De “O Diário de Bridget Jones” a “A Voz Suprema do Blues”, Caio Pimenta analisa da pior à melhor indicação da carreira de Viola Davis e Renée Zellweger.

4. JUDY 

A indicação mais fraca da carreira de Renée Zellweger foi justamente a que rendeu a segunda estatueta. 

Interpretando Judy Garland, a atriz é o grande destaque do fraco filme dirigido por Rupert Goold.

Ela constrói bem uma estrela de Hollywood cansada, mas, capaz de encantar todos ao seu redor seja pela nostalgia ou pelo carisma.

A sequência final do show vale é brilhante. 

Apesar de preferir a Scarlett Johansson, de “História de um Casamento”, e ser um Oscar bait típico, não considero absurda esta vitória da Renée.

Afinal, se não é ela ali, este filme seria um desastre completo. 

3. CHICAGO

Em 2003, a Renée Zellweger foi indicada ao Oscar pelo ganhador daquele ano. 

Como Roxie Hart em “Chicago”, a atriz conduz uma personagem que conquista o público pela sagacidade e rapidez de pensamento para transformar situações complicadas em soluções para ela.

Canta e dança bem, arrasa no humor, ou seja, trabalho completo. 

Tudo bem, ela some diante da Catherine Zeta-Jones, mas, fez por merecer a indicação ao Oscar.

Porém, naquele ano, não tinha como superar a Nicole Kidman, de “As Horas”, até por conta da sensação de que chegara a hora de premiá-la. 

2. COLD MOUNTAIN 

A primeira vitória da Renée veio em 2004 na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante por “Cold Mountain”. 

A texana injeta energia no insosso filme do Anthony Minghella.

Tudo soa exagerado, acima do tom na interpretação dela amplificado pelo visual desgrenhado, porém, é justamente isso que faz a produção sair da letargia, oferecendo oportunidade para todos que contracenam com ela crescerem. 

A Renée Zellweger sobrou na categoria; não havia nenhuma candidata com força suficiente para impedir esse resultado. 

1. O DIÁRIO DE BRIDGET JONES

O Diário de Bridget Jones 2: No Limite da Razão

No primeiro lugar, a primeira indicação da Renée Zellweger ao Oscar. 

O Diário de Bridget Jones” é a comédia romântica que dá os primeiros passos – ainda que tímidos – do feminismo no novo século.

Temos uma protagonista independente, dividida, mas, não dependente entre seus dois amores, disposta a levar a vida em sua plenitude e lidando de forma franca com os dilemas da mulher dos dias atuais.

Renée é a personificação disso trazendo leveza, humor e inteligência para a personagem. 

A derrota acabou sendo para a conquista histórica da Halle Berry, por “A Última Ceia”, primeira e única mulher negra até agora a vencer o Oscar de Melhor Atriz. 

4. HISTÓRIAS CRUZADAS 

Chegou a hora da Viola Davis que tem a indicação mais fraca da carreira justamente pelo filme mais popular dela. 

No contestado “Histórias Cruzadas”, ela interpreta uma das empregadas domésticas com suas vidas modificadas graças aos textos feitos pela Emma Stone.

Apesar dos muitos problemas do filme, a Viola não é um deles; pelo contrário, a raiva e indignação crescente da personagem cresce ao longo da trama, sendo uma representante nossa do lado de lá em relação aos absurdos de uma sociedade racista. 

A Viola chegou a vencer o SAG 2012, porém, sucumbiu no Oscar para a Meryl Streep, de “A Dama de Ferro”. 

3. A VOZ SUPREMA DO BLUES 

Aqui, começam os grandes trabalhos da Viola Davis. 

Em 2021, ela foi nomeada a Melhor Atriz pelo desempenho estupendo em “A Voz Suprema do Blues”.

Interpretando a cantora Ma Rainey, Viola encara a indústria racista da música nos seus últimos momentos de poder enquanto sabe que está prestes a ser deixada de lado por aqueles que a bajulam.

A maquiagem pesada realça o cansaço da personagem de toda aquela pressão e luta em vão para ser valorizada. 

O filme se repetiu nove anos depois com a Viola Davis ganhando o SAG, mas, perdendo o Oscar para a Frances McDormand, de “Nomadland”. 

2. UM LIMITE ENTRE NÓS 

A merecida e até hoje única estatueta da Viola Davis veio na cerimônia de 2017. 

Ao lado do Denzel Washington, a atriz tem um desempenho brilhante em “Um Limite Entre Nós”.

A personagem da Viola tem a difícil missão de ser a responsável por unir a complicada família, mas, também não abre mão de se impor quando necessário.

Somente a cena da discussão com o marido fazia por merecer a estatueta. 

Foi uma fraude de categoria? Sem dúvida, mas, não há menor sombra de dúvidas de que já passava da hora deste Oscar ir para ela. 

1. DÚVIDA

Bastam duas cenas para a atuação em “Dúvida” ser a melhor indicação da carreira da Viola Davis. 

A conversa entre a personagem dela, mãe de um dos garotos supostamente vítima de abuso sexual, com a freira vivida pela Meryl Streep define todo o longa. Afinal, todos os debates até ali são colocados em outra perspectiva, realçando a complexidade daquela tragédia em todos os sentidos.

A forma como Viola expõe com clareza aquela realidade carrega angústia, tristeza, mas, também, um certo alívio de poder falar o que sente e de saber que, apesar dos pesares, o filho, de alguma forma, está em situação melhor do que se estivesse em casa. 

Em 2009, o Oscar de Atriz Coadjuvante foi parar nas mãos da Penélope Cruz, de “Vicky Cristina Barcelona”, um resultado que, ainda que não seja absurdo, poderia ter sido outro a favor da Viola Davis. Seria excepcional. 

AS MAIORES ESNOBADAS – “A ENFERMEIRA BETTY” E “VOLTANDO A VIVER” 

Se a Viola Davis praticamente não tem esnobadas gritantes, a Renée Zellweger tem uma difícil de aceitar. 

Em 2001, a Renée chegou a vencer o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia/Musical por “A Enfermeira Betty”, porém, no Oscar, ficou de fora, perdendo a vaga para a Laura Linney, de ‘Conte Comigo”.

Já a Viola Davis poderia ter sido nomeada em 2003 no lugar da Kathy Bates por “Voltando a Viver”, primeira parceria nos cinemas com o Denzel Washington. 

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