A derrota no Globo de Ouro e a esnobada no SAG colocaram a Kristen Stewart em perigo na corrida para o Oscar.

De favorita absoluta ao prêmio, agora, a estrela de “Spencer” corre o risco até de ficar fora da lista de indicadas a Melhor Atriz. 

Com minha grande influência na Academia como todos sabemos, farei a defesa da indicação da Kristen Stewart ao Oscar 2022 e as razões de ser um erro esnobá-la. 

FIM DOS ESTIGMAS 

A Kristen Stewart, assim como o Robert Pattinson, ainda sofre com os estigmas da era “Crepúsculo”, onde tiveram atuações realmente sofríveis como Bella Swan e Edward Cullen. 

Praticamente 10 anos depois do fim da saga da Stephanie Meyer, ainda há aqueles que insistem em querer definir a carreira da Kristen com aquela referência. Porém, a atriz se mostrou muito maior do que isso desde o fim de “Crepúsculo”. 

Crítica: Acima das Nuvens

Após uma boa atuação em “Na Estrada”, ela brilhou em “Acima das Nuvens”, parceria com o diretor François Ozon e a incrível Juliette Binoche. Pelo longa, Kristen Stewart se tornou a primeira atriz norte-americana a ganhar o César, prêmio máximo do cinema francês.

Depois emendou filmes com Kelly Reichardt (“Certas Mulheres”), Woody Allen (“Café Society“), Ang Lee (“Billy Lynn“) e novamente Ozon (“Personal Shopper“). Teve uma ótima atuação no fraco “Seberg Contra Todos”, é, de longe, o que há de mais interessante em “As Panteras” e atingiu a consagração com “Spencer”. 

Já que o Oscar leva em conta diversas outras questões para indicações além da atuação em si, acho que a Academia tem narrativa suficiente para reconhecer este grande momento da Kristen Stewart e faria um bem danado acabar com estas implicâncias, inclusive, na própria indústria. 

A RAZÃO DE SER DE “SPENCER” 

“Aí, Caio, mas, o Oscar tem que levar em conta a atuação em si e não estes históricos”. 

Ok, tudo bem, e este é mais um motivo para indicar a Kristen Stewart. 

A Princesa Diana de “Spencer” é uma mulher em completa angústia, sufocada naquele ambiente repressor da família real britânica, sendo colocada sempre em dúvida sobre o que sente e o que vive mesmo quando a realidade demonstra ser correto o que pensa.

Kristen Stewart exprime isso em uma espiral de desconforto a partir de uma atuação mais complexa do que a maioria das personagens biográficas típicas de temporada de premiação. 

Pode-se criticar “Spencer” pelos mais diferentes motivos, especialmente, por conta da direção inconsistente do Pablo Larraín (“Jackie”), o que levou o filme a perder força demais nesta temporada de premiações, porém, isso resvalar na Kristen Stewart seria uma injustiça tremenda.  

Até porque quantas atuações recentes foram indicadas ao Oscar por filmes piores? 

Andra Day, de “Os EUA Versus Billie Holiday”, Renée Zellweger, por “Judy”, e Jennifer Lawrence, de “Joy”, são grandes exemplos disso. 

TEMPORADA GRANDIOSA 

Eu já cheguei aqui a dizer várias vezes no canal como não acho injusta a derrota da Glenn Close para a Olivia Colman no Oscar 2019 se for levar em conta apenas a atuação em si.

Torna problemático aquele resultado, porém, a campanha da veterana até ali: a estrela de “A Esposa” havia vencido tudo até o tão aguardado prêmio da Academia e toda a expectativa gerada no público era para o fim do incômodo jejum.

Isso ajuda a compreender como dói aquele resultado até hoje e o ranço injusto que muitos até hoje ainda tem da Olivia Colman. 

Esnobar a Kristen Stewart no Oscar 2022 repetiria a mesma crueldade. 

Afinal de contas, ela está sendo apontada como nome certo na disputa de Melhor Atriz desde a exibição de “Spencer” no Festival de Veneza.

Durante a atual temporada de premiações, faturou 22 prêmios, foi indicada ao Globo de Ouro e Critics Choice. 

Ficar fora do Oscar seria pesado demais até por conta dela nunca ter sido indicada e possuir a esnobada inexplicável até hoje de “Acima das Nuvens”. 

COM QUEM ELA DISPUTA? 


A esnobada no SAG tirou a Kristen Stewart definitivamente do hall das garantidas em Melhor Atriz.

Atualmente, Lady Gaga, Jessica Chastain, Olivia Colman e a favorita Nicole Kidman ocupam este espaço. 

A disputa da estrela é contra outras quatro candidatas pela última vaga. 

Alana Haim, de “Licorice Pizza”, e Rachel Zegler, por “Amor, Sublime Amor”, contam com a força dos respectivos filmes na temporada de premiações em relação a “Spencer” cada vez mais no fundo do poço. Também pode jogar a favor delas terem personagens mais cativantes e mais fáceis de serem abraçadas pelo público do que a angustiada Princesa Diana de Stewart.

Já Penélope Cruz traz todo seu prestígio de ganhadora do Oscar aliado ao prêmio de Melhor Atriz em Veneza, enquanto Jennfer Hudson, também oscarizada, interpreta Aretha Franklin no tradicional e amado filão das cinebiografias. 

Ainda que mantenha minhas fichas na indicação da Kristen Stewart, Rachel Zegler é um nome que vejo com grandes chances de ficar com esta quinta vaga. 

SALVAÇÃO OU FIM DA LINHA? 

 

O Bafta pode servir para dar um parâmetro de como a Kristen Stewart chegará ao Oscar. As nomeações ao principal prêmio britânico acontecem no dia 3 de fevereiro, dois depois do fim das votações para as indicações ao prêmio da Academia. 

Caso ela apareça entre as nomeadas, haverá esperanças de que a estrela de “Spencer” seja indicada.

Para vencer, entretanto, terá que superar a Olivia Colman, de “A Filha Perdida”, atual queridinha dos britânicos. Se conseguir, sonha com o milagre de ser a primeira fora do SAG a levar Melhor Atriz no Oscar. 

Agora, se ela for esnobada no Bafta mesmo interpretando a Princesa Diana, aí, amigos, desistam: Kristen Stewart estará fora do Oscar. 

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