser um nome sempre presente no Olhar do Norte. Desta vez, ele chega com “O Desentupidor”.

O curta acompanha a história de Raimundo Perfumado (Marcos Ney), um desentupidor de fossas que encara o trabalho à base de cachaça até uma tragédia acontecer. Tudo isso visto a partir do esperto e sensível garoto Mário Augusto (Rhuann Gabriel). Gravações aconteceram na comunidade Rio Solimões 2, no Tarumã, zona oeste de Manaus.

“GALERIA DECOLONIAL”, DE ANA LÍGIA PIMENTEL

Depois de lançar o longa-metragem “Sete Cores da Amazônia”, Ana Lígia Pimentel concorre na Mostra Amazônia do Olhar do Norte 2023 com “Galeria Decolonial”. O filme com narração de Selton Mello é definido desta forma pela diretora, segundo uma reportagem da revista Quem:

“É uma videoarte sobre morte e vida da cultura caboclo-indígena através de uma galeria de quadros no igapó. E também de reflexão sobre a estátua “O Pensador”, de Rodin, que acabou atingindo seu objetivo: pensamento opressor branco europeu hegemônico se sobrepondo ao longo dos séculos sobre culturas indígenas e caboclas, colocando os mesmos em posição não pensante”.

“MEUS PAIS, MEUS ATORES PREFERIDOS”, DE gabriel bravo de lima

Premiado em 2020 no Olhar do Norte em Melhor Roteiro por “No Dia Seguinte Ninguém Morreu”, Gabriel Bravo de Lima retorna ao festival com “Meus Pais, Meus Atores Preferidos”. No segundo curta da carreira, o diretor/roteirista traz os próprios pais como protagonistas em uma produção que joga entre o campo da ficção e documentário.

O filme aborda temas delicados como a depressão do avô materno e o fato do pai ser adotado, convivendo com uma certa expectativa de encontrar os pais biológicos ao longo da vida.  

“REVOADA”, DE RAFAEL RAMOS

A pandemia da Covid-19 é o tema de “Revoada”, documentário comandada por Rafael Ramos. O diretor chega forte após o sucesso de “Manaus Hot City” por festivais Brasil afora.

Ambientado na região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, o filme mostra a luta de cientistas da Fundação Oswaldo Cruz em mapear as possíveis novas variantes do vírus em meio a uma luta contra fake news e as péssimas condições de higiene e saneamento básico da região.