Jessica Chastain é a grande vencedora do Oscar 2022 de Melhor Atriz. A estrela de “Os Olhos de Tammy Faye” conquista a primeira estatueta da carreira em uma corrida que foi das mais imprevisíveis dos últimos anos. 

Em setembro após o Festival de Veneza, Kristen Stewart assumiu o posto de favorita para levar a categoria pelo elogiado desempenho em “Spencer” com a Penélope Cruz, de “Mães Paralelas” ali na cola. Depois, surgiu a Nicole Kidman, de “Apresentando os Ricardos”, dominando o cenário ao vencer o Globo de Ouro e todo hype de interpretar Lucille Ball, uma das maiores estrelas de todos os tempos da televisão norte-americana. E, claro, a Lady Gaga que foi nomeada para todas as principais prévias do Oscar. 

E aí entrou Jessica Chastain: a atriz não apenas sempre esteve no radar como saiu vencedora do SAG. O evento do Sindicato dos Atores, aliás, tornou-se o principal norte do Oscar pelas cinco nomeadas não terem sido selecionadas para o Bafta. A conquista do Critics Choice consolidou este cenário. 

O prêmio de Melhor Atriz serve para consolidar velhas tradições do Oscar: a Tammy Faye de Chastain é puro suco de Oscar bait. A maquiagem pesada para proporcionar uma transformação visual que modifica os traços que sempre conhecemos da estrela em questão é um fraco da Academia.

Cinebiografia também nunca pode faltar repetindo o feito de Renée Zellweger com “Judy”, Meryl Streep de “A Dama de Ferro”, Marion Cotillard por “Piaf” e Nicole Kidman com “As Horas”. E a campanha ostensiva a ponto de querer reforçar a posição de vítima da polêmica religiosa chegando a ponto de contar com o apoio da mesma demonstra continuar sendo efetiva. 

Nem chego a desgostar do trabalho da Chastain em “Tammy Faye” por achar que ela consegue trazer uma pitada de ironia e humor para aquele mundo kitsch sem transformar o longa em um dramalhão completo. Também reconheço a grande atriz que ela é, além do importante papel dentro do #MeToo e da própria indústria em relação à valorização da mulher. 

Por outro lado, sinto preguiça destes maneirismos e receitas típicas do Oscar para que as estrelas de Hollywood, finalmente, vençam o prêmio. Resta lamentar vermos a Olivia Colman com sua personagem complexa e desafiadora em “A Filha Perdida” e até mesmo uma interpretação como de Kristen Stewart fora do comum das cinebiografias tradicionais em “Spencer” sem chances de serem premiadas. 

Mas, isso aí é o Oscar com suas qualidades e defeitos.