O fenômeno “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” é, de fato, avassalador: Michelle Yeoh supera Cate Blanchett e conquista o Oscar 2023 de Melhor Atriz. Esta é a primeira vez que uma intérprete de origem asiática vence a categoria.

Até hoje, as mulheres vindas do Oriente somente tinham conquistas atriz coadjuvante: foram os casos da Miyoshi Umeki, em “Sayonara”, na cerimônia de 1958, e da Youn Yuh-jung, por “Minari”, em 2021.    

O Oscar da Michelle Yeoh veio com muita emoção em um duelo contra a gigante Cate Blanchett, de “TÁR”.    

As duas venceram o Globo de Ouro – a australiana em Melhor Atriz de Drama e a malasiana em Comédia/Musical. No Critics, deu Blanchett assim como no Bafta. Porém, Yeoh começou a virar o jogo no SAG e, depois, o Spirit Awards. Inegável como a força de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” nesta reta final da temporada foi um fator decisivo, afinal, não faria sentido premiar a ficção científica em tantas categorias chaves e deixar de fora a protagonista, centro de todas as ações.    

Também pesa muito o reconhecimento da indústria com a Michelle Yeoh, uma atriz que saiu do mercado asiático, onde estrelou diversos filmes com o genial Jackie Chan, foi para os EUA e fez de tudo um pouco – de James Bond a “Memórias de uma Gueixa” passando por “A Múmia” e “Kung Fu Panda” até chegar a “Podres de Rico” e “Shang-Chi”. Esta persistência em não desistir mesmo quando Hollywood subestimava seu talento foi levada em conta neste reconhecimento pela Academia.   

Ainda assim, não nego minha tristeza pela derrota da Cate Blanchett por “TÁR”. Mesmo com uma série de grandes atuações ao longo de toda a carreira, aqui, considero ser o melhor trabalho da australiana nos cinemas. Certamente os cinéfilos e pesquisadores do Oscar no futuro irão se perguntar o que passou na cabeça da Academia em não a premiar.     

De qualquer modo, a Michelle Yeoh tem a melhor atuação vencedora da categoria desde a Frances McDormand, por “Três Anúncios para um Crime”.