Caio Pimenta traz uma lista com 10 atrizes brasileiras que mereciam indicações ao Oscar entre 2010 a 2022.
REGINA CASÉ E CAROL DUARTE
Duas duplas tiveram desempenhos excelentes capazes de serem nomeadas sem menor problema em Atriz Principal e Coadjuvante.
Em “Que Horas Ela Volta?”, a Regina Casé e Camila Márdila se complementam em uma relação mãe e filha com choques e afetos.
As duas, entretanto, transpassam o aspecto pessoal para serem símbolos de um país em transformação e todos os choques provocados por isso. Desempenhos históricos.
Carol Duarte e Júlia Stockler também tiveram trabalhos dignos de aplausos de pé no triste “A Vida Invisível”.
Mesmo não contracenando juntas durante boa parte do longa, a conexão entre as duas está presente a todo instante, seja no amor delas como um elo eterno seja nas adversidades impostas pelo horror do machismo estrutural brasileiro.
SONIA BRAGA, MARCÉLIA CARTAXO e GLÓRIA PIRES
Lendas do cinema brasileiros teriam espaço fácil no Oscar caso ele fosse mais global e menos campanhas milionárias.
Sonia Braga, em “Aquarius”, é um furacão em cena: a estrela voltou ao auge da forma com uma personagem obstinada para manter a sua casa diante da especulação imobiliária e ricaços que pensam serem capazes de tudo.
A personagem ainda foi símbolo político pela analogia inevitável ao processo político que levou ao impeachment de Dilma, em 2016.
Já a Marcélia Cartaxo diverte e emociona como a artista desvalorizada e tachada de louca em uma cidade do interior no belo “Pacarrete”.
A cena final é uma das mais emocionantes do cinema brasileiro recente.
Ainda que em um patamar menor que as duas, há de se aplaudir o trabalho de Gloria Pires como a psiquiatra Nise da Silveira.
Não seria absurdo pensar nela vide o nicho das cinebiografias no Oscar e a quantidade de atuações contestadas a terem vencido o prêmio nos últimos anos.
LEANDRA LEAL E MARIA RIBEIRO
Atrizes conhecidas do grande público pelas séries e novelas marcaram época com atuações memoráveis nas telonas.
A Leandra Leal arrebenta no subestimado “O Lobo Atrás da Porta”.
Interpretando uma mulher que perde o controle ao se apaixonar por um homem casado, ela transforma a fragilidade e insegurança inicial em um perigo completamente imprevisível e ameaçador.
Tudo de forma natural sem excessos, o que torna tudo ainda mais assustador.
A Maria Ribeiro surpreendeu a todos em “Como Nossos Pais”, afinal, após papéis pequenos e coadjuvantes nos cinemas e na televisão, ela domina o ótimo longa da Laís Bodanzky.
A naturalidade com que reproduz os dilemas da mulher urbana e lidando com uma crise sobre o próprio passado para entender melhor quem ela é hoje são o ponto alto do filme.
KARINE TELES, LUCIANA PAES E GRACE PASSÔ
As próximas três atrizes acumulam uma série de grandes trabalhos nos cinemas e fazem por merecer um reconhecimento maior do público no próprio país.
A Karine Teles encontra o papel de uma vida como a mãe superprotetora e que reluta em deixar os filhos seguirem os próprios caminhos em “Benzinho”.
A reação ao saber da novidade trazida pelo rebento mais velho já valeria qualquer indicação.
Também não dá para esquecer da Luciana Paes: transitando entre o humor e o drama, ela forma uma dupla arrasadora com o Murilo Benício em “O Animal Cordial”.
Uma nomeação a Atriz Coadjuvante não seria nenhum pouco absurdo.
Por fim, impossível falar de cinema brasileiro nas últimas décadas sem citar Grace Passô.
“República” seria suficiente para ser indicada e premiada em Curta-Metragem de Ficção.
Ficando entre os longas, o desempenho dela em “Temporada” deveria ter vencido o Oscar de Melhor Atriz com léguas de distância para parte significativa das premiadas nos últimos anos.
Fodonas! Só não vi Nise e os filmes da Grace. O restante, concordo com tudo! Acrescentaria Dira Paes em Divino Amor.