De Michelle Williams em Melhor Atriz a escolhas duvidosas em Melhor Filme Internacional, Caio Pimenta apresenta a lista de surpresas precoces na temporada de premiações.

MICHELLE WILLIAMS EM MELHOR ATRIZ

Aconteceu aquilo que eu mais temia: a Michelle Williams irá concorrer ao prêmio de Melhor Atriz no Oscar 2023.

A Variety confirmou a informação nesta semana da decisão da Universal Pictures em colocá-la na categoria em vez de coadjuvante. 

Como disse no vídeo anterior, a concorrência em Melhor Atriz Principal está para lá de acirrada. 

Michelle Yeoh, de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” e a Cate Blanchett, por “TÁR”, são atualmente os nomes mais fortes da categoria. Ainda assim, não dá para descartar nomes como Naomi Ackie, de “I Wanna Dance With Somebody”, Danielle Deadwyler, por “Till”, Margot Robbie, em “Babilônia”, Olivia Colman, por “Empire of Light” e Viola Davis, de “A Mulher Rei”. 

Resumindo: concorrência acirradíssima. Já em atriz coadjuvante, a situação está muito, muito mais tranquila com a dupla de “Women Talking”, Claire Foy e Jessie Buckley, despontando com grandes chances.  

De resto, nomes não muito conhecidos como Nina Hoss, de “TÁR”, Stephanie Hsu, de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” ou veteranas como Jamie Lee Curtis, Jean Smart, por “Babilônia” e Laura Dern, de “The Son”. 

A escolha por Melhor Atriz pode ser uma crença da Universal Pictures em considerar que “Os Fabelmans” seja o grande favorito ao Oscar 2023 após a ótima repercussão em Toronto. Assim, a Michelle Williams se aproveitaria do embalo do longa somado à narrativa de ser uma atriz admirada por público, crítica e indústria sem estatueta. 

Por outro lado, acho esta confiança excessiva: estamos ainda em setembro e ainda há grandes filmes para chegar – “Babilônia”, do Chazelle, e “Avatar 2” são os principais. O drama do Spielberg pode sim fazer uma trajetória similar a “Nomadland”, ganhando um prêmio atrás do outro, porém, pode estagnar igual ocorreu com “Belfast”. Uma decisão tão forte assim me parece precipitada. 

Além disso, a personagem da Michelle Williams não chega a ser a ‘protagonista’ de “Os Fabelmans”, o que pode pesar na hora de uma escolha mais apertada. Claro que isso não impediu, por exemplo, a Olivia Colman, em “A Favorita”, de ser a vencedora, mas, nem sempre é uma estratégia acertada. 

Para mim, troca-se uma estatueta certa para uma dúvida até mesmo na indicação. 

SURPRESAS INTERNACIONAIS 

Entre os mais de 100 países que submetem filmes para o Oscar, é normal que escolhas equivocadas aconteçam. Certas decisões, porém, ultrapassam qualquer sentido lógico, só restando a incredulidade. 

O título de seleção nada a ver da temporada deste ano certamente ficará com a Índia. O país indicado apenas três vezes para a categoria tinha a grande possibilidade de retornar à festa com “RRR”, insano épico de 3h de duração que passeia por diversos gêneros. A produção se tornou um hit mundial ao ser exibido na Netflix com elogios gerais. 

A Índia ignorou tudo isso e ficou com “Last Film Show”, do Pan Nalin. A surpresa foi tanta que os produtores de “RRR” nos EUA prometeram fazer uma campanha pesada para conseguir emplacar a superprodução nas demais categorias do Oscar. Talvez tenha chances nas áreas técnicas; mais do que isso, seria um milagre. 

Outra surpresa veio da Islândia, onde “Godland”, um dos filmes mais elogiados dos festivais de Toronto e Telluride, perdeu a vaga para “Beautiful Beings”. 

Melhor para “Argentina, 1985”, o belga “Close”, o dinamarquês “Holy Spider”, o sul-coreano “Decision to Leave” e até mesmo para “Bardo”, o contestado longa do Alejandro González Iñarritu. 

RETORNO DO GLOBO DE OURO 

O Globo de Ouro está de volta! Não que ele tenha deixado de existir, mas, estava esvaziado nos últimos dois anos por conta dos escândalos envolvendo a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood, organizadora da festa. Para você relembrar a polêmica, deixo na descrição um vídeo em que recordo todos os problemas do evento. 

A NBC, entretanto, resolveu resgatar a festa do limbo e acertou um acordo com duração de um ano para a exibição na TV norte-americana. O Globo de Ouro 2023 está previsto para acontecer no dia 10 de janeiro, uma terça-feira. 

Recentemente, a Associação de Imprensa Estrangeira anunciou a entrada de 103 novos membros, alguns brasileiros inclusive. Entre eles, a Isabel Wittmann do podcast “Feito por Elas”. A expectativa é que esta renovação permita menos absurdos entre os indicados e um pouco mais de ousadia, além de um olhar internacional maior. 

De qualquer modo, me soa tão repetitivo e uma falta de criatividade tremenda da indústria como um todo precisar de um evento tão questionável como o Globo de Ouro para promover seus filmes e estrelas. Que a temporada de premiações é uma indústria lucrativa para todos os envolvidos isso todo mundo sabe, mas, chega a dar uma impressão de desespero resgatar um evento que poderia ter acabado sem problema algum.