Tom Hanks já disputou seis vezes o Oscar, sendo a primeira delas em 1989 por “Quero Ser Grande”, clássico da Sessão da Tarde. Em seguida, vieram dois prêmios consecutivos.
Em 1994, ele quebrou o tabu de falar sobre a AIDS no cinema ao interpretar de forma comovente o protagonista de “Filadélfia”. O discurso de agradecimento entrou para a história como um dos mais bonitos do Oscar. No ano seguinte, conquistou o prêmio por “Forrest Gump”, o personagem icônico da vida dele. Somente Spencer Tracy tinha conquistado duas estatuetas consecutivas de Melhor Ator.
Em 1999, o Tom Hanks chegou novamente ao Oscar com boas chances de vitória pelo desempenho em “O Resgate do Soldado Ryan”. Porém, a Academia, sabe Deus porque, resolveu abraçar o Roberto Benigni, de “A Vida é Bela”. Dois anos depois, ele foi nomeado por “Náufrago”, porém, foi mais para constar mesmo: o Russell Crowe, de “Gladiador”, era favorito absoluto.
Foram necessários 19 anos para o Tom Hanks, finalmente, voltar a ser indicado ao Oscar. Isso aconteceu no ano passado quando o astro foi nomeado em Melhor Ator Coadjuvante ao viver Fred Rogers no delicado “Um Lindo Dia na Vizinhança”.
Mas, para um dos atores mais regulares, talentosos e queridos de Hollywood, seis indicações parecem bem pouco para o que ele já fez.
Por isso, eu trago esse TOP 5 de filmes pelos quais o Tom Hanks deveria ter sido indicado ao Oscar, mas, não aconteceu.
5. APOLLO 13
Depois de duas vitórias consecutivas, a Academia quis descansar a imagem do Tom Hanks e o esnobou por “Apollo 13”.
No longa do Ron Howard, ele interpreta o astronauta Jim Lovell, líder da falha missão para chegar à Lua. A naturalidade com que o ator lidera o elenco repleto de importantes nomes de Hollywood chama a atenção conduzindo um filme que fica aquém de todo o seu potencial.
Curioso que o Tom Hanks poderia ter entrado facilmente no lugar do Richard Dreyfuss, de “Mr Holland”. A ausência dele aqui em Melhor Ator e do Ron Howard em Direção enfraqueceram demais “Apollo 13” no Oscar 1996, o que abriu caminho para vitória até tranquila de “Coração Valente”.
4. O TERMINAL
Ok, “O Terminal” pode não ser a obra mais inspirada da parceria entre o ator e o Steven Spielberg, mas, ainda assim, tem o seu charme e uma atuação deliciosa dele.
Além do carisma de sempre que cria uma empatia natural do público com Viktor Navorski, Hanks vai da comédia ao humor com uma leveza remetendo a James Stewart. Consegue elevar a produção sem esforços.
O filme poderia concorrer no Oscar 2005 e a disputa em Melhor Ator estava muito boa. Se eu tivesse que tirar alguém, seria, com muito peso no coração, o Don Cheadle, de “Hotel Ruanda”.
3. SULLY
“Sully” é aquele que o Clint Eastwood faz milagre: pega uma história que daria, no máximo, um curta-metragem, e consegue expandi-la a ponto de conseguir abordar muito bem dilemas norte-americanos. E aqui ele conta, pela primeira vez, com o Tom Hanks.
O ator se utiliza de sua imagem pública, admirada por simbolizar confiança e retidão moral, para emprestar ainda mais força à composição de liderança do piloto de avião que salvou dezenas de vidas em um pouso forçado no Rio Hudson, em Nova York. Na outra linha narrativa, do julgamento do caso, Hanks explora muito bem as incertezas de uma pessoa colocada em uma situação absurda sem saber para onde ir e o que fazer.
Por mais que eu goste de “La La Land”, eu tiraria tranquilamente o Ryan Gosling e colocaria o Tom Hanks aqui em Melhor Ator no Oscar 2017.
2. ESTRADA PARA PERDIÇÃO
Foi com Sam Mendes que o Tom Hanks teve o papel mais subestimado da carreira.
Esqueça todo o bom mocismo do astro: em “Estrada Para Perdição”, o ator encarna o sombrio assassino da máfia Michael Sullivan. Contido, o astro vive um anti-herói diferente de tudo que vivera no cinema até ali.
Se eu pudesse votar no Oscar, teria colocado o Tom Hanks no lugar do Michael Caine, indicado em 2003 por “O Americano Tranquilo”.
1. CAPITÃO PHILLIPS
A maior esnobada do Oscar no Tom Hanks veio na cerimônia de 2014.
Em “Capitão Phillips”, interpreta o líder de um navio invadido por piratas da Somália. No primeiro filme da parceria com Paul Greengrass, o astro encarna toda a tensão da situação ao mesmo tempo em que cria um curioso elo com o personagem de Barkhad Abdi. A última cena dele no filme é uma das melhores da carreira do ator.
Apesar da lista de 2014 de Melhor Ator ter sido das melhores dos últimos anos, “Trapaça” não ser um grande filme como dos outros concorrentes e também perder na comparação com “Capitão Phillips”, me faz trocar o Christian Bale pelo Tom Hanks.
EM 2021…
Agora, em 2021, Tom Hanks deve ficar fora novamente do Oscar por “Relatos do Mundo”.
Neste filme já disponível na Netflix, ele interpreta um leitor das notícias de jornais pelos EUA do século XIX. No caminho, ele encontra uma garota recuperada de uma tribo indígena e fica com a missão de levá-la até o que sobrou da família dela.
Não é o melhor trabalho da carreira do Tom Hanks ainda que eu prefira a atuação dele em vez do Gary Oldman, de “Mank”, que deve acabar ficando com uma das vagas no Oscar.